sábado, outubro 26, 2019

«Nord-Ost. 17 anos»: o filme sobre a tomada de reféns em Moscovo

No dia 23 de outubro de 2002 um grupo de militantes chechenos tomou de assalto o teatro em Moscovo e por 3 dias manteve lá 916 reféns. No decorrer do assalto governamental que se seguiu morreram entre 130 à 174 reféns e todos os militantes.

Conta a realizadora russa Katernina Gordeeva, diretora deste filme documental (versão curta):

Paradoxalmente até hoje pouco se sabe sobre este ato. Não se percebe como os militantes chegaram ao centro de Moscovo à 5 km do Kremlin carregados de armas e explosivos. Não se sabe a composição do gás usado no assalto governamental, etc.

«Nord-Ost» foi o primeiro musical russo [à americana] com orçamento de 4 milhões de dólares, avião no palco, 100 atores, uma orquestra ao vivo e uma popularidade acima de média entre os espectadores.

Depois da tomada de reféns tudo mudou. Havia mulheres jihadistas que deixavam pessoas ir à casa de banho, outras – não. Havia moças reféns que se maquilhavam, havia pessoas comiam o sorvete (no teatro existia a máquina do sorvete), uns comiam apenas o pão ou um bocado do chocolate, outros não comiam nada.

Havia pessoas que esperavam a salvação, outros não esperavam nada e achavam que não sairiam de lá vivos. Estes últimos realmente não se salvaram...

No filme é entrevistado o jornalista Marco Franchetti que falou com os líderes dos militantes, Movsar Barayev e “Abu Bakar” [a sua identidade até hoje oficialmente é desconhecida]. Também conta a história do Zaurbeck Talkhigov, o checheno moscovita que veio ao teatro para trocar a si próprio pela libertação dos reféns. Ele participou ativamente nas negociações com os militantes, pois era único, da parte russa, que falava checheno. Nas vésperas do assalto governamental foi detido, acusado de colaborar com os terroristas e passou 8,5 anos na cadeia, onde foi contaminado pelo hepatite e diabete. Foi considerado pela ONG russa “Memorial” como prisioneiro político. Não sabe qual foi a sua culpa e qual foi a razão do tratamento que recebeu das autoridades russas.  

O filme fala com os homens que participaram no assalto governamental. Eles acham que assalto era única opção viável e contam que tinham o antídoto [contra o gás usado no assalto] e as instruções do seu uso.

O assalto governamental começou às 5h00 do dia 26 de outubro de 2002. Às 6h40 a operação acabou. Junto ao teatro estavam estacionadas 30-40 ambulâncias, que podiam salvar no máximo 40 pessoas. Os operativos do grupo «Alfa» contam que tinham 5 antidotes cada um. No momento do assalto no teatro estavam cerca de 800 reféns, significa que para salvar todos, o grupo de assalto deveria contar com mais de 150 elementos. Os operativos da “Alfa” sabiam do uso do gás, mas não estavam preparados como paramédicos. Os paramédicos nada sabiam sobre o uso do gás. Em resultado, os militantes foram abatidos e vários reféns mortos.

17 anos depois. A refém Lília Dudkina estava grávida, em fevereiro de 2003 deu luz à uma filha com encefalopatia tóxica e paralisia cerebral. A menina não é considerada como vítima do terrorismo e não recebe ajuda do estado russo que custa anualmente o equivalente aos cerca de 62.548 dólares americanos...

Ler a versão completa em russo.

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