O
jornalista ucraniano Roman Sushchenko foi preso na Rússia sob misteriosa
acusação de “espionagem”. As organizações ucranianas de direitos humanos e seu
advogado Mark Feygin acreditam que o caso continua com a tradição das
repressões políticas contra os ucranianos da Rússia e pedem as organizações de
jornalistas a exigir a sua libertação.
“É
uma continuação do padrão de ações do governo russo em relação a Ucrânia. Os
cidadãos ucranianos ou são capturados em território russo ou sequestrados no
território ucraniano, eles são confrontados com acusações absurdas, pressão
psicológica e mesmo a tortura para que eles “reconheçam” a sua culpa. Essas
ações fazem parte de guerra da Rússia contra Ucrânia”, diz o comunicado das ONG´s
ucranianas Centro dos Direitos Humanos e Centro de Liberdade Civis.
Roman
Sushchenko foi detido em 30 de setembro de 2016, mas a imprensa russa só falou sobre
a sua prisão em 2 de outubro. Até agora foi disponibilizado apenas um vídeo
mudo, onde Suchshenko é visto sendo levado pelos corredores de uma prisão
preventiva. A TV russa NTV (pró-Kremlin) informou que o FSB deteve “oficial da
Direcção Geral de Inteligência da Ucrânia, coronel Roman Sushchenko”, no
decorrer da alegada “ação de espionagem”. Mas Dmitry Peskov, o porta-voz do
presidente russo, disse à imprensa que prisão fazia parte do “trabalho regular”
dos serviços especiais e declarou que a possível razão da prisão é a falta de
acreditação jornalística do Sushchenko, necessária aos jornalistas estrangeiros
na Rússia.
Na
realidade, Roman Sushchenko, o correspondente em França da agência noticiosa ucraniana
Ukrinform desde 2010, estava na Rússia em uma visita privada aos parentes, ação
que não exige nenhuma acreditação. Depois de detido, ao Suchchenko foi negada a
possibilidade de entrar em contato com sua esposa, foi lhe negada a visita do
Cônsul da Ucrânia em Moscovo e a mesma visita foi negada ao seu advogado – Mark
Feygin.
Em
3 de Outubro o tribunal moscovita de Lefortovo decretou a prisão preventiva ao
Roman Sushchenko por dois meses. Se Roman não for liberado imediatamente, ele
poderá se tornar o refém № 29 do Kremlin da lista #LetMyPeopleGo. Atualmente,
28 ucranianos são presos por motivos políticos e detidos ilegalmente na Rússia.
Nove deles estão em prisões russas e o resto na Crimeia ocupada.
De
acordo com Halya Coynash do grupo russo dos Direitos Humanos “Memorial”, nos
casos da maioria dos presos políticos ucranianos, os procedimentos judiciais
decorrem às portas fechadas e é impossível investigar as acusações. Aos três
outros ucranianos que também foram presos por acusações de espionagem – Viktor
Shur, Valentyn Vyhivskyi e Yuriy Soloshenko, foram designados os advogados
nomeados pelo FSB, eles eram torturados e levados, através de diversos meios de
coerção para se declararem culpados.
Até
agora, foi possível resgatar apenas alguns deles na troca por militares russos
que foram capturados em território ucraniano ou em troca dos separatistas
pró-russas. A maioria dos POW ucranianos permanece atrás das grades, alguns
estão em terrível forma física e psicológica.
Finalmente Mark Feygin é advogado em pleno direito do Roman V. Sushchenko |
De
acordo com Feygin, em breve FSB irá tentar moldar a opinião pública para apoiar
a sua versão falsa do caso, não só na Rússia, mas no mundo, e que isso precisa
ser combatido. “Imaginaremos. Um jornalista trabalha em Paris por seis anos.
Ele escreve sobre o “formato de Normandia”, sobre política, economia, cultura.
E, depois, durante vários dias de sua visita aos parentes que vivem em Moscovo,
eles o prendem e dizem que ele é um oficial da inteligência militar,
especializado na Rússia. Mas se você anuncia este tipo de acusações graves,
onde está pelo menos uma prova? Nada, excepto o vídeo com um homem em algemas”,
se interroga Feygin.
Agência
ucraniana Ukrinform
chamou a detenção de seu correspondente de uma “provocação planeada” e do
Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia disse que o caso foi mais um
passo na política da Rússia de “usar reféns políticos na sua agressão híbrida
contra o nosso país”.
Iryna
Gerashchenko, a 1ª vice-chefe do Parlamento ucraniano, instou a OSCE e o
Conselho da Europa para responder a detenção dos jornalistas.
Na
sequência de apelos da União Nacional de Jornalistas da Ucrânia, a Federação
Internacional e Europeia de Jornalistas (IFJ-FEJ) exortou a Rússia a libertar
Roman Sushchenko. O Secretário-geral da IFJ Anthony Bellanger disse: “Esta
prisão não só viola todas as normas internacionais, mas também serve para minar
a liberdade de imprensa. Ele segue um padrão preocupante de ataques a
jornalistas ucranianos e exortamos as autoridades a libertarem o Sr. Sushchenko”.
Mogens
Blicher Bjerregård, o presidente da FEJ disse: “Nós acreditamos que as
acusações contra Roman são completamente fabricadas para silenciar a sua voz
crítica. As autoridades devem libertá-lo imediatamente e deixá-lo chegar à sua
família em segurança”.
Os
Repórteres sem Fronteiras também pediram a Rússia de libertar Sushchenko.
Os
cidadãos ucranianos estão inseguros à visitarem Rússia
Enquanto
isso, as autoridades ucranianas alertam os ucranianos que visitam a Rússia que
isso pode ser perigoso para eles. Oleksii Makeiev,
o diretor político do MNE da Ucrânia disse em um tweet: “Visitar a Federação
Russa não é seguro para os ucranianos: detenções arbitrárias, provocações na
fronteira e no controlo aduaneiro, a tortura, a recusa de acesso consular...”
Em
abril de 2016, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia formalmente advertiu
os ucranianos sobre os perigos de visitarem a Rússia.
A
reação da França
O
jornal francês Le
Monde publicou sobre o caso um artigo curto chamado “Un journaliste ukrainien
arrêté à Moscou pour «espionnage»”: Kiev
considère que l’arrestation de Roman Souchtchenko, correspondant à Paris de l’agence
de presse Ukrinform, fait partie d’une volonté de la Russie d’utiliser des « otages
politiques dans son agression hybride » contre l’Ukraine (ler mais em francês: http://www.lemonde.fr/europe/article/2016/10/03/un-journaliste-ukrainien-arrete-a-moscou-pour-espionnage_5007406_3214.html)
O politólogo e
especialista da geopolítica, francês Alexandre Melnik escreveu um texto em
apoio ao Roman Souchtchenko chamado Libérez Roman!
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