Presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, concedeu a entrevista ao jornal russo «Kommersant – Ucrânia» (bureão de Kyiv), onde fala sobre a sua concordância em diminuir o prazo do seu mandato, o seu apoio a ideia das eleições presidenciais e parlamentares simultâneas e antecipadas. A entrevista é conduzida pelos jornalistas do “Kommersant”, Sergey Sidorenko e Vladimir Solovióv.
— Senhor Presidente, o Senhor anteriormente declarou em diversas ocasiões sobre a impossibilidade de realização das eleições parlamentares e presidenciais simultâneas antepassadas, e agora apoia esta ideia. O que mudou?
— As eleições antecipadas não são uma tragédia. Falei sobre este um ano e dois anos atrás, e agora, também, porque a Verkhovna Rada (Parlamento ucraniano) para nós é uma fonte constante de crise. Mas a realização das eleições parlamentares para mim não é um fim em si mesmo. Mais importante é evitar no novo Parlamento os erros antigos. Agora no Parlamento se trava a luta entre os dois grandes partidos. Um deles vai fazer todo para impedir o financiamento das eleições, porque está satisfeito com o sistema que já existe no parlamento — a ausência da maioria. Outra força política está consciente de que ela tem de três a quatro semanas para ganhar o poder legitimamente, através das eleições antecipadas. Dei um estímulo ao Parlamento para eleições antecipadas – concordei com as eleições presidenciais antecipadas. Mas pôs a condição de que as eleições parlamentares, terão se realizar com um princípio novo. Para isso, se podem diminuir os restantes meses do meu mandato como o chefe de Estado, porque tais eleições podem trazer para o Parlamento uma qualidade nova e estabilidade.
— Mesmo no final do ano passado, o Senhor reconheceu que não esperava a aumentar sua popularidade. Varias vezes aceitava o facto de que os temas defendidos pelo Senhor, incluindo o Holodomor e a OTAN, não adicionariam a sua popularidade dentro dos próximos anos. Nós citamos ao Senhor correctamente?
— Sim, absolutamente. Mas há coisas que estão fora das noções convencionais da política. Hoje, a nação precisa estadistas que vão dizer o que eu digo agora. Talvez as pessoas hoje não entendem. Talvez, mesmo após cinco anos eles não vão entender. Mas o tempo virá, e que eles voltem! Tenho uma lógica simples — para fazer do povo a Nação, deveríamos falar sobre a História. Devemos lembrar que temos uma língua materna, o hino nacional, que devemos respeitar e cantar, que devemos respeitar a nossa bandeira. Pelo menos uma pessoa no país deve falar sobre isso, gostem outros ou não gostem. Digo isto como Presidente. E vocês me propõem que eu diga ao povo coisas doces que irão aumentar minha classificação.
— Está com medo de que com a chegada de um outro presidente irá se reverter a democratização da sociedade?
— Isso não é um problema meu. Este é o seu problema! O problema de você e do resto dos 47 milhões de ucranianos. Sinto muito que o trato por "você" só quero que me entende cada pessoa que vai ler essa entrevista. Se você acredita que existe um modelo melhor — por favor. Eu já me sacrifique suficiente para atingir os valores em que eu acredito! Já quatro anos falava sobre estes valores e vou falar o quinto ano também. Se Deus quiser vou falar no sexto, e no sétimo, no décimo. Eu não tenho a tarefa de agradar a Nação. Pense, eu tenho 55 anos, era o chefe do Banco Central, foi o Primeiro-Ministro. Tenho alguns princípios com que vou morrer. Independentemente de saber se o povo vai me entender ou não, vou falar de gerações de ucranianos torturados, atormentados. Neste é a missão do Presidente da Ucrânia. Vocês sabem, eu nunca tinha sido e não vou ser o “hohol”, nunca foi e nunca vou ser o “maloros” (palavras pejorativas que os russos usam para humilhar os ucranianos). Se precisar tomar uma segunda dose de dioxinas, vou fazê-lo, não me importo. Eu tenho cinco filhos, e quero ter a oportunidade de dizer lhes "Eu entrego a vocês a Ucrânia melhor do que eu recebi".
— Durante o tempo da sua cadência, Kyiv e Moscovo ainda não construíram bons relacionamentos políticos. O Senhor não podia fazê-lo, nem com Vladimir Putin, nem com Dmitry Medvedev. O que impediu?
— A Rússia é um grande país que pode e deve ser ter a liderança em muitas questões geopolíticas. Naturalmente, ela tem uma visão da política externa. Em Moscovo dizem que a Ucrânia é uma zona de especial interesse da Rússia. Mas, na Ucrânia essa terminologia não é compreendida. Quanto às nossas relações bilaterais, lhes falta o pragmatismo. Constatamos uma politização profunda. Acredito que de melhor maneira as relações se reforçam através dos laços económicos e comerciais. O dever dos políticos dos dois estados é fazer que as empresas possam comunicar-se livremente. Ainda em 1993, para reforçar as relações económicas, foi assinado o acordo sobre a uma zona de comércio livre. Hoje é 2009, passou 16 anos. A Ucrânia ratificou o documento logo após a assinatura. A Rússia ainda não tenha feito isso.
— O seu desejo alistar-se à OTAN, que a sociedade recebe sem entusiasmo, também provoca irritação de Moscovo. Qual é essa necessidade?
— Este é o princípio. Precisamos entender como é importante o papel da segurança na construção de um estado independente. Ao longo dos últimos 90 anos, os ucranianos proclamaram a independência do seu estado seis vezes. Pensem bem, seis vezes — nenhuma nação na Europa tem essa experiência!
— O Senhor acredita que, ficando fora da NATO, a Ucrânia pode perder a independência?
— Eu quero que vocês entendam o meu raciocínio. Das seis tentativas para a independência da Ucrânia, cinco falharam. Normalmente, este se deveu os factores externos. Claro que, ajudou muito a quinta coluna no país. Então, não quero, que nós perdemos a independência a sexta vez. Olhe para a Europa. Nenhum país na Europa, excluindo a Rússia, vá pelo caminho de política de auto-segurança. Todos entenderam, que a única forma de garantir sua própria segurança é a participação em um modelo de segurança colectiva. Outro modelo não é considerado nem na Áustria ou nos países nórdicos ou na Suíça. Existem diferenças nos pormenores – porque um país se aderiu formalmente ao bloco, enquanto outras não. Mas isto não significa que esses países estão contra o modelo de segurança colectiva! De um ou outro modo, todos eles estão sob a protecção do sistema. Agora tomamos um exemplo das últimas páginas da Historia, olhemos aos países do Leste da Europa desde os países Bálticos com os quais em conjunto construímos o socialismo desenvolvido. Ao declarar a independência, o primeiro passo que eles fizeram, estava ligado com o sistema de segurança colectiva.
Fonte:
"Kommersant – Ucrânia" № 66 de 15/04/2009
Tradução integral da Embaixada da Ucrânia no Brasil & correcção JNW:
http://www.ucrania.org.br/asp10/artigos/artigos_view2.asp?cod=192
— As eleições antecipadas não são uma tragédia. Falei sobre este um ano e dois anos atrás, e agora, também, porque a Verkhovna Rada (Parlamento ucraniano) para nós é uma fonte constante de crise. Mas a realização das eleições parlamentares para mim não é um fim em si mesmo. Mais importante é evitar no novo Parlamento os erros antigos. Agora no Parlamento se trava a luta entre os dois grandes partidos. Um deles vai fazer todo para impedir o financiamento das eleições, porque está satisfeito com o sistema que já existe no parlamento — a ausência da maioria. Outra força política está consciente de que ela tem de três a quatro semanas para ganhar o poder legitimamente, através das eleições antecipadas. Dei um estímulo ao Parlamento para eleições antecipadas – concordei com as eleições presidenciais antecipadas. Mas pôs a condição de que as eleições parlamentares, terão se realizar com um princípio novo. Para isso, se podem diminuir os restantes meses do meu mandato como o chefe de Estado, porque tais eleições podem trazer para o Parlamento uma qualidade nova e estabilidade.
— Mesmo no final do ano passado, o Senhor reconheceu que não esperava a aumentar sua popularidade. Varias vezes aceitava o facto de que os temas defendidos pelo Senhor, incluindo o Holodomor e a OTAN, não adicionariam a sua popularidade dentro dos próximos anos. Nós citamos ao Senhor correctamente?
— Sim, absolutamente. Mas há coisas que estão fora das noções convencionais da política. Hoje, a nação precisa estadistas que vão dizer o que eu digo agora. Talvez as pessoas hoje não entendem. Talvez, mesmo após cinco anos eles não vão entender. Mas o tempo virá, e que eles voltem! Tenho uma lógica simples — para fazer do povo a Nação, deveríamos falar sobre a História. Devemos lembrar que temos uma língua materna, o hino nacional, que devemos respeitar e cantar, que devemos respeitar a nossa bandeira. Pelo menos uma pessoa no país deve falar sobre isso, gostem outros ou não gostem. Digo isto como Presidente. E vocês me propõem que eu diga ao povo coisas doces que irão aumentar minha classificação.
— Está com medo de que com a chegada de um outro presidente irá se reverter a democratização da sociedade?
— Isso não é um problema meu. Este é o seu problema! O problema de você e do resto dos 47 milhões de ucranianos. Sinto muito que o trato por "você" só quero que me entende cada pessoa que vai ler essa entrevista. Se você acredita que existe um modelo melhor — por favor. Eu já me sacrifique suficiente para atingir os valores em que eu acredito! Já quatro anos falava sobre estes valores e vou falar o quinto ano também. Se Deus quiser vou falar no sexto, e no sétimo, no décimo. Eu não tenho a tarefa de agradar a Nação. Pense, eu tenho 55 anos, era o chefe do Banco Central, foi o Primeiro-Ministro. Tenho alguns princípios com que vou morrer. Independentemente de saber se o povo vai me entender ou não, vou falar de gerações de ucranianos torturados, atormentados. Neste é a missão do Presidente da Ucrânia. Vocês sabem, eu nunca tinha sido e não vou ser o “hohol”, nunca foi e nunca vou ser o “maloros” (palavras pejorativas que os russos usam para humilhar os ucranianos). Se precisar tomar uma segunda dose de dioxinas, vou fazê-lo, não me importo. Eu tenho cinco filhos, e quero ter a oportunidade de dizer lhes "Eu entrego a vocês a Ucrânia melhor do que eu recebi".
— Durante o tempo da sua cadência, Kyiv e Moscovo ainda não construíram bons relacionamentos políticos. O Senhor não podia fazê-lo, nem com Vladimir Putin, nem com Dmitry Medvedev. O que impediu?
— A Rússia é um grande país que pode e deve ser ter a liderança em muitas questões geopolíticas. Naturalmente, ela tem uma visão da política externa. Em Moscovo dizem que a Ucrânia é uma zona de especial interesse da Rússia. Mas, na Ucrânia essa terminologia não é compreendida. Quanto às nossas relações bilaterais, lhes falta o pragmatismo. Constatamos uma politização profunda. Acredito que de melhor maneira as relações se reforçam através dos laços económicos e comerciais. O dever dos políticos dos dois estados é fazer que as empresas possam comunicar-se livremente. Ainda em 1993, para reforçar as relações económicas, foi assinado o acordo sobre a uma zona de comércio livre. Hoje é 2009, passou 16 anos. A Ucrânia ratificou o documento logo após a assinatura. A Rússia ainda não tenha feito isso.
— O seu desejo alistar-se à OTAN, que a sociedade recebe sem entusiasmo, também provoca irritação de Moscovo. Qual é essa necessidade?
— Este é o princípio. Precisamos entender como é importante o papel da segurança na construção de um estado independente. Ao longo dos últimos 90 anos, os ucranianos proclamaram a independência do seu estado seis vezes. Pensem bem, seis vezes — nenhuma nação na Europa tem essa experiência!
— O Senhor acredita que, ficando fora da NATO, a Ucrânia pode perder a independência?
— Eu quero que vocês entendam o meu raciocínio. Das seis tentativas para a independência da Ucrânia, cinco falharam. Normalmente, este se deveu os factores externos. Claro que, ajudou muito a quinta coluna no país. Então, não quero, que nós perdemos a independência a sexta vez. Olhe para a Europa. Nenhum país na Europa, excluindo a Rússia, vá pelo caminho de política de auto-segurança. Todos entenderam, que a única forma de garantir sua própria segurança é a participação em um modelo de segurança colectiva. Outro modelo não é considerado nem na Áustria ou nos países nórdicos ou na Suíça. Existem diferenças nos pormenores – porque um país se aderiu formalmente ao bloco, enquanto outras não. Mas isto não significa que esses países estão contra o modelo de segurança colectiva! De um ou outro modo, todos eles estão sob a protecção do sistema. Agora tomamos um exemplo das últimas páginas da Historia, olhemos aos países do Leste da Europa desde os países Bálticos com os quais em conjunto construímos o socialismo desenvolvido. Ao declarar a independência, o primeiro passo que eles fizeram, estava ligado com o sistema de segurança colectiva.
Fonte:
"Kommersant – Ucrânia" № 66 de 15/04/2009
Tradução integral da Embaixada da Ucrânia no Brasil & correcção JNW:
http://www.ucrania.org.br/asp10/artigos/artigos_view2.asp?cod=192
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