No
dia 23 de
outubro de 2002 um
grupo de militantes chechenos tomou de assalto o teatro em Moscovo e por 3 dias
manteve lá 916 reféns. No decorrer do assalto governamental que se seguiu morreram
entre 130 à
174 reféns e todos os militantes.
Conta a realizadora russa Katernina Gordeeva, diretora deste filme documental (versão
curta):
Paradoxalmente
até hoje pouco se sabe sobre este ato. Não se percebe como os militantes chegaram
ao centro de Moscovo à 5 km do Kremlin carregados de armas e explosivos. Não se
sabe a composição do gás usado no assalto governamental, etc.
«Nord-Ost» foi o primeiro musical russo [à americana]
com orçamento de 4 milhões de dólares, avião no palco, 100 atores, uma orquestra
ao vivo e uma popularidade
acima de média entre os espectadores.
Depois da tomada de reféns tudo mudou. Havia mulheres jihadistas que
deixavam pessoas ir à casa de banho, outras – não. Havia moças reféns que se maquilhavam,
havia pessoas comiam o sorvete (no teatro existia a máquina do sorvete), uns comiam
apenas o pão ou um bocado do chocolate, outros não comiam nada.
Havia
pessoas que esperavam a salvação, outros não esperavam nada e achavam que não
sairiam de lá vivos. Estes últimos realmente não se salvaram...
No
filme é entrevistado o jornalista Marco Franchetti que falou com os
líderes dos militantes, Movsar
Barayev e “Abu Bakar” [a sua identidade até hoje oficialmente é
desconhecida]. Também conta a história do Zaurbeck Talkhigov, o checheno
moscovita que veio ao teatro para trocar a si próprio pela libertação dos
reféns. Ele participou ativamente nas negociações com os militantes, pois era
único, da parte russa, que falava checheno. Nas vésperas do assalto
governamental foi detido, acusado de colaborar com os terroristas e passou 8,5
anos na cadeia, onde foi contaminado pelo hepatite e diabete. Foi considerado
pela ONG russa “Memorial” como prisioneiro político. Não sabe qual foi a sua
culpa e qual foi a razão do tratamento que recebeu das autoridades
russas.
O
filme fala com os homens que participaram
no assalto governamental. Eles acham que assalto era única opção
viável e contam que tinham o antídoto [contra
o gás usado no assalto] e
as instruções do seu uso.
O
assalto governamental começou às 5h00 do dia 26 de outubro de 2002. Às 6h40 a operação
acabou. Junto ao teatro estavam estacionadas 30-40 ambulâncias, que podiam salvar no
máximo 40
pessoas. Os operativos do grupo «Alfa» contam que tinham 5 antidotes cada um. No
momento do assalto no teatro estavam cerca de 800 reféns, significa que para salvar
todos, o grupo de assalto deveria contar com mais de 150 elementos. Os operativos da “Alfa” sabiam do uso do
gás, mas não estavam preparados como paramédicos. Os paramédicos nada sabiam sobre o uso do gás. Em
resultado, os militantes foram abatidos e vários reféns mortos.
17
anos depois. A refém
Lília Dudkina estava grávida, em fevereiro de 2003 deu luz à uma filha com encefalopatia
tóxica e paralisia cerebral. A menina não é considerada como vítima do
terrorismo e não recebe ajuda do estado russo — que custa anualmente o equivalente aos cerca
de 62.548 dólares americanos...
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