por: Bruno Maçães, jornalista e político português (trechos do texto original traduzido na base da impressão da Gorgona Bobrovytska)
“Estes dias a cidade de Kyiv é a cidade não espiões, mas de jornalistas. Eu não posso tomar café com ninguém sem que de um canto escuro não salte dois ou três jornalistas gritando: “Eu ouvi a vossa conversa!”. Os Repórteres de todo o mundo reúnem-se em cafés hipster de Kyiv”.
“Você
pode vê-los em de ensaios dos diretos em pizzarias e parques, que se
estabeleceram nas coberturas todos os hotéis conhecidos e discutem até o
amanhecer s geopolítica nos bares, que antes se sentavam supermodelos e
oligarcas. Grandes grupos de jornalistas são únicos indicadores de que a vida
na cidade não está muito normal, o que é irônico, pois é por isso que os jornalistas
vieram para cá”.Hotel "Ukrayina" (Ucrânia) no centro de Kyiv, vários jornalistas estão em direto
para os seus canais televisivos em redor do mundo. Foto: Internet
“Os
supermercados estão cheios, sem agitação, embora algumas pessoas se abasteceram
de água e da lenha para as suas casas nas aldeias... Patriotismo é um dever sério
na Ucrânia. A preparação mais importante é para lutar e não para fugir. Na
cidade nordestina de Kharkiv, perto da fronteira com a Rússia, foram compradas tantas
armas ligeiras, que o seu arsenal acabou nas lojas
“Ucranianos sentem a pressão, mas durante século de dificuldades e de ocupação estrangeira eles aprenderam reagir com dignidade”.
Depois Bruno Maçães descreve sua conversa com algum autor ucraniano (possivelmente com Andrei Kurkov), que não tem dúvida alguma da invasão russa. Quando eles caminham por uma “bela rua”, Andriivsky uzviz, autor diz que quer enviar filhas até parentes no exterior, Bruno Maçães se lembra como uma delas tocava o piano e pensa se para a semana poderá fazer o mesmo.
“Que contraste. Por um lado, milhares de soldados anônimos enviados a marchar na lama pelo homem [Putin] que nunca os olhou nos olhos. Por outro lado, uma moça que toca o piano. Não é sobre o conforto ou a vida humana ou mesmo o direito que acabarão com a guerra. É sobre a beleza, que aqueles militares [russos] odeiam mais”.
Há também há resistência. “Se os russos vêm” – diz um deputado da Rada Suprema, o Parlamento da Ucrânia – “eles vão encontrar o seu próprio inferno”.
“Eu visito Kyiv quase todos os anos desde 2014, quando a fuga do presidente Yanukovych levou às duas invasões russas, a Crimeia e na Donbas. E todos os anos a cidade parece diferente, mais consciente. A turbulência política e o abraço de um futuro europeu aceleraram o seu desenvolvimento. Fora o surgimento explosivo de novas galerias, cafés e restaurantes internacionais se transformaram a cidade num dos mais marcantes capitais europeias. Mais profundamente é uma cidade imersa na história e na política. A sua paisagem é coberta por monumentos das três revoluções: de 1991 [Independência], de 2004 [Revolução Laranja, 1º Maydan] e de 2013-14 [Revolução de Dignidade, 2º Maydan]. Antigamente o Paris poderia despertar tais sentimentos e associações. Hoje é a Kyiv que preserva o legado europeu da revolução, a tentativa coletiva a sobressair acima das circunstâncias e construir um novo futuro.
Indo para restaurantes como “Pizza Veterano” ou “Última Barricada”, você emerge nos museus vivos de recente história ucraniana. No “Veterano” o cozinheiro que prepara a pizza para você, pode ser um veterano da guerra no leste da Ucrânia. E as paredes da “Última barricada” estão cobertas com preciosas relíquias de três revoltas populares. Garçons-hipsters até me fizeram a pequena visita guiada pelo seu museu. Eis as luvas que foram usados pelo tocador de sino Ivan Sydor. À noite de 11 de dezembro de 2013, quando a polícia de choque “Berkut” começou o seu assalto ao Maydan [praça de Independência de Kyiv], o jovem estudante de teologia tocou o sino da Catedral de São Miguel, bradando para a Kyiv acordar e defender o sonho de uma Ucrânia Europeia. A última vez que este sino tocou como aviso de 800 anos atrás, durante a invasão mongol de Kyiv pelo Batu Cã/Khan, fundador da Horda Dourada.
Como começa a guerra começa? [O texto foi escrito antes da decisão do Kremlin de reconhecer os separatistas]. Para os visitantes estrangeiros serão explosões sem sentido na escuridão da noite. É para os moradores de Kyiv é mais um elo de uma longa cadeia histórica, mais um capítulo da história nacional. Na história há certo conforto, na sabedoria que muitas gerações ucranianas já tiveram que superar essas dificuldades e as gerações vindouras também passarão por eles. Ucrânia, porém, é imortal”.
4 comentários:
Eu fico chocado com a postura do Zele nessa crise. O que o povo ucraniano fez para ter esse palhaço na presidência? A melhor opção era e sempre será o Poroshenko. Deveria haver uma mobilização geral, formação de milícias civis, espalhar armas por todo território ucraniano como os finlandeses planejaram no pós-1945, além de interromper relações diplomáticas (como Kuleba sugeriu!) com a Erefii. Enfim, vamos rezar para os aliados enviarem mais armas defensivas.
PS: ao exemplo do Paquistão, a Ucrânia deveria iniciar um programa de armas nucleares urgente.
Kkkkkkkkkkkkk
Nem os aliados da Erefii reconhecem a dita Donetsk-Luhansk Republiki. A Rússia é um fracasso diplomático global!!
https://world.segodnya.ua/world/russia/soyuznik-putina-po-odkb-otkazalsya-priznat-ldnr-1604457.html
Síria, Cuba, Venezuela e Nicarágua apoiaram a independência da dita Donetsk-Luhansk Respubliki. Nossa, grandes potências))))
Uma boa notícia. A Polônia vai impedir a entrada de turistas russos. Espero que se torne uma tendência global.
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