domingo, outubro 27, 2019

Irmão do brasileiro condenado na Ucrânia é foragido da justiça no Brasil

Fernando Marques Lusvarghi, diretor jurídico da Unick Forex escapou de ser preso no dia 17/10/2019 durante a ‘Operação Lamanai’ da Polícia Federal (PF), acusado de participação ativa no esquema Ponzi que lesou financeiramente até um milhão de brasileiros.

Além disso, em 2014, Fernando Lusvarghi subsidiou a ida de seu irmão, Rafael Marques Lusvarghi, para Ucrânia, onde entre 2014 e 2015 este participou nas actividades terroristas dos grupos armados ilegais, apoiados pela Rússia.
Rafael Lusvarghi detido pela sociedade civil, Kyiv, maio de 2018
De acordo com uma entrevista de Rafael ao site Operacional, naquela época Fernando Lusvarghi deu lhe US$ 1000 (cerca de R$ 4 mil nos dias de hoje) para o custeio da passagem e mais US$ 200 para ele ‘se virasse’ até chegar ao “batalhão”, escreve Portal do Bitcoin.  

Fernando Lusvarghi procurado pela PF na operação da Unick

Fernando Lusvarghi [neste momento foragido da justiça brasileira e procurado pela PF], junto com o presidente da Unick, Leidimar Lopes, o diretor de marketing, Danter Silva, e mais sete pessoas ligadas à cúpula da empresa, devem permanecer presos até uma decisão da Justiça.

Do alto escalão da Unick, Fernando Lusvarghi era o único sem passagem anterior por outros golpes financeiros. Ainda assim, tinha um papel fundamental na empresa de dar um embelezamento jurídico durante conversa com os investidores.

Formado em direito em 2008 no Centro Universitário Padre Anchieta, Jundiaí, SP, Lusvarghi também é dono da S.A. Capital, uma empresa que supostamente servia para garantir investimentos dos clientes da Unick, mas sem possuir património suficiente.

A operação na Unick

Durante a mega-operação “Lamanai” contra a Unick Forex (com sede em São Leopoldo, Rio Grande do Sul), a PF encontrou e apreendeu 1.500 bitcoin e milhões de reais. Carros e imóveis também entraram na conta. No entanto, de acordo com as declarações do delegado Aldronei Rodrigues e do superintendente do RS, Alexandre Isbarrola, a “Unick não tem património, nem para garantir uma ínfima parte do pagamento aos clientes”.

A Unick operava um esquema de pirâmide financeira que lesou, conforme a apuração da polícia, cerca de um milhão de clientes no Brasil inteiro. O valor arrecadado não está claro ainda, mas segundo o delegado, a empresa comentava dois números: R$ 2,4 biliões e R$ 9 biliões (fonte).

Segundo informações do GaúchaZH, duzentos agentes policiais estão nas ruas para cumprir 10 mandados de prisão e 65 ordens de busca e apreensão. A operação ocorre em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Caxias do Sul, Curitiba, Brasília, Palmas e Bragança Paulista. Nove pessoas já haviam sido presas, mas os nomes ainda não foram divulgados.

Em paralelo, a Polícia Federal também cumpre medidas judiciais cautelares para sequestro de bens, bloqueio de dinheiro em contas bancárias e apreensão de veículos.

De acordo com a reportagem, a PF afirmou que a empresa chegou a captar R$ 40 milhões por dia. Em entrevista à Rádio Gaúcha, superintendente da Polícia Federal do RS, Alexandre Isbarrola, disse que a Unick chegou a movimentar R$ 9 biliões.

“Ela operava em aproximadamente 14 países. É uma organização criminosa muito bem estruturada e de grande porte”, disse.

Como funcionava a Unick Forex (ler mais)

A Unick Forex dizia operar no mercado Forex e de criptomoedas. Através de suas operações, a empresa prometia retornos de até 1,5% ao dia.

Em março de 2018, a empresa sofreu a primeira retaliação por parte da CVM, que a proibiu de ofertar investimentos no Brasil. A empresa continuou a operar normalmente mas, em 2019, tentou mudar o foco do esquema para despistar as autoridades.

Com a troca de nome de Unick Forex para Unick Academy, a empresa começou a focar numa espécie de venda de pacotes educativos, que não passava de fachada para que o esquema de pirâmide financeira continuasse.

Os investidores, por sua vez, começaram a ter problemas em junho deste ano, quando os saques começaram a atrasar. Com novas desculpas a cada semana e informações desencontradas, a Unick tentava ganhar tempo e enrolar os clientes.

Nos meses seguintes, a empresa acumulou milhares de reclamações no “Reclame aqui” além de dezenas de processos judiciais por todo o Brasil.

Para amenizar os problemas, a Unick contratou o escritório Nelson Wilians & Advogados Associados para propor acordo com os clientes. O acordo, no entanto, propõe restituição de apenas 20% do investido (fonte).

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