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União Europeia finalmente colocou comunismo e nazismo em pé de igualdade, depois de o
Parlamento Europeu ter aprovado em setembro uma resolução histórica que condena os dois
regimes ditatoriais, escreve a publicação portuguesa Observador.pt
No
passado dia 19 de setembro, a União Europeia colocou comunismo e nazismo em pé
de igualdade, depois de aprovar no Parlamento Europeu uma resolução condenando
ambos os regimes por terem cometido “genocídios e deportações e foram a causa
da perda de vidas humanas e liberdade em uma escala até agora nunca vista na
história da humanidade”.
A
resolução Importance of European remembrance for the future of Europe (consultar
o texto) contou com 535 votos a favor, 66 contra e 52 abstenções, noticia o
jornal espanhol ABC
esta terça-feira. Apesar do significado histórico, esta resolução passou
despercebida pela maioria, ainda que este seja tema de debate recorrente entre
os historiadores desde a queda da União Soviética há três décadas.
Consultar o texto em inglês |
O
debate alcançou o seu auge em 1997, com a publicação do “Livro Negro do
Comunismo” que foi escrito por um grupo de historiadores sob a direção do
investigador francês Stéphane Courtois, que se esforçaram por fazer um balanço
preciso e documentado das verdadeiras perdas humanas do comunismo. Os
resultados foram esmagadores: cem milhões de mortos, quatro vezes mais do que o
valor atribuído por esses mesmos historiadores ao regime de Hitler.
Apesar
de tudo, estes números não eram uma novidade. Outros investigadores, como
Zbigniew Brzezinski, Robert Conquest, Aleksandr Solzhenitsyn e Rudolph Rummel,
já se tinham interessado anteriormente pelo Gulag, a fome causada por Estaline
na Ucrânia e as deportações em massa dos dissidentes do regime soviético.
Uma
das diferenças entre os dois regimes é que o GULAG soviético foi usado (principalmente, mas não só) para
punir e eliminar dissidentes políticos (reais e imaginários), com o objetivo de transformar as
estruturas socio-económicas do país e promover a coletivização e a
industrialização. (Sem esquecer as fomes orquestradas, deportações e limpezas étnicas soviéticas, dirigidas contra os ucranianos, chechenos, tártaros da Crimeia ou alemães de Volga). Os nazis, por seu lado, usavam os campos de concentração
principalmente para extermínio de vários grupos étnicos, políticos e sociais.
O
regime nazi foi culpado do genocídio de cerca de 6 milhões de pessoas,
incluindo judeus, ciganos, homossexuais e comunistas (vários correntes esquerdistas e centristas, como socialistas, social-democratas, etc.).
A
resolução aprovada pelo Parlamento Europeu é bastante incisiva, nela se
apelando, nomeadamente “a uma cultura comum da memória que rejeite os crimes
dos regimes fascista e estalinista e de outros regimes totalitários e
autoritários do passado como forma de promover a resiliência contra as ameaças
modernas à democracia, em particular entre a geração mais jovem”. Também se
manifesta “profundamente preocupado com os esforços envidados pela atual
liderança russa para distorcer os factos históricos e para «branquear» os
crimes cometidos pelo regime totalitário soviético, e considera que estes
esforços constituem um elemento perigoso da guerra de informação brandida
contra a Europa democrática com o objetivo de dividir a Europa”.
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