domingo, fevereiro 23, 2025

Os voluntários portugueses que tombaram na defesa da Ucrânia

RIP Gonçalo Saraiva da Graça

Cerca de 10 voluntários portugueses participaram na defesa da Ucrânia nas fileiras da Legião Internacional e outras unidades. Quatro deles tombaram pela liberdade e soberania ucranianas. Todos eles percebem que na Ucrânia estão defender a Europa e também o Portugal. 

Dado que muitos deles optam por preservar a sua identidade, hoje falaremos apenas sobre aqueles que deram as suas vidas por um ideal superior de preservar Ucrânia livre e soberana.

Bruno Faria, natural da Braga, guardou sempre com saudade as memórias da passagem pelo serviço militar. Nos tempos livres, gostava de se sentar computador, para simulando ao teclado ser parte do teatro de operações. Para ganhar a vida, emigrou para Nyon, na Suíça, mas a guerra na Ucrânia surgiu como uma oportunidade para cumprir os propósitos de ação e glória. Aos 27 anos, alistou-se para lutar nas fileiras das forças armadas ucranianas, escreve a publicação portuguesa Correio de Manhã.

Bruno Faria na Donbas no outono de 2024

Em outubro de 2024, seguiu viagem para Ucrânia, onde recebeu treino militar durante dois meses e, no início deste ano, foi enviado para Toretsk, em Donetsk. Passadas apenas duas semanas, Bruno Faria desapareceu / perdeu a vida em combate. O seu corpo não foi recuperado, mas fontes da linha da frente confirmam o óbito. Deixou uma filha de quatro anos e foi o quarto português a morrer no conflito.

Em três anos, passaram pela Ucrânia pelo menos dez voluntários com ligações a Portugal.

O primeiro a morrer foi o luso-britânico Jay Morais / também conhecido como Mike Riley, de 52 anos. Natural de Bristol ele faleceu no dia 26 de fevereiro de 2023, esteve envolvido em intensos combates de rua nas cidades de Siverodonetsk e Bakhmut, na Donbas, informou o TelegraphJay Morais serviu na Legião Estrangeira Francesa, no Kosovo e na Costa do Marfim, mas antes disso viveu em Bristol como gestor de vendas da empresa de telemóveis Three.

O luso-britânico Jay Morales (Mike Riley), 52 anos eternamente

A sua noiva ucraniana, Lidiya Martynova, disse que ele teve um funeral na Ucrânia com honras militares, e o seu corpo foi cremado. Metade das suas cinzas foi depositada pela sua noiva num cemitério em Kyiv e a outra metade foi enviada para familiares na Grã-Bretanha. Acredita-se que a sua morte seja a do quinto cidadão britânico a morrer enquanto servia como voluntário nas forças armadas da Ucrânia.

João Luís Chaves Natário foi a segunda baixa portuguesa. Natural de Macedo de Cavaleiros — onde chegou a ser bombeiro voluntário —, «Rico Chaves», como também era conhecido, vivia e trabalhava em França, mas decidiu entrar na guerra em 2022. Dois anos depois, em dezembro de 2024, caiu no campo de batalha, quando tinha 38 anos. Sabe-se que morreu juntamente com três companheiros ucranianos: Serhii Tarasenko, Andrii Sivak (25), Anatolii Bereziak.

João Luís Chaves Notário, eternamente 38 anos

O quarto nome desta lista: Gonçalo Saraiva da Graça, nom de guerre «Kolya», nasceu a 4 de Março de 2002, tinha 21 anos e era natural da zona oeste. Fontes que combatem na linha da frente confirmam que este jovem sucumbiu aos ferimentos, no dia 11 de outubro de 2024 em Levadne, na região de Zaporizhia.

Foto do Gonçalo da Graça da sua caderneta militar ucraniana

Segundo apurou o NOW, mantêm-se atualmente cinco voluntários portugueses a defender Ucrânia. 

Blogueiro 

No entanto, sempre honraremos os portugueses defensores da Ucrânia que desejarem revelar a sua identidade. Eles lutam por uma causa nobre e nada tem à temer. Um deles é portuense com o nome de código ‘Marce’. E é por este nome que agora exige ser chamado. A identidade real deste homem ficou numa vida anterior, de que abdicou há três anos, quando vestiu o camuflado e seguiu em direção da Ucrânia para se juntar ao esforço de guerra ao lado das FAU. “Chamam-me louco”, diz, suspirando. 

O portuence «Marce»

«Nunca me arrependi de ajudar a Ucrânia»: o inferno de ‘Marce’ e dos portugueses que lutam no terreno será revelado na edição de hoje (23 de fevereiro de 2025) do diário português Correio da Manhã.

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