Em vários países da Europa foram recentemente criados museus dedicados ao totalitarismo, museus sobre a ocupação soviética ou museus que contam os horrores do comunismo. A Europa Ocidental nem sempre vê com bons olhos estas iniciativas das “gentes do Leste”.
Temos aqui um interessantíssimo conflito ideológico: enquanto na maioria dos países da Europa Ocidental os governantes pertencem a geração do maio de 1968, os governantes dos países da Europa Central pertencem a geração da Primavera de Praga. O maio de 1968 e o agosto de 1968 (ocupação da Praga pelas tropas do Pacto de Varsóvia), apenas alguns meses de diferença, representam realidades de mundos muito diferentes. Costumo dizer, que uma pessoa boa e honesta nascida no Ocidente é naturalmente de esquerda e a mesma pessoa honesta e bondosa nascida no Leste é da direita. Agora vejamos porque...
LETÓNIA – MUSEU DE OCUPAÇÃO
O Museu da ocupação em Riga foi construído originalmente para abrigar a exposição sobre os “Atiradores Letões”, um grupo formado por letões, que nos anos 1917 – 1920 fanaticamente implementava comunismo na Rússia, e que mais tarde foi praticamente aniquilado pelo Stalin nas purgas de 1937 – 1938.
Em 1993 a exposição comunista deu lugar ao “Museu da ocupação”, financiado pelos fundos da Diáspora letã dos EUA, Canadá ou Austrália. A exposição possui a reconstituição da barraca do GULAG, onde viviam os letões deportados para a Sibéria. Nela pode-se ver os pertences dos prisioneiros: lenço com assinaturas dos deportados, próteses dentários feitos pelos presos, pequeno piano sem cordas, desenhos de uma criança sobre o dia-a-dia do campo de concentração. “Pode ser que nos falte nós a parte emocional, mas queríamos basear-nos em documentos”, — explica Sandra Kalniete. Esta ex–ministra dos Negócios Estrangeiros da Letónia nasceu em 1952 na Sibéria, para onde foram deportados os seus pais. A família consegui repatriar-se para a Letónia só em 1957, mas nem todos conseguiram voltar. A avó e dois avôs morreram nos campos de concentração, o seu livro “With Dance Shoes in Siberian Snows” (Com sapatos do bailado nas neves da Sibéria), tornou-se o best-seller na Letónia e na Europa.
Depois da ocupação da Letónia pela URSS em 1939, o Presidente do país Kārlis Ulmanis, morreu nos campos de concentração, algures em Turcomenistão, o local exato da sua sepultura é desconhecido (Sic!). É e realçar que de todo o Governo, sobreviveu um único ministro, todos os outros foram fuzilados ainda em 1941. Cerca de 120.000 letões seguiram em vagões de gado para a Sibéria.
MUSEU TAMBÉM CONTA SOBRE A OCUPAÇÃO NAZI
“O destino dos povos dos países Bálticos foi decidido pelo Stalin e pelo Hitler. Após assinatura e implementação do Pacto Molotov-Ribbentrop, os países Bálticos eram condenados”, — explica Sra. Kalniete.
No museu existe um grande stand dedicado ao batalhão da SS militar (Waffen-SS), “Latvija”. O serviço no batalhão era obrigatório, passaram por lá cerca de 100.000 pessoas. Dos 100 mil judeus da Letónia, 70 mil morreram durante a II G.M. O Comando Arajs formado por cerca de 1.000 letões foi responsável pelos assassinatos dos judeus, comunistas e outros inimigos do 3º Reich.
Mas a luta pela Independência continuava, essa é a principal ideia da exposição, pois últimos insurgentes da Letónia depuseram as armas apenas nos anos de 1970. Mas já em 1989 a “Frente popular” de cariz nacional letã desafiava o moribundo regime do Gorbachev.
Página do museu da ocupação da Letónia (Riga):
http://www.occupationmuseum.lv/en
LITUÂNIA – MUSEU DO GENOCÍDIO
O “Museu das vítimas do genocídio” na cidade de Vilnius foi criado aos 14 de outubro de 1992 pela iniciativa do Ministro da Cultura e Educação da Lituânia. O Museu encontra-se no edifício “das caves das quais se vê a cidade de Magadan”, — entre 1940 e 1991 (com intervalo para a II G.M.), aqui se encontrava o NKVD – MGB – KGB local. Por isso o museu é dedicado às vítimas dos serviços secretos soviéticos. Nas caves do museu, até 1991, estava localizava a cadeia de instrução da KGB. Todo o interior ficou tal e qual como no tempo dos comunistas: o corredor com câmaras, nas paredes fotos das vítimas das torturas e daqueles que não saíram de lá vivos. Geralmente era a elite intelectual da Lituânia: escritores, activistas políticos, professores ou médicos.
Existe diferenças claras entre a cadeia da KGB e NKVD. Nos anos 1979 já não havia as repressões em massa, por isso numa câmara para quatro pessoas, de facto estavam quatro presos (nos anos 1940 – 50, as pessoas eram metidas lá às dúzias). Mas câmaras de torturas existiam até o fim. A “câmara molhe” usava a tortura do silêncio, pessoas enlouqueciam e ficavam desorientados pelo silêncio e escuridão absolutos. O chão das duas câmaras “molhadas” sempre estava coberto da água (no Inverno era gelo). Os prisioneiros eram obrigados ficar de pé nos discos metálicos, durante dias não podendo dormir.
“Para nós, fascistas e comunistas são praticamente a mesma coisa. Até sofremos mais com a ocupação soviética. Não existe nenhuma família lituana, onde alguém não morresse ou fugisse para o Ocidente. Meu avô lutou nas fileiras dos insurgentes contra o poder soviético. Foi morto em 1950. Nós nem sabemos aonde está a sua campa”, — explica jornalista televisiva Iolanta.
Debaixo das escadas começa um corredor estreito com passagem para um pequeno quarto de fuzilamento que foi descoberto absolutamente por acaso, já após o 1991. As paredes do quarto estão picados pelas balas, no tecto – a pequena janela por onde eram transportados os corpos dos fuzilados. Os funcionários do museu dizem que os fuzilamentos aconteciam aqui em 1940 e 1941 quase até a ocupação da cidade pelos nazis. Após a II G. M. “os inimigos do povo” já eram fuzilados fora da cidade. Pela estatística oficial, confirmada por dados de arquivos, no período entre 1944 e 1953, cerca de 200.000 lituanos sofreram repressões, 27.000 morreram na guerrilha e nas cadeias soviéticas.
Todo o primeiro piso do museu é dedicado aos “irmãos de floresta”, guerrilheiros antisoviéticos. O ultimo guerrilheiro lituano saiu da floresta em 1991. No segundo piso encontra-se o “Centro de Estudo do Genocídio do Povo Lituano”, lá se encontram os arquivos do KGB, embora só até 1961. Os dossiers dos agentes secretos e dos oficiais do KGB, processos dos anos 1970 e 1980, foram retirados no tempo de Gorbachev e escondidos algures nos arredores do Moscovo. Mas todos os dossiers foram revistos nos últimos anos da URSS por alguém munido de uma lamina. Em todas as páginas que reportavam as operações da NKVD – KGB foram recortados os nomes dos funcionários, pseudónimos dos agentes e pormenores das operações. Hoje, os especialistas do Centro estudam volume por volume para recuperar os nomes das vítimas e dos carrascos. Na Lituânia ainda não terminou a lustração massificada — tentativa de revelar todos aqueles que colaboravam com KGB nos tempos soviéticos. Ninguém na Lituânia tem duvidas porque o hino soviético foi recentemente equiparado aos símbolos nazis.
REPÚBLICA DA GEÓRGIA – TEATRO DAS SOMBRAS
Na Geórgia, o Museu da ocupação soviética foi aberto em maio de 2006. O iniciador da criação desta exposição foi deputado do parlamento nacional – Nicolau Rurua. Ele tem contas a saldar com o passado soviético, pois um dos seus bisavôs foi fuzilado pelos bolcheviques em 1924 e um outro morreu na Argentina.
A sala no Museu nacional é recortada ao meio pelo corredor com tapete vermelho, em cada lado estão pendurados as portas das antigas prisões georgianos. Existe uma porta № 7, diz-se que pertencia à câmara da prisão na cidade de Kutaisi, onde em tempos foi preso revolucionário Iosif (José) Stalin. Junto às paredes, pelo perímetro da sala, estão penduradas fotografias, documentos e listas das vítimas dos serviços secretos soviéticos.
Ao contrário da Letónia e Lituânia, na Geórgia quer as vítimas, quer os carrascos tinham apelidos georgianos. Claro, que havia excepções: comandante do pelotão de fuzilamento tinha apelido russo – Shashurkin. Nas noites de fuzilamento ele bebia vodka e acabava por comer um quilo de manteiga. Shashurkin fuzilava pessoas na Geórgia entre 1926 e 1948. Depois enlouqueceu, perseguia as pessoas nas ruas e “disparava” contra as nucas deles, imitando o tiro com o seu dedo indicador.
O Museu possui uma antiga carruagem, que em 1924 serviu para transportar 100 nobres georgianos para o fuzilamento. A exposição mostra também a famosa carta dos anciões georgianos ao presidente americano com pedido de os libertar dos comunistas, escrita e mandada aos EUA em 1936. NKVD consegui interceptar a carta, e 39 dos seus assinantes foram fuzilados. Recentemente, presidente Mikheil Saakashvili levou a cópia da carta a Washington e a entregou ao presidente Bush. 70 anos depois.
O senador John McCain foi único visitante do Museu, que logo à partida descobriu para que servia um certo gancho de ferro. Na parede da sala está colocada uma fotografia enorme da câmara onde eram fuziladas as pessoas. No chão existe uma especial escotilha de canalização, ao lado está o gancho. Isso foi a invenção dos carrascos georgianos: com gancho eles seguravam a cabeça do fuzilado em cima da escotilha, para disparos serem “mais cómodos” e para não sujar o seu bonito fardamento militar. McCain logo disse de que se tratava, ele viu algo parecido durante o seu cativeiro no Vietname.
UCRÂNIA: MUSEU DA OCUPAÇÃO SOVIÉTICA
O Museu da ocupação soviética na cidade de Kyiv é dedicado aos crimes cometidos pelo regime soviético na Ucrânia entre 1917 e 1991. Primeiramente, foi estabelecido em novembro de 2001 com uma exposição dedicada ao poeta ucraniano Vasyl Stus, pela mão da Sociedade “Memorial”, através da exposição “Não pode ser esquecido: Crónicas da Inquisição Soviética”. Entre 2001 e 2007 exposição cresceu até o tamanho do museu e no dia 30 de maio de 2007 recebeu o seu nome corrente.
O Museu possui um grande mapa dos campos de concentração soviéticos, uma biblioteca especial que guarda livros, documentos de arquivo e filmes. O Museu foi visitado pelo Presidente da Uniao Pan – Europeia, Sr. Alain Terrenoire, políticos europeus e deputados do Parlamento Europeu, como Otto von Habsburg. O Museu da ocupação soviética em Kyiv já foi alvo do ataque daqueles, que pretendem ocultar ou negar os crimes do regime soviético na Ucrânia.
Os crimes da guerra da rússia (Ucrânia):
http://memorial.kiev.ua
O Museu virtual do GULAG na Rússia, cidade de São Petersburgo é dedicado ao terror soviético e à história de resistência: http://www.gulagmuseum.org
O Museu virtual do GULAG (Praga): Gulag.online
A página do Museu da ocupação da Estónia (Tallinn): Vabamu
A página do Museu do comunismo da República Checa (Praga):
http://www.muzeumkomunismu.cz/en
O Museu da ocupação em Riga foi construído originalmente para abrigar a exposição sobre os “Atiradores Letões”, um grupo formado por letões, que nos anos 1917 – 1920 fanaticamente implementava comunismo na Rússia, e que mais tarde foi praticamente aniquilado pelo Stalin nas purgas de 1937 – 1938.
Em 1993 a exposição comunista deu lugar ao “Museu da ocupação”, financiado pelos fundos da Diáspora letã dos EUA, Canadá ou Austrália. A exposição possui a reconstituição da barraca do GULAG, onde viviam os letões deportados para a Sibéria. Nela pode-se ver os pertences dos prisioneiros: lenço com assinaturas dos deportados, próteses dentários feitos pelos presos, pequeno piano sem cordas, desenhos de uma criança sobre o dia-a-dia do campo de concentração. “Pode ser que nos falte nós a parte emocional, mas queríamos basear-nos em documentos”, — explica Sandra Kalniete. Esta ex–ministra dos Negócios Estrangeiros da Letónia nasceu em 1952 na Sibéria, para onde foram deportados os seus pais. A família consegui repatriar-se para a Letónia só em 1957, mas nem todos conseguiram voltar. A avó e dois avôs morreram nos campos de concentração, o seu livro “With Dance Shoes in Siberian Snows” (Com sapatos do bailado nas neves da Sibéria), tornou-se o best-seller na Letónia e na Europa.
Depois da ocupação da Letónia pela URSS em 1939, o Presidente do país Kārlis Ulmanis, morreu nos campos de concentração, algures em Turcomenistão, o local exato da sua sepultura é desconhecido (Sic!). É e realçar que de todo o Governo, sobreviveu um único ministro, todos os outros foram fuzilados ainda em 1941. Cerca de 120.000 letões seguiram em vagões de gado para a Sibéria.
MUSEU TAMBÉM CONTA SOBRE A OCUPAÇÃO NAZI
“O destino dos povos dos países Bálticos foi decidido pelo Stalin e pelo Hitler. Após assinatura e implementação do Pacto Molotov-Ribbentrop, os países Bálticos eram condenados”, — explica Sra. Kalniete.
No museu existe um grande stand dedicado ao batalhão da SS militar (Waffen-SS), “Latvija”. O serviço no batalhão era obrigatório, passaram por lá cerca de 100.000 pessoas. Dos 100 mil judeus da Letónia, 70 mil morreram durante a II G.M. O Comando Arajs formado por cerca de 1.000 letões foi responsável pelos assassinatos dos judeus, comunistas e outros inimigos do 3º Reich.
Mas a luta pela Independência continuava, essa é a principal ideia da exposição, pois últimos insurgentes da Letónia depuseram as armas apenas nos anos de 1970. Mas já em 1989 a “Frente popular” de cariz nacional letã desafiava o moribundo regime do Gorbachev.
Página do museu da ocupação da Letónia (Riga):
http://www.occupationmuseum.lv/en
LITUÂNIA – MUSEU DO GENOCÍDIO
O “Museu das vítimas do genocídio” na cidade de Vilnius foi criado aos 14 de outubro de 1992 pela iniciativa do Ministro da Cultura e Educação da Lituânia. O Museu encontra-se no edifício “das caves das quais se vê a cidade de Magadan”, — entre 1940 e 1991 (com intervalo para a II G.M.), aqui se encontrava o NKVD – MGB – KGB local. Por isso o museu é dedicado às vítimas dos serviços secretos soviéticos. Nas caves do museu, até 1991, estava localizava a cadeia de instrução da KGB. Todo o interior ficou tal e qual como no tempo dos comunistas: o corredor com câmaras, nas paredes fotos das vítimas das torturas e daqueles que não saíram de lá vivos. Geralmente era a elite intelectual da Lituânia: escritores, activistas políticos, professores ou médicos.
Existe diferenças claras entre a cadeia da KGB e NKVD. Nos anos 1979 já não havia as repressões em massa, por isso numa câmara para quatro pessoas, de facto estavam quatro presos (nos anos 1940 – 50, as pessoas eram metidas lá às dúzias). Mas câmaras de torturas existiam até o fim. A “câmara molhe” usava a tortura do silêncio, pessoas enlouqueciam e ficavam desorientados pelo silêncio e escuridão absolutos. O chão das duas câmaras “molhadas” sempre estava coberto da água (no Inverno era gelo). Os prisioneiros eram obrigados ficar de pé nos discos metálicos, durante dias não podendo dormir.
“Para nós, fascistas e comunistas são praticamente a mesma coisa. Até sofremos mais com a ocupação soviética. Não existe nenhuma família lituana, onde alguém não morresse ou fugisse para o Ocidente. Meu avô lutou nas fileiras dos insurgentes contra o poder soviético. Foi morto em 1950. Nós nem sabemos aonde está a sua campa”, — explica jornalista televisiva Iolanta.
Debaixo das escadas começa um corredor estreito com passagem para um pequeno quarto de fuzilamento que foi descoberto absolutamente por acaso, já após o 1991. As paredes do quarto estão picados pelas balas, no tecto – a pequena janela por onde eram transportados os corpos dos fuzilados. Os funcionários do museu dizem que os fuzilamentos aconteciam aqui em 1940 e 1941 quase até a ocupação da cidade pelos nazis. Após a II G. M. “os inimigos do povo” já eram fuzilados fora da cidade. Pela estatística oficial, confirmada por dados de arquivos, no período entre 1944 e 1953, cerca de 200.000 lituanos sofreram repressões, 27.000 morreram na guerrilha e nas cadeias soviéticas.
Todo o primeiro piso do museu é dedicado aos “irmãos de floresta”, guerrilheiros antisoviéticos. O ultimo guerrilheiro lituano saiu da floresta em 1991. No segundo piso encontra-se o “Centro de Estudo do Genocídio do Povo Lituano”, lá se encontram os arquivos do KGB, embora só até 1961. Os dossiers dos agentes secretos e dos oficiais do KGB, processos dos anos 1970 e 1980, foram retirados no tempo de Gorbachev e escondidos algures nos arredores do Moscovo. Mas todos os dossiers foram revistos nos últimos anos da URSS por alguém munido de uma lamina. Em todas as páginas que reportavam as operações da NKVD – KGB foram recortados os nomes dos funcionários, pseudónimos dos agentes e pormenores das operações. Hoje, os especialistas do Centro estudam volume por volume para recuperar os nomes das vítimas e dos carrascos. Na Lituânia ainda não terminou a lustração massificada — tentativa de revelar todos aqueles que colaboravam com KGB nos tempos soviéticos. Ninguém na Lituânia tem duvidas porque o hino soviético foi recentemente equiparado aos símbolos nazis.
REPÚBLICA DA GEÓRGIA – TEATRO DAS SOMBRAS
Na Geórgia, o Museu da ocupação soviética foi aberto em maio de 2006. O iniciador da criação desta exposição foi deputado do parlamento nacional – Nicolau Rurua. Ele tem contas a saldar com o passado soviético, pois um dos seus bisavôs foi fuzilado pelos bolcheviques em 1924 e um outro morreu na Argentina.
A sala no Museu nacional é recortada ao meio pelo corredor com tapete vermelho, em cada lado estão pendurados as portas das antigas prisões georgianos. Existe uma porta № 7, diz-se que pertencia à câmara da prisão na cidade de Kutaisi, onde em tempos foi preso revolucionário Iosif (José) Stalin. Junto às paredes, pelo perímetro da sala, estão penduradas fotografias, documentos e listas das vítimas dos serviços secretos soviéticos.
Ao contrário da Letónia e Lituânia, na Geórgia quer as vítimas, quer os carrascos tinham apelidos georgianos. Claro, que havia excepções: comandante do pelotão de fuzilamento tinha apelido russo – Shashurkin. Nas noites de fuzilamento ele bebia vodka e acabava por comer um quilo de manteiga. Shashurkin fuzilava pessoas na Geórgia entre 1926 e 1948. Depois enlouqueceu, perseguia as pessoas nas ruas e “disparava” contra as nucas deles, imitando o tiro com o seu dedo indicador.
O Museu possui uma antiga carruagem, que em 1924 serviu para transportar 100 nobres georgianos para o fuzilamento. A exposição mostra também a famosa carta dos anciões georgianos ao presidente americano com pedido de os libertar dos comunistas, escrita e mandada aos EUA em 1936. NKVD consegui interceptar a carta, e 39 dos seus assinantes foram fuzilados. Recentemente, presidente Mikheil Saakashvili levou a cópia da carta a Washington e a entregou ao presidente Bush. 70 anos depois.
O senador John McCain foi único visitante do Museu, que logo à partida descobriu para que servia um certo gancho de ferro. Na parede da sala está colocada uma fotografia enorme da câmara onde eram fuziladas as pessoas. No chão existe uma especial escotilha de canalização, ao lado está o gancho. Isso foi a invenção dos carrascos georgianos: com gancho eles seguravam a cabeça do fuzilado em cima da escotilha, para disparos serem “mais cómodos” e para não sujar o seu bonito fardamento militar. McCain logo disse de que se tratava, ele viu algo parecido durante o seu cativeiro no Vietname.
UCRÂNIA: MUSEU DA OCUPAÇÃO SOVIÉTICA
O Museu da ocupação soviética na cidade de Kyiv é dedicado aos crimes cometidos pelo regime soviético na Ucrânia entre 1917 e 1991. Primeiramente, foi estabelecido em novembro de 2001 com uma exposição dedicada ao poeta ucraniano Vasyl Stus, pela mão da Sociedade “Memorial”, através da exposição “Não pode ser esquecido: Crónicas da Inquisição Soviética”. Entre 2001 e 2007 exposição cresceu até o tamanho do museu e no dia 30 de maio de 2007 recebeu o seu nome corrente.
O Museu possui um grande mapa dos campos de concentração soviéticos, uma biblioteca especial que guarda livros, documentos de arquivo e filmes. O Museu foi visitado pelo Presidente da Uniao Pan – Europeia, Sr. Alain Terrenoire, políticos europeus e deputados do Parlamento Europeu, como Otto von Habsburg. O Museu da ocupação soviética em Kyiv já foi alvo do ataque daqueles, que pretendem ocultar ou negar os crimes do regime soviético na Ucrânia.
Os crimes da guerra da rússia (Ucrânia):
http://memorial.kiev.ua
O Museu virtual do GULAG na Rússia, cidade de São Petersburgo é dedicado ao terror soviético e à história de resistência: http://www.gulagmuseum.org
O Museu virtual do GULAG (Praga): Gulag.online
A página do Museu da ocupação da Estónia (Tallinn): Vabamu
A página do Museu do comunismo da República Checa (Praga):
http://www.muzeumkomunismu.cz/en
A página do Museu da ocupação fascista e comunista da Hungria (Budapeste): http://www.terrorhaza.hu/hu
@David Mdzinarishvili / Reuters; http://www.gulagmuseum.org ; http://www.memorial.kiev.ua
2 comentários:
Continua a ser interessante visitar este blog! Muito obrigada! Nunca fui à Ucrânia mas, quando estive em Praga também vi anúncios a um museu deste género que, infelizmente, não cheguei a visitar. Compreendo muito bem o problema. Mas na Europa Ocidental os jovens já começam a interrogar-se sobre a História que aprendem na escola e acham que a URSS, tal como a Alemanha nazi, tem que ser conhecida pelos factos e não pela ideologia.
Quanto a dar-lhe o mail sugiro que me envie primeiro um mail através do blog porque não o quero tornar público...
E, por último, embora não tenha a certeza se isto tem ou não interesse para os ucranianos, como tem a ver com Moçambique, lembrei-me de dar conhecimento: é uma entrevista com o escritor Moçambicano Mia Couto:
http://ricardoriso.blogspot.com/2008/07/mia-couto-e-cplp-moambique-e-no-pas-de.html
"Os comunistas não são de esquerda, são do leste" Guy Mollet
http://unjourunecitation.blogspot.com/2007/03/gographie-politique.html
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