segunda-feira, dezembro 27, 2010

General dos serviços secretos clandestinos do SB OUN

Na Ucrânia foi publicada a biografia do chefe máximo da maior e mais secreta organização ucraniana, o Serviço da Segurança da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (SB OUN), o general Mykola Arsenycz. 

por: Volodymyr Vyatrovych (Centro dos Estudos do Movimentos de Libertação) e Oleksander Ischuk (Arquivo Estatal do SBU)

A sua foto e os detalhes da biografia foram protegidos pela própria OUN; após a morte, o seu dossier do NKVD recebeu a classificação “absolutamente secreto”. Apenas em 2009, durante a abertura dos arquivos do KGB ucraniano, os historiadores tiveram o acesso aos dados, preparando a primeira biografia do general Arsenych, que foi publicada em 2010, no seu 100° aniversário.

Mykola Arsenych nasceu no dia 27 de Setembro de 1910 na aldeia de Bereziv-Nyzhniy na actual província de Ivano – Frankivsk no seio de uma família camponesa. Cedo se tornou o membro do movimento escuteiro ucraniano Plast, proibido pelas autoridades coloniais polacas na década de 1920.

Aos 19 anos, logo após a criação da OUN, Arsenych se filia na organização, e até a sua morte em 1947 se dedica à criação do sistema de segurança de todo o movimento de libertação nacional ucraniano.

Terminado o ginásio em Lviv, ele se matricula na Faculdade de Direito da Universidade de Lviv, que não consegue terminar. Em 1937 Arsenych é preso e à 20 de Janeiro de 1938 é condenado pelo tribunal polaco aos 3 anos de prisão e outros 6 de perca dos direitos da cidadania por “pertencer à OUN”. Depois vieram a cadeia e o campo de concentração polaco de Bereza Kartuska.

No dia 20 de Março de 1939 Arsenych é preso novamente, desta vez pela participação no Congresso dos Estudantes Ucranianos. Mas a ocupação da Polónia pela Alemanha nazi e pela União Soviética ditam a sua libertação da cadeia Brygidki em 21 de Setembro de 1939.

Mykola Arsenych se muda para a Cracóvia, onde naquele momento se baseava a liderança da OUN: Stepan Bandera, Roman Shukhevych, Vasyl Kuk e Mykola Lebid. Em 1939, após um treino militar organizado pela OUN, Arsenych, juntamente com Mykola Lebid criam a contra-inteligência da OUN.

O SB OUN foi formado como órgão de contra-inteligência para a protecção da liderança da resistência nacionalista ucraniana contra a política repressiva dos serviços secretos alemães, polacos e soviéticos. A necessidade extrema de criar o Serviço de Segurança foi revelada após o assassinado, na Holanda, do líder de OUN Yevhen Konovalets, ação efetuada pelo agente do NKVD Pavel Sudoplatov.
A liderança máxima da OUN informa sobre a morte do general Arsenych (1/05/1948)
Em Março de 1941 Stepan Bandera designa o jovem Mykola Arsenych, na altura com 31 anos, como o chefe do SB OUN. Nesta qualidade Aresenych fazia a parte da liderança da OUN, participava nas Reuniões magnas da organização.

Com o início da guerra nazi-soviética em Junho de 1941, Mykola Arsenych volta ao Lviv, onde no dia 30 de Junho de 1941 Dr. Yaroslav Stetsko proclama o Acto de Renovação da Independência da Ucrânia. Após um curto período de não hostilidades, os alemães desencadearam as repressões em massa contra a liderança da OUN e os seus membros; Mykola Arsenych se empenha na passagem da organização para a completa clandestinidade.

Durante 1941 – 1942 Mykola Arsenych criou a rede da SB OUN, efectuou a formação dos seus quadros, desenvolveu as actividades de informação e inteligência. Compreendendo a formula “quem possui a informação – controla o mundo”, liderança do SB criou uma clara ordem de comunicações; para minimizar as possíveis perdas, a sua estrutura funcionava praticamente independentemente das outras unidades da resistência ucraniana.

Em 1942 Mykola Arsenych casou com Hanna Hunko, que desde a Cracóvia trabalhava com ele. O casal, sempre na clandestinidade, não chegou à ter filhos.

No mesmo ano Arsenych participou na criação do Exército Insurgente da Ucrânia (UPA), se dedicando às questões do sistema de segurança interna. Os militares do UPA tinham o dever de cooperar com SB, os comandantes e os lideres que admitiam os novos quadros sem que estes passassem pela verificação prévia do SB, eram considerados “inimigos claros”.

Mykola Arsenych nunca ficava assento em uma região, juntamente com a sua segurança pessoal de 20 guerrilheiros, ele se movia permanentemente de uma zona para outra, efectuando as verificações da rede clandestina. As metas do SB eram: a incrementação da disciplina, limpeza da guerrilha dos agentes soviéticos infiltrados, cuja actividade causava perdas consideráveis. A traição era sancionada com a morte.

Em 1946, o Conselho Supremo da Libertação da Ucrânia (UHVR), condecorou Mykola Arsenych com a Cruz de Ouro – a maior condecoração da guerrilha ucraniana.

Órgãos de repressão soviéticos procuravam constantemente pelo Mykola Arsenych. Para efetuar a sua captura no verão de 1946, o MGB criou um grupo especial dos operativos, que conduziam as buscas em toda a Ucrânia Ocidental. Arsenych nunca tirava as fotografias, até hoje são conhecidas apenas cinco fotos suas, maioria das quais, da época estudantil. Parece que o inimigo soviético não possuía a foto do Arsenych, pois por duas vezes NKVD reportava a sua “liquidação com sucesso”, quando o chefe do SB continuava a dirigir a contra-inteligência da guerrilha ucraniana.

No dia 23 de Janeiro de 1947, Mykola Arsenych, sua esposa Hanna Hunko e mais dois guerrilheiros foram cercados pelas tropas do MGB, no esconderijo (o plano da krijivka do Arsenych foi feito pelo investigador do NKVD) nas arredores da aldeia de Zhukiv no distrito de Berezhany na actual província de Ternopil. Não tendo outra saída, Mykola Arsenych optou por se suicidar para não cair nas mãos do inimigo. O seu corpo foi levado para o reconhecimento até Lviv, depois sepultado em segredo, até agora não se sabe a onde.

Ao título póstumo Mykola Arsenych recebeu a patente do General de segurança. No total, UPA possuía apenas 9 generais.

A estrutura do SB OUN sem as grandes mudanças persistiu até o início dos anos 1950 e no seu desenvolvimento aproximou-se ao nível de profissionalismo dos serviços secretos estatais da época. O Serviço Secreto ucraniano antecipadamente descobria os planos dos adversários, lutava contra os agentes inimigos, garantia a disciplina.

O percurso da vida do Mykola Arsenych, como dos muitos ucranianos daquela época testemunha: eles dedicaram a sua juventude, forças e saúde para a criação de uma Ucrânia independente, ofertando tudo o que tinham para essa grande ideia. Tal como outros membros da resistência clandestina, Mykola Arsenych não podia viver uma vida do cidadão comum, pois considerava que até que Ucrânia seja libertada da ocupação inimiga, o seu dever é lutar pela sua libertação. Desta maneira pensavam e agiam milhares de outros ucranianos…

Título: General Mykola Arsenych: vida e a obra do chefe do SB OUN
Autores: Oleksander Ischuk e Valeriy Ogorodnik
Editora:
Centro dos Estudos dos Movimentos de Libertação
Cidade:
Kolomyia
Ano: 2010
Paginação: 196


Fonte:http://www.day.kiev.ua/298826
(Obrigado à Associação dos Ucranianos de Portugal)

1 comentário:

Anónimo disse...

Oi, novamente!

Temos algum livro do SB ONU-B traduzido para o espanhol, português ou inglês?