A deterioração das relações sino-soviéticas foi baseada nas diferenças ideológicas e políticas entre o PCUS e PCC. Muitos fatores se tornaram obstáculos: a avaliação da herança do Estaline/Stalin, a possibilidade de coexistência pacífica dos estados comunistas e capitalistas, experiências económicas chinesas, etc. Após a morte do ditador soviético Estaline, Mao tentou desempenhar um papel mais notável no controlo e influência no movimento comunista internacional. Algo que desagradava Moscovo.
A China comunista avançou a ideia de guerra revolucionária. Mao considerava a terceira guerra mundial como uma bênção, pois não tinha dúvidas sobre a derrota do “imperialismo”. A morte de milhões de pessoas foi considerada pelo líder chinês como uma inevitabilidade para alcançar o grande objetivo – a vitória do comunismo em escala global. Na reunião de representantes dos partidos comunistas e trabalhadores em Moscovo/u em novembro de 1957, Mao apresentou a tese de que, mesmo que no caso de uma guerra termonuclear metade da humanidade seja destruída, a segunda metade, os povos vitoriosos, “de forma extremamente rápida criarão nas ruínas do imperialismo uma civilização mil vezes mais avançada do que com o sistema capitalista, construirão o seu futuro verdadeiramente lindo”.
Além disso, os chineses reivindicaram mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados de território soviético, cedido, ao império russo entre 1860 à 1915 no âmbito dos acordos bilaterais. Por exemplo, não houve a demarcação rigorosa da fronteira entre a Rússia e a China desde o acordo de Pequim de 1860. Centenas de ilhas desabitadas nos rios Ussuri e Amur não foram delimitadas, de fato e de jure eram “de ninguém” e eram usadas nas atividades económicas de ambas as partes.
Mais, em outubro de 1933, após a ocupação japonesa da Manchúria, o Conselho de Ministros da URSS tomou a decisão secreta de “transferir” a linha da fronteira, que passava pelos rios, até à costa chinesa. A URSS, de uma forma unilateral, assumiu o controlo/e exclusivo de quase todas as ilhas nos rios de Amur e Ussuri. A “movimentação” da fronteira também aconteceu em algumas parcelas terrestres. A URSS ocupou, ilegalmente um total de mais de 220 ilhas e áreas terrestres. A linha da fronteira não foi legalmente enquadrada e também nunca reconhecida pela China.
Os militares chineses momentos antes do início de combates, 2/03/1969. Foto do militar soviético morto de seguida. |
Da parte soviética nos combates pelo controlo da ilha Damansky, com território de apenas 0,74 km², no rio Ussuri morreram 58 militares, entre eles 49 pertenciam às tropas de guarda-fronteira, filiados no KGB. Os 94 militares foram feridos, cinco condecorados ao título do Herói da União Soviética, três deles ao título póstumo. As baixas chinesas são desconhecidas e são avaliados entre 100 à 800 pessoas (civis e militares).
Artilharia chinesa, dias 14-15/03/1969. Foto: arquivo |
Ainda antes do fim de 1969 a ilha foi totalmente ocupada pelo exército da China comunista. As autoridades chinesas instalaram na ilha um monumento com os nomes dos seus militares, considerados heróis nacionais da China, que morreram em 1969. Os militares da guarda-fronteira chinesa tomam o ali o seu juramento. Desde 2009 na ilha se situa uma base nacional de patriotismo, aprovada oficialmente. Na ilha também funciona um museu dedicado aos acontecimentos de 1969, com entrada proibida aos estrangeiros.
Dentro do museu, foto: Internet |
No dia 19 de maio de 1991, a ilha Damansky foi oficialmente entregue à China sob um novo acordo da fronteira comum sino-soviética. No total, no início da década de 1990 a URSS / Rússia entregou à RP China mais de 600 ilhas nos rios Amur e Ussuri, bem como 10 km² de área terrestre.
Blindado T-62, número 545, capturado pelos chineses, foto: arquivo |
Ver o filme propagandista soviético “Provocação no rio Ussuri”, 1969:
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