domingo, abril 05, 2009

Crime soviético nos países bálticos

60 anos atrás, no fim do mês do Março de 1949, a URSS começou a deportação em massa dos cidadãos dos Países Bálticos ocupados – Letónia, Lituânia e Estónia para a Sibéria.

Operação “Priboi” (Preia-mar) foi amplamente relembrada nos Países Bálticos, enquanto na Rússia apenas a sociedade “Memorial” teve a coragem de recordar essa tragédia. Durante as comemorações da deportação ressurgiu o nome do Arnold Meri, em 1949, o primeiro secretário do comité central da liga comunista (Komsomol) da Estónia, que participou activamente na deportação dos 250 moradores da ilha de Hiiumaa para a Sibéria. A legislação da Estónia considera que os semelhantes actos não tem a data de expiração. O presidente russo Medvedev condecorou ao título póstumo Arnold Meri com a “Ordem do Mérito”...

Nos estúdios da Rádio Europa Livre / Rádio Liberdade em Praga reuniram-se o jornalista Dmitriy Volchek, a historiadora russa Elena Zubkova (autora do livro “Báltico e o Kremlin”) e via telefone da Riga, o chefe dos programas científicos do Museu da Ocupação da Letónia, Professor Heinrihs Strods.

Elena Zubkova: Primeira operação de deportação em massa dos Países Bálticos iniciou-se (pelos soviéticos) em 1941, apenas uma semana antes do início da guerra germano – soviética. Em 1945 as deportações continuavam, principalmente na Lituânia. Uma grande operação chamada “Vesna” (Primavera) teve o lugar na Primavera de 1948, quando da Estónia para a Sibéria foram deportados cerca de 40 mil pessoas (dados parciais).

Pelos dados do NKVD / MGB, dos Países Bálticos durante a operação “Priboi” foram deportados cerca de 100.000 pessoas. Em Janeiro de 1949 foi aprovado uma deliberação secreta do Conselho dos Ministros da URSS chamada “Sobre a deportação da Lituânia, Letónia, Estónia as famílias dos kulaks, colaboradores dos bandidos e outros”. Depois foram criadas as listas dos deportados, preparados os comboios e camiões.

Heinrihs Strods: Em 2007 o Museu da História Nacional da Letónia publicou a lista dos deportados – 44.271 pessoas. Durante a viagem morreram 220 pessoas, geralmente crianças e idosos com mais de 80 anos. Entre os deportados 95% eram letões, embora estes constituíam em 1949 menos de 50% da população da Letónia. Apenas um membro do partido comunista foi deportado, mas três dias depois voltou à república. 156 membros do Komsomol (a juventude comunista) foram deportados junto com os seus pais.

O Parlamento da Letónia decidiu que dia 25 de Março de cada ano será o Dia da Memória das Vítimas do Genocídio Comunista, até agora no país seis pessoas foram julgados por crimes do genocídio, incluindo o ex-chefe da KGB da Letónia soviética, Alfons Noviks.

Dmitriy Volchek: Queria citar alguns detalhes do caso criminal do Arnold Meri. Com a sua colaboração foram deportados 13 idosos, com idades superiores a 75 anos, 11 dos quais morreram e mais de 60 crianças, menores de 12 anos. Meri nem os bebés poupava, assim apesar dos protestos do medico russo, ele levou a jovem Õie Ojaäär de 22 anos da maternidade para a deportação. A sua filha recém – nascida morreu na Sibéria um ano e meio mais tarde.

Quero lembrar que no fim de 1951 Meri foi expulso do partido, foi lhe retirado o título do Herói da União Soviética e outras condecorações. O comité central do PCUS achou que o seu papel na deportação dos estónios para a Sibéria foi passivo de mais...

Elena Zubkova: Com a morte do Stalin começou o processo de repatriamento das pessoas deportadas. Em 1955 são preparados os primeiros documentos, mas praticamente até 1958 o poder não consegui decidir como isso deve ser feito. Muito dependia dos líderes comunistas das repúblicas Bálticas. Na Letónia e Estónia essa questão teve o desfecho favorável aos deportados, foi decidido que todos que desejam podem voltar. Na Letónia, o poder local era contrário, argumentando que os deportados são gente politicamente duvidosa, até inimigos, e que o seu retorno pode destabilizar a situação da república. O primeiro secretário do PCUS da Letónia, Arvīds Pelše exigia constantemente ao Moscovo o aumento do número dos efectivos do NKVD / MGB ou da polícia, motivando os seus pedidos com o facto de não saber como lidar com os nacionalistas, que voltaram do exílio siberiano.

Dmitriy Volchek: Professor Strods, eu sei que o seu pedido do visto russo foi negado. Pode explicar como e porque isso aconteceu e se existe a possibilidade de você visitar a Rússia?

Heinrihs Strods: Em 1994 eu trabalhei em Moscovo no Arquivo militar, onde estudei os documentos da operação “Priboi”. Eu viajei pela Rússia, trabalhando com os materiais sobre os partisanes soviéticos, partisanes nacionais. Mas em 2007 o meu pedido do visto foi recusado sem nenhuma explicação.

Fonte:
http://origin.svobodanews.ru/content/transcript/1563949.html

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