terça-feira, maio 14, 2024

Os campos de Canada onde os ucranianos foram presos durante a I G.M.

A maioria dos canadenses pouco sabe dos cemitérios que podem ser encontrados nos campos de internamento onde os ucranianos foram presos durante a Primeira Guerra Mundial, diz um importante especialista nesse capítulo da história canadense. 

“Ainda há ucranianos enterrados na floresta boreal. Se você quiser falar sobre sepulturas não marcadas em áreas rurais que ninguém conhece, nós temos as nossas”, disse o Dr. Lubomyr Luciuk durante o lançamento de seu livro Lest They Forget, co-patrocinado pela Associação Profissional e Empresarial Ucraniana Canadense de Edmonton e a Liga dos Canadenses Ucranianos no Complexo de Unidade Juvenil Ucraniana em Edmonton. 

O livro é uma compilação de editoriais de opinião publicados sobre o tema da reparação das primeiras operações nacionais de internamento do Canadá de 1914-1920. 

Estas operações viram membros de famílias ucranianas separados e os seus bens confiscados e vendidos. Milhares de homens ucranianos foram enviados para campos de internamento e anos de trabalhos forçados nas regiões selvagens do Canadá. Alguns argumentaram que os programas de desenvolvimento de infra-estruturas que receberam mão-de-obra ucraniana “gratuita” beneficiaram o governo canadiano e os capitães da indústria a tal ponto que o internamento continuou durante dois anos após o fim da Primeira Guerra Mundial. 

O governo do Canadá considerava os ucranianos “estrangeiros inimigos”, já que a maioria deles vinha do que era então a Áustria-Hungria, com quem o Canadá estava em guerra. 

Cerca de 80.000 ucranianos tiveram de registar-se como “estrangeiros inimigos” e 8.579 homens e algumas mulheres e crianças, foram internados pelo governo canadiano. Eles prosseguem com esta política apesar das instruções britânicas para não o fazerem porque consideram “estrangeiros amigáveis”. 

Luciuk atribuiu a decisão do governo canadiano ao racismo inerente demonstrado em relação aos colonos ucranianos pela população em geral. 

Este episódio na história canadense foi amplamente ignorado pelos historiadores, mas um esforço conjunto da comunidade ucraniana para que ele fosse reconhecido resultou no estabelecimento do Fundo Canadense de Reconhecimento de Internamento da Primeira Guerra Mundial, no valor de US$ 10 milhões, sob a administração conservadora de Steven Harper. Este fundo utiliza os juros obtidos sobre esse montante para financiar projetos que comemoram a experiência de milhares de ucranianos e outros europeus internados entre 1914 e 1920 e de muitos outros que sofreram a suspensão das suas liberdades e liberdades civis. Os fundos são mantidos sob custódia da Fundação Ucraniana Canadense de Taras Shevchenko.

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