quarta-feira, setembro 05, 2012

Ativismo pré-pago mata na Ucrânia

autor@ SerhiyKolyada

A campanha eleitoral ucraniana fica cada vez mais marcada pelo aumento da tensão e da violência, em parte, fruto da vontade do Partido das Regiões vencer o escrutínio custe o que custar, para atingir a maioria parlamentar absoluta de 300 deputados eleitos.

No passado dia 28 de agosto, na cidade de Kyiv foi assassinado Ruslan Bagmut, o organizador dos comícios pagos, ligado aos interesses do Partido das Regiões. A informação foi avançada na rede social VK pelo seu lugar-tenente, Dmytro Shevchenko, que escreveu o seguinte: “Rapazes, desde hoje, o nosso chefe, Ruslan Bagmut não está vivo”.

Um dos coordenadores da campanha civil “Fórum da salvação de Kyiv”, Vitaly Cherniakhivsky informa, que Bagmut foi atirado pelos desconhecidos do 16° andar de um prédio em Kyiv.

O falecido foi conhecido como coordenador dos comícios e ações públicas pré-pagas. Ele recrutava os voluntários através da sua página na rede social VK, usava o perfil especial de recrutamento da mesma rede, chamado: “Trabalho: Eleições 2012, comícios / ações, pagamentos” (http://vk.com / vakansiya_kiev), que tinha mais de 10.500 usuários.

Muitas vezes os “voluntários” reclamavam por causa das questões financeiras. Por vezes, após o fim dos comícios, o pagamento prometido não se efetuava. Nestes casos as “cabeças falantes” do Bagmut culpavam o cliente.

Um dos clientes habituais era o deputado do Partido das Regiões, Oleh Kalashnikov. A revelação foi feita pelo próprio Bagmut ao canal televisivo ucraniano, “Inter”:

“Eu queria contar, que o Partido das Regiões gama o dinheiro das pessoas. Dois dias atrás o comício foi encomendado pelo deputado do Partido das Regiões Oleh Kalashnikov. Ele disse que há que ir até o tribunal, pois haverá o julgamento da Yulia Tymoshenko. Grupo de apoio do Partido das Regiões. Prometeu 100 UAH (12,5 USD) por dia. […] Só eu reuni 280 pessoas. No total tivemos cerca de 2.000 pessoas. Ficamos de vigia todo o dia. O dinheiro não foi pago a ninguém”, disse Bagmut na entrevista.    


Nas redes sociais ucranianas, os blogueiros apontam dois possíveis autores da morte do Bagmut, os seus clientes político-partidários ou os “voluntários” que não foram pagos e sentindo-se desrespeitados, quiseram vingar-se. De qualquer maneira, os negócios da compra e venda da consciência cívica, definitivamente não fazem bem à saúde.

Fonte:

Blogueiro

A fotógrafa ucraniana Olena Bilozerska, ajuda-nos reconstruir o retrato do Ruslan Bagmut: natural de Kyiv, no final da década de 1980, ele pertencia aos movimentos juvenis informais. Após terminar o secundário se tornou o motorista do elétrico. No início dos anos 1990 abre o seu próprio negócio – uma papelaria. Desde os meados dos anos 2000 se dedicava à organização dos movimentos juvenis. Nos últimos anos trabalhava intensamente para o Partido das Regiões…

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