Em Julho de 2008, a Ucrânia comemora os 1020 anos do baptismo do estado proto – ucraniano, conhecido como Rus de Kyiv ou Principado de Kiev, país trazido à cristandade pelo rei Volodymyr I de Kyiv. Mas as comemorações em curso, apenas reacenderam o conflito existencial entre principais ramos da Igreja Ortodoxa Ucraniana. Após longas batalhas da entrada do país na NATO, a Ucrânia, desta vez, está debatendo a sua independência espiritual, que neste caso significará o fim de subordinação da Igreja Ortodoxa Ucraniana à Moscovo e a sua passagem para a jurisdição do líder espiritual da Igreja Ortodoxa Mundial, o Patriarca Bartolomeu I. Desejo, que nada agrada o patriarca da Igreja Ortodoxa russa, Alexis II, acusado por alguns de ser o agente da KGB, nome de código “Drozdov”.
Na literatura histórica e na Internet, é possível encontrar várias referências à Rus de Kyiv e ao Volodymyr (Vladimir de Kiev), como partes integrantes da história russa. Algo que não corresponde a objectividade histórica, pois se é verdade que Rus de Kyiv deu a origem aos três estados actuais: Belarus, Rússia e Ucrânia, não é menos verdade, que cidade de Kyiv (Kiev) é a capital da Ucrânia. Quer alguém queira, quer não.
Nos últimos 90 anos, a Igreja Ortodoxa Ucraniana dividiu-se duas vezes: em 1921 surgiu a Igreja Auto – Cefálica Ortodoxa Ucraniana (UAPC), criada pela hierarquia ortodoxa que apoiou o surgimento da República Popular da Ucrânia (1917 – 1920). Outra divisão surgiu em 1989, quando igreja ortodoxa da Ucrânia se dividiu em dois patriarcados: a Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Moscovo (UPC – PM) e a Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Kyiv (UPC – KP). Situação tensa, mas minimamente estável até agora (embora não sei se é possível imaginar uma “Igreja Católica Portuguesa – Patriarcado de Madrid” ou a “Igreja Católica Brasileira – Patriarcado da Argentina”...)
Nos últimos 90 anos, a Igreja Ortodoxa Ucraniana dividiu-se duas vezes: em 1921 surgiu a Igreja Auto – Cefálica Ortodoxa Ucraniana (UAPC), criada pela hierarquia ortodoxa que apoiou o surgimento da República Popular da Ucrânia (1917 – 1920). Outra divisão surgiu em 1989, quando igreja ortodoxa da Ucrânia se dividiu em dois patriarcados: a Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Moscovo (UPC – PM) e a Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Kyiv (UPC – KP). Situação tensa, mas minimamente estável até agora (embora não sei se é possível imaginar uma “Igreja Católica Portuguesa – Patriarcado de Madrid” ou a “Igreja Católica Brasileira – Patriarcado da Argentina”...)
As comemorações do baptismo da Ucrânia
De antemão se sabia que a Ucrânia será visitada pelos dois patriarcas mais influentes do mundo ortodoxo: o Patriarca Bartolomeu I na qualidade do líder máximo da Igreja Ortodoxa e o patriarca da Igreja Ortodoxa russa, Alexis II, pois a fracção de UPC – MP vê ele como o seu líder espiritual. O programa das celebrações não foi revelada até último momento, pois não reunia o consenso. Apenas sabia-se que os dois Patriarcas iam participar nas cerimónias. Mas Alexis II concordou vir à Ucrânia só no caso de o Estado ucraniano se comprometer a não convidar os “cismáticos”: UPC – KP, UAPC e a Igreja Grego – Católica Ucraniana (igreja muito activa entre os emigrantes ucranianos em Portugal e nas comunidades ucranianas do Brasil).
O Patriarca Bartolomeu I chegou à Ucrânia no dia 25 de Julho, ele foi recebido pelo Presidente Victor Yushchenko no aeroporto internacional de Kyiv. O Patriarca participou nas cerimónias do Estado: deposição das flores nos monumentos das personalidades históricas (Volodymyr I de Kyiv, Olga de Kyiv, entre outros), eucaristia e deposição de flores em memória das vítimas do Holodomor, etc.
Patriarca russo Alexis II chegou no dia seguinte e teve a sua própria agenda dos encontros e comemorações. Dois patriarcas se encontraram uma única vez, numa eucaristia conjunta.
Na tarde do dia 26 de Julho, Presidente da Ucrânia deu uma recepção especial para o Patriarca Bartolomeu I, sem a presença do patriarca russo.
O Patriarca Bartolomeu I chegou à Ucrânia no dia 25 de Julho, ele foi recebido pelo Presidente Victor Yushchenko no aeroporto internacional de Kyiv. O Patriarca participou nas cerimónias do Estado: deposição das flores nos monumentos das personalidades históricas (Volodymyr I de Kyiv, Olga de Kyiv, entre outros), eucaristia e deposição de flores em memória das vítimas do Holodomor, etc.
Patriarca russo Alexis II chegou no dia seguinte e teve a sua própria agenda dos encontros e comemorações. Dois patriarcas se encontraram uma única vez, numa eucaristia conjunta.
Na tarde do dia 26 de Julho, Presidente da Ucrânia deu uma recepção especial para o Patriarca Bartolomeu I, sem a presença do patriarca russo.
No dia 27 de Julho, às 8h30, na colina do São Volodymyr em Kyiv foi celebrada a liturgia festiva com a presença de dois Patriarcas, Presidente da Ucrânia, delegação da Igreja Ortodoxa da Grécia e da Albânia, as igrejas locais. Após essa cerimónia, o Patriarca Bartolomeu I deixou a Ucrânia, enquanto o Alexis II viajou para região de Donetsk (leste da Ucrânia), da onde regressou à Moscovo.
Ninguém sabe o que acontecerá depois. Um dos cenários possíveis é a Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Kyiv (UPC – KP) poderá adquirir o estatuto da Metrópole independente do Moscovo (algo que já aconteceu em 1458), passando pela jurisdição directa da Constantinopla. Isso fará com que o líder da UPC – KP, o Patriarca Filaret obterá a legitimidade necessária no mundo ortodoxo e o próprio Patriarcado de Constantinopla (que tem na Turquia actual apenas 3.000 fieis), tornasse-a mais independente do Moscovo. Os bispos da UPC – KP “nem confirmam, nem desmentem” essa pressuposição, apenas pedem para ter esperança: “Será de maneira como será”, - dizem as hierarquias da igreja ucraniana.
De uma ou de outra maneira, ninguém duvida que as celebrações dos 1020 anos do baptismo da Ucrânia serão transformadas num marco histórico importante. Quer em Kyiv, quer em Moscovo se chamam o acontecimento de “Rubicão”, apenas não se sabe, quando este será cruzado – antes ou depois das celebrações. Patriarca Bartolomeu I até agora optou pelo silêncio.
No entanto, no centro de Kyiv apareceram caixas publicitárias (lightbox) com imagem do Alexis II e a frase “Ucrânia felicita o seu Patriarca”. A Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Moscovo (UPC – MP) afirmou através do seu porta – voz que não encomendou essa publicidade e aconselhou os jornalistas a procurar os interessados entre as organizações cívicas.
Os jornais ucranianos informam que o custo diário de um único lightbox é de 632 USD, mais IVA e mais o imposto sobre a publicidade. A agência gestora de publicidade disse “of record”, que cliente alugou os 200 locais no centro de Kyiv por um prazo de 8 dias. Fazendo o cálculo simples, nota-se que alguém gastou mais de um milhão de dólares, apenas para felicitar Alexis II em nome do país. Jornalistas acreditam que a publicidade foi paga pelas estruturas próximas do Partido de Regiões, encabeçado por “duas vezes não condenado”, o proffessor (em escrita própria), Viktor Yanukovich.
Lembrando os velhos tempos dos anos 90, o Partido Popular da Ucrânia (UNP), colocou nas janelas do seu escritório em Kyiv um dístico que dizia: “Fora com o pope moscovita”.Fontes:
http://ledilid.livejournal.com/
http://www.umoloda.kiev.ua/number/1210/161/42949 (Hennadiy Bykodir)
http://www.umoloda.kiev.ua/number/1210/161/42948 (Oleh Snigur)
Fotos: Mykola Lazarenko, Mihaylo Markiv e Tetiana Shevchenko
Quem é o Alexis II / agente "Drozdov" ?
Aleksey M. Ridiger nasceu aos 23 de Fevereiro de 1929, na cidade de Tallinn na Estónia. Tendo apenas 8 classes de escolaridade (escola não concluída por doença) e Academia Ortodoxa, é nomeado o prior de uma Catedral. Três anos mais tarde tomou o habito e tornou-se o Bispo de Tallinn (tinha 32 anos e era casado), após três anos do serviço era Arcebispo, quatro anos mais tarde – Metropolitano. Em dez anos o homem fez a carreira que outros fazem a vida inteira. Entre 1961 e 1968 visita uma dúzia de países: Israel, Reino Unido, Alemanha Federal, no tempo quando os sacerdotes geralmente não viajavam tanto.
Nos anos 90, nos arquivos de Tallinn foi encontrado documento endereçado ao Conselho dos Ministros da Estónia Soviética: “Relatório da actividade operativa e dos agentes do ano de 1958 do 4° Departamento do KGB sob jurisdição do Conselho dos Ministros da Estónia Soviética”. Tinha o titulo: “Estado da actividade operativa e dos agentes na coibição das actividades hostis dos religiosos e seitas”. (Pasta “Absolutamente Secreto”. Cópia 2. Série “K”).
O relatório continha os dados de várias dezenas dos agentes. Entre eles agente “Drozdov”, nascido em 1929, padre ortodoxo, formação superior teológica, Doutor da Teologia. “Alistado na KGB aos 28 de Fevereiro de 1958 por razoes patrióticas, para revelação e acompanhamento dos elementos anti – soviéticos do clero ortodoxo. [...] Durante o aliciamento foi tida em conta a sua futura promoção (após o assentamento no trabalho prático), através das possibilidades existentes ao posto de Bispo de Tallinn e da Estónia.
Durante a colaboração com órgãos da KGB, “Drozdov” mostrou as suas capacidades positivas, é cuidadoso com encontros, enérgico, sociável. [...] Tem vontade de cumprir as nossas tarefas e já apresentou vários materiais validos, usados para documentar as actividades criminosas do membro da direcção da igreja ortodoxa de Jõhvi. [...] Após o assentamento do agente no trabalho prático [...] planeamos também o seu uso em nossos interesses através das viagens aos países capitalistas em delegações religiosas”.
Fonte:
http://www.compromat.ru/main/rpc/a.htm
http://ledilid.livejournal.com/
http://www.umoloda.kiev.ua/number/1210/161/42949 (Hennadiy Bykodir)
http://www.umoloda.kiev.ua/number/1210/161/42948 (Oleh Snigur)
Fotos: Mykola Lazarenko, Mihaylo Markiv e Tetiana Shevchenko
Quem é o Alexis II / agente "Drozdov" ?
Aleksey M. Ridiger nasceu aos 23 de Fevereiro de 1929, na cidade de Tallinn na Estónia. Tendo apenas 8 classes de escolaridade (escola não concluída por doença) e Academia Ortodoxa, é nomeado o prior de uma Catedral. Três anos mais tarde tomou o habito e tornou-se o Bispo de Tallinn (tinha 32 anos e era casado), após três anos do serviço era Arcebispo, quatro anos mais tarde – Metropolitano. Em dez anos o homem fez a carreira que outros fazem a vida inteira. Entre 1961 e 1968 visita uma dúzia de países: Israel, Reino Unido, Alemanha Federal, no tempo quando os sacerdotes geralmente não viajavam tanto.
Nos anos 90, nos arquivos de Tallinn foi encontrado documento endereçado ao Conselho dos Ministros da Estónia Soviética: “Relatório da actividade operativa e dos agentes do ano de 1958 do 4° Departamento do KGB sob jurisdição do Conselho dos Ministros da Estónia Soviética”. Tinha o titulo: “Estado da actividade operativa e dos agentes na coibição das actividades hostis dos religiosos e seitas”. (Pasta “Absolutamente Secreto”. Cópia 2. Série “K”).
O relatório continha os dados de várias dezenas dos agentes. Entre eles agente “Drozdov”, nascido em 1929, padre ortodoxo, formação superior teológica, Doutor da Teologia. “Alistado na KGB aos 28 de Fevereiro de 1958 por razoes patrióticas, para revelação e acompanhamento dos elementos anti – soviéticos do clero ortodoxo. [...] Durante o aliciamento foi tida em conta a sua futura promoção (após o assentamento no trabalho prático), através das possibilidades existentes ao posto de Bispo de Tallinn e da Estónia.
Durante a colaboração com órgãos da KGB, “Drozdov” mostrou as suas capacidades positivas, é cuidadoso com encontros, enérgico, sociável. [...] Tem vontade de cumprir as nossas tarefas e já apresentou vários materiais validos, usados para documentar as actividades criminosas do membro da direcção da igreja ortodoxa de Jõhvi. [...] Após o assentamento do agente no trabalho prático [...] planeamos também o seu uso em nossos interesses através das viagens aos países capitalistas em delegações religiosas”.
Fonte:
http://www.compromat.ru/main/rpc/a.htm
P.S.
De acordo com o ex – espião soviético Oleg Gordievsky, o “curador” do Ridiger – “Drozdov” era general do KGB Nikolai Patrushev, actualmente o Secretário do Conselho da Segurança da Rússia.
De acordo com o ex – espião soviético Oleg Gordievsky, o “curador” do Ridiger – “Drozdov” era general do KGB Nikolai Patrushev, actualmente o Secretário do Conselho da Segurança da Rússia.
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