Além de sua longa barba grisalha, o soldado que aparece na frente de um
tanque, segurando uma espingarda de assalto Kalashnikov e vestindo uma pesada e
camuflada armadura, parece igual ao qualquer um de seus compatriotas. Este
soldado, porém, é diferente de qualquer outro, atualmente servindo no exército
ucraniano.
Muitas das fotos de Asher Joseph Cherkassky estão circulando entre os
ucranianos nas redes sociais, que estão surpreendidos ao ver um judeu
chassídico que participa nas operações de combate no leste industrial do seu
país, controlado pelos rebeldes.
Filatov e Cherkassky à comer homus |
Cherkassky fez uma série de aparições com Boris Filatov, o vice-governador
regional de Dnipropetrovsk – uma região-chave na luta contra os rebeldes
apoiados por Moscovo nas províncias vizinhas, Donetsk e Luhansk. Fotografado
repetidamente com o político, o soldado de infantaria se tornou uma espécie de
celebridade menor; ele foi apelidado de “Fidel Castro ucraniano”, devido à sua
aparência.
Numa postagem no Facebook no mês passado, Borys Filatov,
chamou o nativo de Dnipropetrovsk de “herói e um símbolo da resistência”.
Cherkassky e os seus filhos: antes da guerra |
Claramente, alguns de vocês viram no seu Facebook a fotografia de um gajo bem
brande, com uma barba enorme, parecido com Fidel Castro.
Os esforços de todos os mentirosos e covardes do mundo (incluindo os rabinos
russos, ouvindo os disparates do Putin sobre o “talento do Goebbels”), não
valem a proeza dessa pessoa.
A única coisa que o perturbava na frente de batalha é falta de comida
kosher.
Este é o seu país. Este país é dos seus filhos. E este país sempre irá considerá-lo
um herói e um símbolo da sua resistência.
Cherkassky com o líder do Setor da Direita, Dmytro Yarosh |
O membro do batalhão “Dnirpro”, que é financiado pelo governador regional
de Dnipropetrovsk, judeu bilionário e oligarca Ihor Kolomoisky, Cherkassky não
é o único judeu que serve nas forças armadas de seu país. No entanto, pelo
melhor de seu conhecimento, ele é o único judeu ortodoxo.
Asher com o voluntário israelita do “Aydar” Grigori Pivovarov |
Outro soldado judeu do batalhão (Dnipro) foi morto no início deste ano,
Kolomoisky contou ao The
Wall Street Journal em junho.
Falando ao The Jerusalem Post por telefone da Ucrânia na quarta-feira,
Cherkassky disse ter servido no exército soviético durante a década de 1990 e
que, quando a guerra eclodiu, ele se ofereceu para servir (à Ucrânia), pois
sentiu que era a sua “obrigação cívica”.
“Eu me senti obrigado à servir no exército para defender o país e os
cidadãos da Ucrânia”, explicou ele. “Se você vive neste país, você deve servir este
país”.
Cherkassky em tratamento hospitalar com os companheiros feridos |
“Todo o mundo tem um grande respeito por ele”, disse o amigo de Cherkassky,
Itzik, que serviu de tradutor para ele. “Os não-judeus também respeitam-o. Eles
admiram o facto de que um judeu [contribui] tal como o resto das pessoas”.
A comunidade judaica de Dnipropetrovsk, na qual Kolomoisky é uma figura
central, tem sido forte em seu apoio ao esforço de guerra, recolhendo doações
para os soldados feridos em suas escolas e apoiando uma linha (política)
pública nacionalista.
A imagem de um voluntário judaica ortodoxa é surpreendente tendo em conta
que muitos judeus ainda recordam os grandes esforços da comunidade feitas para
evitar o serviço militar durante o período czarista, quando as crianças
pequenas eram forçados à se alistar e despojados de suas identidades
religiosas.
Cherkassky disse que não sente qualquer anti-semitismo no exército,
afirmando que os russos foram mais anti-semita do que os ucranianos. [...] Judeus ucranianos, como o rabino de Luhansk, Shalom Gopin, no entanto,
acreditam que o anti-semitismo tem diminuído como as pessoas de ambos os lados
lutam para sobreviver.
Cherkassky nas posições de combate na aldeia de Pisky, arredores de Donetsk |
Uma vez que a comunidade judaica constitui apenas uma pequena fração da
população da Ucrânia e está envelhecendo, não há muitos judeus à servir na guerra, de
acordo com Cyril Danilchenko, do Vaad da
Ucrânia, que ele próprio serviu no gabinete de recrutamento do exército durante
a guerra.
Cherkassky foi ferido nos combates ferozes em torno do aeroporto de
Donetsk, a única parte da cidade ainda nas mãos do governo (ucraniano), quando
um obus se explodiu em cima dele e danificou a sua audição. Em seguida, ele
participou na retirada (do cerco) de Ilovaisk.
Comida kosher que Asher acabou por receber da Diáspora judaica |
Ele observa o judaísmo (religioso) da melhor maneira possível na frente,
mas disse que tive que combater no Rosh
Hashaná (Ano Novo judaico) e em muitos Shabats. “É impossível explicar ao inimigo que eu não posso lutar no Shabat”, disse
ele.
Fonte (em inglês):
http://www.jpost.com/International/Civic-obligation-to-defend-Ukraine-says-hassid-385013
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