quarta-feira, setembro 26, 2012

Lobistas do Mubarak não salvam Yanukovych


Recentemente, o Senado dos EUA adotou a Resolução № 466 que “condena perseguição judicial politicamente motivada e a prisão da ex-Primeira-Ministra da Ucrânia, Yulia Tymoshenko”. A resolução exige a libertação da Yulia Tymoshenko e pede o Departamento do Estado instituir a proibição de visitar os EUA à todos responsáveis pela prisão e maus-tratos da Yulia Tymoshenko e de dezenas de outros dirigentes políticos ucranianos.

A resolução foi adotada nas vésperas da visita do presidente Yanukovych à Nova Iorque, onde ele discursará na reunião plenária da Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Para que a permanência do Yanukovych nos EUA seja mais confortavelmente possível, os detalhes da sua visita foram cuidados pelos lobistas, que anteriormente tratavam da imagem do ex-presidente egípcio, Hosni Mubarak.     

Consta-se que o lobista – chefe do regime do Yanukovych em Washington D.C., é Anthony Podesta, considerado com um dos lobistas mais influente dos EUA. Além disso, ele é irmão do John Podesta, ex-chefe da Administração do presidente Clinton e conselheiro do Barack Obama.

Os serviços do Anthony Podesta foram contratados através da companhia belga “European Centre for a Modern Ukraine”, controlada pelo Partido das Regiões da Ucrânia. As empresas próximas do Podesta, “Podesta Group Inc.” e “Mercury/Clarc & Weinstock” foram contratadas pela “European Centre for a Modern Ukraine” logo após o pré-registo da Resolução № 466 no Congresso. Na rubrica “questões específicas de lobby” está escrito: “questões ligadas às relações entre Ucrânia e os EUA”. O trabalho de lobistas custou ao Partido das Regiões (isso é, aos contribuintes ucranianos) 310.000 USD em dois meses.

Os autores da resolução foram dois senadores, democrata James Inhofe e republicano Richard Durbin. Durbin estive na Ucrânia na primavera de 2012, se reuniu com Yanukovych, primeiro-ministro Azarov e chefe do MNE, Kostiantyn Hryshenko. Após a visita, Durbin discursou perante o Senado e comparou Yanukovych com o regime do Alexander Lukashenka:


O atual governo colocou na prisão a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko pelo contrato de gás, alegadamente ilegal, com a Rússia. Nós podemos não concordar com as decisões políticas de ex-políticos, e eu não sei ajuizar até que ponto este contrato é bom ou não. Mas eu posso dizer que a democracia não implica a prática de colocação na cadeia de adversários políticos. Isso desencoraja as pessoas de concorrer aos mandatos.

Eu diria que em tais ações há um mau gosto da ditadura de Lukashenko da vizinha Belarus, o último ditador da Europa que no dia seguinte a sua eleição colocou na prisão todos os seus adversários políticos.

Durbin também informou que durante os encontros com Yanukovych e Azarov, eles lhe prometeram resolver a questão da Yulia Tymoshenko “as soon as possible”.

Quatro meses mais tarde, a questão ainda não foi resolvida. Por isso, “as soon as possible”, a Resolução foi colocada à votação no Senado. Partido das Regiões enviou para Senado o Embaixador e vice-embaixador da Ucrânia nos EUA, a oposição ucraniana estava representada pela filha da Yulia Tymoshenko – Yeugenia Tymoshenko e pelo seu advogado Serhiy Vlasenko.

A Resolução menciona o vice-procurador-geral da Ucrânia, Renat Kuzmin, que desde outubro de 2011 acusa Yulia Tymoshenko de ser mandante de assassinatos sem apresentar qualquer acusação formal.

Único senador com cujo apoio contava Ucrânia era republicano Richard Lugar, mas ele votou com todo o “chão” do Senado, condenando Ucrânia.

Além disso, Partido das Regiões enviou para Washington D.C., a delegação composta pelo Ministro das Finanças e pelos chefes do Banco da Ucrânia e das Alfândegas. Amigos do filho mais velho do Yanukovych e próximos à “família” do presidente, eles são vistos por alguns analíticos como futuro núcleo duro do Gabinete dos Ministros da Ucrânia.  Não se sabe se eles tentaram influenciar o sentido do voto da Resolução № 466, mas é certo que chegaram se reunir com o chefe do Departamento da Europa do vice-presidente americano.

Todo o procedimento de adopção da resolução e das suas emendas levou um minuto e 17 segundos. O lobby externo da administração do Yanukovych era um colosso com pés de barro. Milhões de dólares, dezenas empresas de RP, escritório em Bruxelas, as visitas intermináveis dos membros do Partido das Regiões à Europa e aos Estados Unidos ficaram impotentes diante de dois senadores de Illinois e Oklahoma, que compreenderam perfeitamente a natureza do atual poder ucraniano.

Fonte:
http://www.pravda.com.ua/articles/2012/09/24/6973327

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