terça-feira, maio 06, 2014

O Conselho Presidencial russo desmente os números do referendo na Crimeia

O Conselho Presidencial sobre o Desenvolvimento da Sociedade Civil e Direitos Humanos (President Sovet.ru), a principal organização estatal de direitos civis da Federação Russa, acaba de divulgar um importante relatório sobre o referendo na Crimeia, que foi o primeiro acto da tragédia nacional ucraniana que se sucedeu à insurreição da Maydan de Kyiv.

por: Nuno Rogeiro (SIC, “Sociedade das Nações”)

Explicando que não se pronuncia sobre as questões gerais de política, incluindo a legalidade da anexação, o Conselho faz revelações importantes sobre a votação.

Lembre-se que, segundo os números oficiais, votaram 83,1% dos eleitores inscritos em toda a Crimeia, e o apoio à secessão foi de 96,77%. Na altura estes números causaram estranheza, dado que há mais de 40% de falantes ucranianos e tártaros na Crimeia.

Ora o que que é que o CPDSCDH vem dizer? Que:

1. Só votaram, em toda a Crimeia, entre 30 a 50% dos eleitores inscritos, destes, 50 a 60% votaram a favor da saída da Ucrânia.

2. Em Sebastopol a afluência foi maior: entre 50 e 80%. Foi também aqui que se deu a maior adesão a uma ideia de separação, provavelmente com mais de 80% dos votos expressos.

3. Num comentário, os autores do estudo interpretam o voto mais como uma rejeição dos políticos de Donetsk, considerados corruptos e tirânicos, do que um julgamento sobre a identidade nacional ucraniana.

4. Noutra série de considerações, os autores notam as grosseiras violações de liberdade de voto, liberdade de consciência, de palavra e de reunião, durante a dita «campanha» eleitoral.

5. Referem ainda os casos de coacção e chantagem.

6. Informam que os órgãos do novo poder estatal decidiram efetivamente eliminar a Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Kyiv. A situação é muito tensa.

7. Houve a retirada de direitos aos tártaros: os órgãos do poder estatal da Crimeia transformam o Islão de religião na ideologia de protesto.

8. As instituições de ensino: em todo o Simferopol existia uma única escola com ensino em língua ucraniana. Agora ela se reorienta para o estudo em língua russa. Essencialmente, a única faculdade especializada em Filologia ucraniana - tártara na Universidade Federal da Tauria fecha-se. É necessário restaurar o ensino na escola ucraniana e na faculdade citada em língua ucraniana.

O relatório foi preparado pelo membro do Conselho, Bobrov E. A., pelo coordenador da rede “Migração e direito” do Centro da Defesa dos Direitos “Memorial”, Gannushkina S. A. e pelo advogado da rede, Tseytlina O. P., após a visita ao Simferopol e Sebastopol no período de 15 à 18 de abril de 2014, reuniões com autoridades dos poder estatal, religiosos, jornalistas, figuras públicas, advogados, ativistas dos direitos humanos e os cidadãos.

Ler o relatório completo (em russo):

1 comentário:

Anónimo disse...

http://anticomunismo0.blogspot.com/2014/04/lenin-desmascarado.html