Chamada da “mártir de Joaquim Távora”, a professora Maria Aparecida Berushko que morreu em 1986, junto com oito crianças, na pequena escola onde lecionava, poderá agora ser proclamada a primeira santa ortodoxa da América LatinaPor: Wilan Santin
''Esta é uma história que faz arder meu coração''. É assim que a professora Maria Miskalo responde quando questionada sobre a sua sobrinha, a também professora Maria Aparecida Beruski, que morreu em 1986, junto com oito crianças da escola onde lecionava, na Colônia São Miguel, na cidade de Joaquim Távora, no estado de Paraná.
''Esta é uma história que faz arder meu coração''. É assim que a professora Maria Miskalo responde quando questionada sobre a sua sobrinha, a também professora Maria Aparecida Beruski, que morreu em 1986, junto com oito crianças da escola onde lecionava, na Colônia São Miguel, na cidade de Joaquim Távora, no estado de Paraná.
A tragédia foi manchete da FOLHA DE LONDRINA em 5 de Abril daquele ano, o dia seguinte ao acidente e ganhou destaque na imprensa brasileira. O fogo começou com a explosão de uma botija de gás, que era utilizado em um fogareiro, posicionado na única porta da escola, onde a própria professora fazia a sopa para o lanche das crianças.

''A escola era como se fosse um salão. De repente, a botija explodiu e as chamas se espalharam muito rapidamente. O calor era insuportável. Eu era um garoto muito ligeiro e consegui sair por uma pequena janela. Já do lado de fora, puxei outros colegas. Mas, infelizmente, não foram todos que conseguiram fugir'', relembra o agricultor Celso Leonel Carvalho. Na época, ele tinha 12 anos e foi a primeira das cinco crianças que conseguiram se salvar. Hoje, ele trabalha em uma propriedade rural, que fica a poucos metros de onde era a escola e guarda na memória os tristes cenas do acidente.
O clima foi de comoção na cidade de Joaquim Távora durante um bom tempo após a tragédia. Porém, para a família da professora morta, que deve se tornar uma santa da igreja ortodoxa, a emoção fala mais alto até hoje, tanto que a sua mãe, Ana Miskalo Beruski, não faz qualquer comentário sobre o assunto.
''Ela tinha 27 anos. Era uma pessoa muito bondosa. Amava seus alunos. Já faz algum tempo, mas para nós parece que a tragédia aconteceu ontem. Minha sobrinha deu a vida por seus alunos. Vendo o prédio pegar fogo, ela preferiu ficar com as crianças, ajudando a salvar algumas, do que fugir das chamas. É uma mártir, mas agora o nosso bispo quer canonizá-la'', comemora Maria Miskalo.
Porém, quando a pergunta é sobre os milagres que já podem ter sido realizados por intermédio de sua sobrinha, a professora prefere ser comedida.
''Temos notícias de diversas pessoas que dizem ter recebido graças. Acredito que ela pode ter realizado milagres, mas tudo isso está mexendo demais com a nossa família, prefiro não dizer muito'', sintetiza.
De acordo com o bispo da Igreja Ortodoxa Ucraniana no Brasil, Dom Jeremias Ferens, a intenção é canonizar a mártir de Joaquim Távora o mais breve possível. ''Na Igreja Ortodoxa não existe a beatificação, o que acelera o processo para proclamar alguém como santo. Temos certeza de que a Maria Aparecida será a primeira santa ortodoxa da América Latina. Para isso, precisamos comprovar a existência de pelo menos dois milagres. Porém, já temos mais do que isso'', diz, entusiasmado.
Segundo o bispo, os casos mais excepcionais de milagres atribuídos à professora paranaense são de uma pessoa curada de alergia e de uma criança que tomou querosene por engano e escapou da morte. Ele relata ainda que um dossiê com todo o histórico da candidata à santa já está praticamente pronto e, após ser discutido no 11º Concílio da Igreja Ortodoxa Ucraniana da América do Sul, que aconteceu em Setembro de 2007, deve ser enviado para o Metropolitano dos Estados Unidos. De lá, o processo segue para o Patriarca da Igreja Ortodoxa, na Turquia. A resposta final pode demorar de um a três anos.
Ainda de acordo com o bispo ortodoxo, existe também a intenção de providenciar a canonização dos oito alunos que foram vítimas do incêndio. Essa notícia pegou de surpresa a agricultora Maria Bileski Marim, que perdeu sua filha, Alexandra, de apenas 7 anos, no acidente. ''Não sei o que dizer. Fico orgulhosa de saber que minha filha pode ser uma santa''.
* Segundo a historiadora da emigração ucraniana no Brasil, Dra. Oksana Borushenko, no início do século XX, trabalhou no porto de Paranaguá um polaco que "apolonesava" os apelidos ucranianos, daí o apelido Berushko transformou-se em Beruski.
p.s.
em memória do martírio da Maria Aparecida Beruski(ko), na cidade de Curitiba (estado de Paraná), no bairro Barreirinha, existe a rua Maria Aparecida Beruski , que faz a esquina coma a rua dos Alfeneiros.
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