O Conselho Presidencial sobre o Desenvolvimento da Sociedade Civil e
Direitos Humanos (President Sovet.ru),
a principal organização estatal de direitos civis da Federação Russa, acaba
de divulgar um importante relatório sobre o referendo na Crimeia, que foi o
primeiro acto da tragédia nacional ucraniana que se sucedeu à insurreição da Maydan
de Kyiv.
por: Nuno
Rogeiro (SIC, “Sociedade das Nações”)
Explicando que não se pronuncia sobre as questões gerais de política,
incluindo a legalidade da anexação, o Conselho faz revelações importantes sobre
a votação.
Lembre-se que, segundo os números oficiais, votaram 83,1% dos eleitores
inscritos em toda a Crimeia, e o apoio à secessão foi de 96,77%. Na altura
estes números causaram estranheza, dado que há mais de 40% de falantes
ucranianos e tártaros na Crimeia.
Ora o que que é que o CPDSCDH vem dizer? Que:
1. Só votaram, em toda a Crimeia, entre 30 a 50% dos eleitores inscritos, destes,
50 a 60% votaram a favor da saída da Ucrânia.
2. Em Sebastopol a afluência foi maior: entre 50 e 80%. Foi também aqui que
se deu a maior adesão a uma ideia de separação, provavelmente com mais de 80%
dos votos expressos.
3. Num comentário, os autores do estudo interpretam o voto mais como uma
rejeição dos políticos de Donetsk, considerados corruptos e tirânicos, do que
um julgamento sobre a identidade nacional ucraniana.
4. Noutra série de considerações, os autores notam as grosseiras violações
de liberdade de voto, liberdade de consciência, de palavra e de reunião,
durante a dita «campanha» eleitoral.
5. Referem ainda os casos de coacção e chantagem.
6. Informam que os órgãos do novo poder estatal decidiram efetivamente eliminar
a Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Kyiv. A situação é muito tensa.
7. Houve a retirada de direitos aos tártaros: os órgãos do poder estatal da
Crimeia transformam o Islão de religião na ideologia de protesto.
8. As instituições de ensino: em todo o Simferopol existia uma única escola
com ensino em língua ucraniana. Agora ela se reorienta para o estudo em língua
russa. Essencialmente, a única faculdade especializada em Filologia ucraniana -
tártara na Universidade Federal da Tauria fecha-se. É necessário restaurar o
ensino na escola ucraniana e na faculdade citada em língua ucraniana.
O relatório foi preparado pelo membro do Conselho, Bobrov E. A., pelo
coordenador da rede “Migração e direito” do Centro da Defesa dos Direitos “Memorial”,
Gannushkina S. A. e pelo advogado da rede, Tseytlina O. P., após a visita ao
Simferopol e Sebastopol no período de 15 à 18 de abril de 2014, reuniões com
autoridades dos poder estatal, religiosos, jornalistas, figuras públicas,
advogados, ativistas dos direitos humanos e os cidadãos.
Ler o relatório completo (em russo):
1 comentário:
http://anticomunismo0.blogspot.com/2014/04/lenin-desmascarado.html
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