sexta-feira, outubro 29, 2021

Os bens do consumo no “mercado paralelo” soviético

O mercado soviético sempre foi caraterizado pela falta gritante de bens mais elementares do consumo popular. As piores situações se verificavam no ramo do calçado, roupas, eletrodomésticos e viaturas.  

A tabela demonstra a falta gritante de vários bens do consumo no mercado soviético (comparação feita entre os “mercados paralelos” das cidades de Tartu na Estónia e de Moscovo, em janeiro-fevereiro de 1990): uma viatura custava 2-3 vezes acima do seu preço oficial. A máquina soviética de lavar a roupa “Vyatka" (uma cópia pirata da “Indesit” italiana) oficialmente custava 550 rublos, no mercado paralelo 2-3 vezes mais.

Os preços de eletrodomésticos ocidentais eram absolutamente proibitivos, mesmo assim constituíam o sonho da elite soviética e serviam de uma espécie de status social dos seus detentores.

É de notar que em 1990 o salário mínimo soviético era de 70 rublos. Salário médio (na educação e serviços) era de 150 rublos. Um dólar valia 0,59 copeque no câmbio oficial e 2-3 rublos no câmbio paralelo. Desde 1921 o estado soviético proibiu aos seus cidadãos todas as operações privadas com as divisas, punindo os prevaricadores com as penas entre 3 à 15 anos de cadeia efectiva com ou sem o confisco de bens. Em alguns casos a lei soviética previa a pena da morte pelas operações com as divisas estrangeiras.

Também é de mencionar que na Ucrânia os preços poderiam estar 20-30% abaixo dos praticados em Moscovo. E que os preços altos de Tartu poderiam ser explicados, parcialmente, pelo nível da vida mais alto na Estónia ainda soviética.  

Imagem original da tabela de preços @Janosh Tadeysh

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