Prof. Ms. Odinei Fabiano Ramos
Doutorando em História – UNESP – Franca
Para a formulação de uma fronteira étnica e identitária é necessário que seja estabelecido um padrão ideal que fundamente e legitime o quadro social e cultural de um grupo. Esse padrão ideal pode ser legitimado através dos usos e costumes, das representações coletivas, da criação de estereótipos, enfim, daquilo que as coletividades trazem como tradicional. Cada grupo estabelece seu próprio tipo ideal e através dele forma representações preconceituosas daqueles que não compartilham de seu modelo de interação e de convivência.
Vale lembrar que essas representações são consideradas preconceituosas por aqueles que não fazem parte do grupo, pois os componentes desse grupo fazem valer seus processos de identificação, pois desse modo acreditam que estarão resguardando seus valores tradicionais.
A partir dessas representações, que compõem um imaginário coletivo, é que as coletividades (re)montam a imagem do “outro” que, como diferente, deve ser tratado como tal. Essa afirmação pode ser percebida no município de Prudentópolis onde grupos que nunca haviam se encontrado (pelo menos não nessa geração) se hostilizam, apropriando-se de um imaginário criado em terras européias, imaginário esse que será reascendido com a presença do “outro”. Essa manifestação de desprezo pelo “outro” nem sempre ocorreu de maneira agressiva, pelo menos não através do contato físico, não sendo raras as vezes que ucranianos foram vistos “atracados” com poloneses e brasileiros. Ela, muitas vezes, podia ser percebida em gestos, termos pejorativos, causos, recusas de ajuda, utilização da língua estrangeira, enfim, todos os meios que possam distanciar, ou pelo menos, diferenciar o “outro”.
Para analisarmos a formulação da identidade prudentopolitana, temos que buscar informações lá na base de sua estrutura, pois é a partir dessas informações que podemos identificar o sistema simbólico criado para a manutenção da(s) fronteira(s), pois é a partir desse sistema simbólico que será criado/transformado o imaginário social prudentopolitano que servirá de base para a disputa identitária. Esse imaginário social pode se expressar de diversas maneiras, mas deve ser caracterizado como sendo comum à sociedade. Esse artigo se divide em três partes: na primeira poderemos vislumbrar a “dificuldade” de ser polonês e brasileiro entre os ucranianos que, como maioria, tentam manter o predomínio do imaginário criado na região. Parece estranha essa composição de “brasileiros” e poloneses, pois o comum seria vermos os receptores manterem um distanciamento dos que chegaram e não se “unir” com um dos grupos. Lembramos que no município de Prudentópolis, poloneses e “brasileiros” são minoria e como tal “lutam” juntos contra a hegemonia ucraniana. Num segundo momento veremos a situação inversa, visto que os ucranianos também se vêem perseguidos pelos poloneses e brasileiros, muitas vezes unidos num mesmo propósito. Num terceiro momento, veremos as transformações e as permanências dentro do quadro cultural desses grupos, pois deste modo poderemos ver quem foi o levou vantagens nessa batalha pelo “poder” em Prudentópolis, se é que podemos dizer que houve vencedor.
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