O Kremlin ameaçou repetidamente o mundo com armas nucleares, enquanto as forças invasoras russas transformaram a maior central nuclear da Europa praticamente numa base militar. Desde os primeiros dias da invasão em grande escala da Ucrânia, a federação russa tomou medidas sem precedentes ao capturar as centrais nucleares de Chornobyl e Zaporizhzhia. Estes são os primeiros casos deste tipo na história mundial, constituindo uma violação grosseira do direito atómico internacional.
“Estamos perigosamente perto de um acidente nuclear”, disse o chefe da AIEA, Rafael Grossi, ao Conselho de Segurança da ONU em 15 de abril de 2024, enquanto falava do recente bombardeamento da ZNPP. Deve recordar-se que em Julho de 2023, durante uma visita ao ZNPP, os inspectores da AIEA encontraram minas antipessoal plantadas na zona tampão entre as vedações exteriores e interiores ao longo do perímetro da central. Como isso pode ser aceitável em uma instalação nuclear?
E há apenas uma semana, o ZNPP foi alvo de um ataque de drone, pela primeira vez desde Novembro de 2022. Um dos ataques teve como alvo a cúpula protectora do reactor 6, e mais dois atingiram objectos perto dos edifícios que albergam os reactores nucleares. Pelo menos uma pessoa ficou ferida. O Kremlin, como sempre, apressou-se em culpar a Ucrânia. Em resposta, a Energoatom, administrada pelo governo ucraniano, afirmou que tais acusações infundadas são uma tentativa de Moscovo de esconder as suas próprias intenções. O facto de os invasores russos terem decidido simular um ataque ucraniano ao ZNPP utilizando drones foi destacado num estudo realizado por analistas militares da McKenzie baseados no Reino Unido, encomendado pela Greenpeace Alemanha. As declarações do governo russo sobre alegados ataques de drones ucranianos à ZNPP contêm sinais de que foram encenados pela rússia, afirmou o relatório, acrescentando que os UAV foram lançados a partir da área perto da central e, portanto, poderiam ter chegado de território controlado pela rússia.
A ocupação das centrais nucleares de Enerhodar e Zaporizhia representa uma das ameaças mais significativas à segurança europeia. As tropas russas na central nuclear de Zaporizhzhia pressionam o pessoal da fábrica, o que afecta directamente a sua operação segura e a capacidade de responder rapidamente às crises. Evidências crescentes de testemunhas oculares indicam que, desde o início da ocupação, os militares russos e a Rosatom lançaram uma campanha sistemática e em grande escala de raptos, tortura e assassinato de pessoal da ZNPP e de residentes de Enerhodar.
Putin continua a chantagear todo o mundo civilizado com um desastre nuclear na maior central nuclear da Europa. Trata-se de terrorismo nuclear deliberado, utilizado para atingir objectivos políticos. A única forma de evitar uma catástrofe na central nuclear de Zaporizhzhia é desocupar a instalação e transferi-la novamente para o controlo da Ucrânia. Para este fim, a ONU, a AIEA e as democracias ocidentais devem aumentar a pressão sobre a federação russa. Só através de esforços coordenados e conjuntos o verdadeiro “átomo pacífico” poderá regressar à Europa.
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