domingo, dezembro 08, 2024

Ditador sírio Bashar al-Assad morreu no acidente aéreo

Duas fontes sírias disseram à Reuters, no dia 8 de dezembro, que era altamente provável que o presidente sírio, Bashar al-Assad, tivesse morrido na queda do avião. 

De acordo com o Flightradar24, o avião da companhia estatal síria Syria Air Il-76T descolou de Damasco às 1h55 UTC (4h55 hora da Síria). O avião dirigiu-se para zonas costeiras onde se encontram as bases aéreas e navais russas. Às 2h32 UTC, o avião fez uma curva acentuada e começou a descer. Às 2h39 o avião desapareceu do radar, altura em que se encontrava a 500 metros de altitude. 

“Desapareceu do radar, talvez o transponder tenha sido desligado, mas penso que é mais provável que o avião tenha sido abatido”, disse uma das fontes à Reuters. 

Um modelo de voo 3D construído com base em dados do serviço Flightradar24 pode indicar que o avião do presidente sírio poderá ter caído. De acordo com várias fontes, aproximadamente uma hora após a descolagem, a aeronave Il-76T mudou abruptamente de direção e em poucos minutos desceu abruptamente de uma altitude de mais de 12 mil pés (3,65 km) para 3.500 pés (1 km) perto de Homs.

Segundo os habitantes locais, antes da queda do avião, ouviram o lançamento de mísseis antiaéreos a partir de uma base militar próxima, onde, segundo os rumores, se encontravam sistemas de defesa aérea.

Bashar al-Assad deixou Damasco de avião depois de grupos armados que combatiam as forças antigovernamentais sírias terem entrado na cidade. Militantes sírios, falando na televisão estatal, disseram ter derrubado o regime de Bashar al-Assad. 

Durante a ofensiva de 10 dias, os adversários de Assad assumiram o controlo de Alepo, Hama, Deir ez-Zor, Daraa e Homs. Os militares sírios disseram que continuavam as operações contra os militantes em Hama, Homs e Daraa. 

Bónus 

Muito interessante será a forma como a federação russa planeia resgatar os seus militares de 12 postos de controlo na fronteira com as Colinas de Golã sírias. Extremamente curioso.

Blogueiro

É o fim de mais um ditador alinhado com a rússia (e mais glabalmente, por parte do seu pai, ainda com a URSS).

Será que os russos liquidaram Bashar ao estilo usado para matar Prigozhin? Uma queima de arquivos ao estilo russo? O avião era um IL-76T russo, que não podia ser reparado, nem voar sem os pilotos russos. Assad reconheceu a ocupação russa da Crimeia e de todos os territórios ucranianos temporariamente ocupados em 2014. Num conhecido encontro da Liga Árabe, Bashar tirou os fones de ouvidos, de forma ostensiva, para não ouvir o discurso do presidente Zelensky. Era um inimigo da Ucrânia, embora Ucrânia nada de mal fez ao seu país. Milhares de estudantes sírios estudaram na Ucrânia, se casaram, formando as famílias sírio-ucranianas. Esperamos que tenha morrido e que vá ao inferno. Assim como todos os outros aliados do Kremlin espalhados pelo mundo. 

O regime de Assad caiu após 53 anos no poder

O regime de Assad caiu. O exército recusou-se a protegê-lo. Os rebeldes entraram em Damasco sem combater, apareceram na televisão nacional e anunciaram o fim de um clã que durou 53 anos e foi afastado do poder em 11 dias. 


A URSS financiou Hafez al-Assad e rússia financiou o seu filho, Bashar al-Assad, lutando militarmente por ele durante quase 10 anos. Neste período, foram gastos na Síria dezenas de milhares de milhões de dólares que poderiam ter sido gastos em escolas e hospitais na própria rússia. Segundo dados oficiais russos, 118 militares russos foram mortos na Síria. Mais cerca de 200 mercenários da EMP Wagner, que, realmente ninguém contou. 

Tudo isto foi em vão e sem sentido. O regime em que tanto esforço foi investido ruiu no espaço de uma semana. O mundo inteiro teve mais uma vez a oportunidade de ver quanto valem todas as ameaças e promessas de putin. 

As tropas de Assad e os militares russos renderam a Palmira sem oferecer resistência:

Palmira foi recapturada dos militantes do Daesh por mercenários da EMP Wagner e os russos estavam muito orgulhosos disso. O exército de Assad, tal como o seu regime, desmoronou-se diante dos nossos olhos.

Bónus

Um dos maiores portais russos de notícias, Lenta.ru, publicou em 2018 um extenso long-read com acusações diretas contra o clã que domina Síria desde1971: “Assad traiu a Rússia e matou brutalmente milhares de sírios. [Seu] filho ainda está aprendendo”.

Bónus II 

Surgiu a informação do que Bashar al-Assad terá provavelmente caído num avião de carga Il-76, do qual tentava escapar em direção desconhecida. O avião perdeu altitude e desapareceu do radar perto do Líbano, houve uma explosão,  reporta Clash.

A informação surge nos meios de comunicação social de que um avião Il-76 da companhia aérea estatal síria Syria Air, a levantar voo de Damasco por volta das 4h45 locais, com Bashar al-Assad a bordo, poderia ter sido abatido.

Um modelo de voo 3D construído com base em dados do serviço Flightradar24 pode indicar que o avião do presidente sírio poderá ter caído. De acordo com várias fontes, aproximadamente uma hora após a descolagem, a aeronave Il-76 mudou abruptamente de direção e em poucos minutos desceu abruptamente de uma altitude de mais de 12 mil pés (3,65 km) para 3.500 pés (1 km) perto de Homs.

Segundo os habitantes locais, antes da queda do avião, ouviram o lançamento de mísseis antiaéreos a partir de uma base militar próxima, onde, segundo os rumores, se encontravam sistemas de defesa aérea.

A informação ainda não foi confirmada.

sexta-feira, dezembro 06, 2024

As primeiras fotos dos mísseis-drones ucranianos «Peklo»

A produção em série do drone à jato ucraniano / pequeno míssil de cruzeiro «Peklo» (literalmente «Inferno»), que desenvolve a velocidade de até 700 km/h e possui a autonomia de voo de até 700 km.

As fotos da ceremónia de entrega pela corporação Ukroboronprom às Forças Armadas da Ucrânia.






Bónus 

🎥 O vídeo mostra os episódios atmosféricos de trabalho de combate na aniquilação dos invasores russos na região de Zaporizhzhia, realizados por unidades Kraken, Artan, Arey, Legião Internacional e operadores de drones da GUR MOU.


A espiã russa formalmente acusada pelo Departamento de Justiça dos EUA

A russa Nomma Zarubina, residente nos Estados Unidos, foi acusada pelo Departamento de Justiça dos EUA de colaborar com os serviços secretos russos e de reportar informações falsas sobre si própria aos agentes do FBI. 

O Departamento de Justiça dos EUA acusou a cidadã russa Nomma Zarubina, de 34 anos, que vive em Nova Iorque, de colaborar com os serviços secretos russos e de reportar informações falsas sobre si própria a agentes do FBI. Isto foi noticiado pelo advogado Igor Slabykh, autor do TG canal das notícias jurídicas dos EUA e pelo projeto Russian America for Democracy in Russia (RADR), escreve a publicação Meduza.io 

Tudo indica que Zarubina foi incumbida pela direcção regional de FSB de Tomsk, de desenvolver uma rede de contactos nos EUA entre jornalistas, funcionários de grupos de reflexão e professores universitários, ela também recebia periodicamente as tarefas de “trabalhar em determinados indivíduos” com vista à possibilidade de os convencer de adotar a “visão russa da situação”. Em algum momento, Zarubina contactou FBI, mas escondeu dos agentes que tinha contactos com os serviços de informação russos. De acordo com a RADR, o FSB recrutou Zarubina em 2020, atribuindo-lhe o nome de código de «Alyssa». Zarubina “trabalhou e manteve uma relação pessoal próxima”, com Elena Branson, a responsável do Centro Russo em Nova Iorque (RCNY). Em setembro de 2020, o FBI conduziu uma busca em casa da Branson, após a qual ela fugiu para a rússia. As autoridades norte-americanas acusaram-na de espalhar a influência russa sob as ordens da rússia, de conspiração e de violar a lei dos «agentes estrangeiros». Branson nunca mais voltou aos Estados Unidos. 

Neste momento Zarubina só é acusada de reportar informações falsas; não foi formalmente acusada de espionagem ou de ser uma “agente estrangeira” não registada; segundo Dr. Slabykh, Zarubina foi detida a 21 de novembro e depois libertada sob fiança de 25 mil dólares com restrições adicionais: o seu passaporte foi retido, foi proibida de ter contactos com as autoridades russas e de viajar para fora de Nova Iorque. 

O antigo chefe de gabinete de Alexei Navalny, político russo Leonid Volkov, escreveu publicamente que se lembrava da Zarubina, que viu em Washington, em janeiro de 2023, numa reunião pública com apoiantes. O político disse que reparou numa menina que estava sentada na primeira fila da plateia, esteve a olhar para o telefone durante toda a reunião e não mostrou nenhum interesse na conversa. “Mas assim que a reunião terminou, ela foi a primeira a saltar na minha direção e a pedir uma selfie. E imediatamente após a selfie, saiu”, escreveu Volkov. 

Da forma muito semelhante Zarubina se comportava nos diversos outros eventos: “interesse zero no conteúdo da conversa, mas uma selfie obrigatória a qualquer custo com o maior número possível de figuras públicas”. 

Zarubina mantem perfis em diversas redes sociais  VK, Facebook, Instagram, Linkedin. Em 2014, ela publicou um vídeo com um discurso do neofascista russo Alexander Dugin sobre Ucrânia e o discurso de Vladimir Putin sobre a anexação da Crimeia, e em 2016  citações críticas de Dostoiévski sobre liberais e artigos sobre “sujidade e devastação” nos Estados Unidos . A julgar pelas publicações, pouco depois de se ter mudado para os Estados Unidos, em março de 2016, Zarubina casou-se. 

Em entrevista ao Sibir.Realii, Zarubina contou que era originária de Tomsk, foi para os EUA como turista, conseguiu um visto de estudante e veio para a rússia pela última vez em março de 2022 – levou a filha, que vivia com a avó. Segundo a própria, os serviços secretos russos contactaram-na em 2020, durante uma das suas visitas à rússia, para depois “manter contacto por alguns dos seus motivos internos”. 

De dezembro de 2020 à 2022 Zarubina, comunicou regularmente com um oficial do FSB de Tomsk, cujas mensagens incluíam “um pedido para realizar determinadas tarefas nos Estados Unidos”. Por exemplo, em 2021, Zarubina deveria visitar o Fórum Económico Internacional de São Petersburgo (SPIEF) e encontrar jornalistas que estivessem dispostos a publicar “histórias positivas sobre este acontecimento e sobre a rússia”. Também no telefone de Zarubina estava uma foto dos contactos de um produtor de uma “empresa estatal de media internacional” alemã, tirada, segundo o FBI, sob instruções de um oficial dos serviços de informação russos. 

Zarubina no espaço ucraniano Ukraine House em Nova Iorque

O documento cita a própria Zarubina dizendo que quando se encontrou pela primeira vez com o oficial do FSB em Tomsk, ele queria “mapear” os seus contactos nos Estados Unidos e “encontrar formas de tirar partido de ligações úteis”. Zarubina terá concordado em trabalhar com ele. 

Zarubina tem sido repetidamente oradora em reuniões do Fórum dos Povos Livres da Pós-rússia, uma plataforma para discutir a descolonização da rússia. No final de Novembro de 2024, o Supremo Tribunal da federação russa declarou o Fórum e as suas divisões estruturais como “organizações terroristas”. 

Agora Zarubina espera pelo julgamento. Espera-se que o FBI apresente as provas e o juiz decidirá se Nonna Zarubina será julgada e em que concretamente será acusada. 

Zarubina em Kyiv na Maydan em 2016

Tudo indica que Zarubina era usada pelo FSB para espiar a comunidade emigrante russa nos EUA e também para tentar se aproximar às organizações ucraniano-americanas, usando, como a mais valia, a sua origem étnica supostamente «siberiana».

A procura ucraniana pela sua herança cultural executada

Inesperadamente, o NYT publicou um artigo muito decente sobre o «Renascimento executado» ucraniano e como a rússia de hoje continua a destruir a cultura ucraniana na guerra em curso. 

por: Constant Méheut 

O regime soviético matou uma geração de escritores e poetas ucranianos na década de 1930. O seu legado está a ser recuperado à medida que a Ucrânia luta para preservar o seu património cultural.

Na Ucrânia, são conhecidos como o “Renascimento Executado”, artistas literários pioneiros cujas vidas foram exterminadas pelas brutais purgas de Estaline na década de 1930.

Vivendo juntos num prédio de apartamentos e abraçando formas de arte experimentais, estes escritores, poetas e realizadores lideraram o florescimento da cultura e identidade ucranianas há cerca de um século.

Mas esta era dourada durou pouco. O regime soviético cedo começou a vigiar, a prender e, por fim, a executar cerca de metade dos escritores, num esforço para abafar a cultura ucraniana. Durante décadas, as suas obras foram banidas e o seu legado quase apagado.

Até agora.

Face à invasão russa, a história do Renascimento Executado ganhou nova ressonância à medida que muitos ucranianos procuram recuperar a sua herança cultural. A vida dos escritores está a ser contada num musical, numa longa-metragem e num livro de memórias. Existe até uma linha de moda temática à volta deles, com hoodies cheias de buracos de bala para simbolizar os seus assassinatos.

“É uma grande tendência”, disse Yaryna Tsymbal, autora de “Our Twenties”, uma antologia da literatura ucraniana dos anos 1920. Ela disse que a procura de projetos sobre os artistas veio “de todo o lado: editoras, revistas, teatros”.

O súbito interesse após um século de silêncio reflecte um fenómeno mais amplo na Ucrânia durante a guerra. Muitas pessoas abraçaram a cultura ucraniana – como as canções folclóricas, a poesia e os pintores esquecidos – para afirmar a sua identidade e contrariar as tentativas de Moscovo de apagar a herança cultural do seu país.

Mas a história dos artistas tocou particularmente os ucranianos, porque a encararam como um aviso sobre o que poderia acontecer se a Ucrânia perdesse a guerra: o silenciamento da sua cultura, mais uma vez.

“O que eles procuram nesta história da Renascença Executada é a inspiração para continuar a lutar”, disse Oleksandr Khomenko, diretor do musical. “Não querem que a história se repita.”

No centro desta história está o edifício «Slovo», uma residência de escritores, cujo nome significa «palavra» em ucraniano. Concluído em 1929 na cidade de Kharkiv, no nordeste do país, então capital da Ucrânia soviética, era um edifício moderno em que cada apartamento tinha a sua própria casa de banho e telefone, um luxo na época, disse Tetiana Pylypchuk, chefe do Museu de Literatura de Kharkiv. 

Ler mais em inglês: https://archive.ph/2024.12.04-110940/https://www.nytimes.com/2024/12/04/world/europe/stalin-ukraine-writers-war.html#selection-4843.0-4881.367