quinta-feira, abril 10, 2025

A censura comunista ao filme «Terra» de Oleksandr Dovzhenko

A 8 de abril de 1930, foi lançado na Ucrânia soviética, o filme «Terra» (Zemlya) do realizador ucraniano Oleksandr Dovzhenko. Passados ​​apenas 9 dias, o filme foi retirado dos cinemas pela censura comunista, acusado de «naturalismo e atentado aos costumes».

Do ponto de vista político, o filme seguia a linha ideológica comunista. Mesmo assim, os ideólogos soviéticos consideraram que a película fugia dos canones exigidos ao «realismo socialista» e por isso, foi retirado das exibições públicas. 

O enredo da estória é construído em torno do conflito entre os camponeses ucranianos pobres que apoiam a coletivização soviética e aqueles que a resistem. No centro está a história de um jovem, Vasyl, que regressa da cidade para a aldeia, sonha com uma nova vida, mas morre às mãos de um camponês abastado, o kurkul/kulak. O final do filme — uma imagem poética de um funeral numa aldeia — tornou-se uma cena marcante na história do cinema.

O «Terra» destacou-se entre os filmes soviéticos pelo seu esteticismo, atenção ao ritmo, composição e simbolismo. Foi criticado na URSS devido ao «formalismo», e o próprio Dovzhenko viu-se sob pressão durante anos. Ao mesmo tempo, o filme recebeu reconhecimento no Ocidente — em particular, em França, na Alemanha e nos Estados Unidos — e teve um impacto significativo no desenvolvimento do cinema poético. Na União Soviética o filme foi «reabilitado» somente em 1958, após um sucesso internacional em Bruxelas, onde foi incluído na lista dos 12 melhores filmes da história do cinema mundial pelo Festival de Cinema de Bruxelas.

Ver aqui com a música de Alexander Popov encomendada pelo estúdio alemão ZDF:

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