Ler a introdução do livro em alemão (PDF) |
O livro que ela escreveu sobre o seu passado traumático se chama "Warum war ich bloss ein Mädchen?" ("Porque eu tinha que nascer menina?", ISBN 9783776626292; 16,95 Eur).
Aos 80 anos, Gabriele Köpp tem problemas com sono, por vezes, simplesmente não consegue comer. Aos 15 anos, ela foi repetidamente violada por soldados soviéticos, sendo virgem e não tendo nenhum conhecimento prévio sobre o sexo.
Como conta a revista alemã "Spiegel", o seu livro é o primeiro testemunho do género. Embora ainda nos anos 1950 foi publicado um livro autobiográfico intitulado A Woman in Berlin da jornalista Marta Hillers (o livro foi reeditado em 2003 e em 2008 deu a origem ao filme Anonyma – Eine Frau in Berlin). Mas o nome da autora só foi revelado após a sua morte, na altura dos acontecimentos ela tinha cerca de 30 anos e não se sabe se passou pessoalmente pelo inferno das violações ou se retrata as experiências alheias.
Outra história é de Gabriele Köpp, ela escreve sobre si mesma, as vezes sem conseguir compreender ou repensar o sucedido. Ela não consegue obter as palavras para descrever a violação, ela escreve sobre o “local de terror”, “caminho para o inferno”, chama os violadores de “animais” e “canalhas”.
Mulheres – vítimas da guerra
A revista "Spiegel" escreve que não existem os dados exactos sobre a quantidade de mulheres alemãs violadas pelo exército soviético, o número que aparece em várias publicações aponta para dois milhões de mulheres. Segundo a investigação do Dr. Philipp Kuwert, o especialista de traumas e o chefe do Departamento de Psiquiatria e Psicoterapia do Hospital universitário de Greifswald, a idade média das vítimas de violações soviéticas era de 17 anos e cada mulher foi violada em média 12 vezes. Quase metade das vítimas possui os sindromas pós – traumáticos, incluindo os pesadelos, tendências de suicídio, anestesia emocional. Cerca de 81% destas mulheres adquiriram o efeito negativo directo sobre a sexualidade.
A historiadora Birgit Beck-Heppner escreve que os soldados soviéticos usavam as violações para intimidar as populações alemãs, mostrando que o seu governo e exército já não lhes conseguiam garantir a segurança. Por isso, muitas destas violações eram executados em público.
Duas semanas de terror
Gabriele Köpp e a sua irmã fugiram de casa no dia 26 de Janeiro de 1945, porque o exército soviético aproximou-se à sua cidade. Eles entraram em uma carruagem do comboio de mercadorias que se dirigiu à zona já ocupada pelos soviéticos. Durante o bombardeamento da linha-férrea, Gabriele saiu do comboio pela janela, a sua irmã ficou por trás. Nunca mais se soube alguma coisa sobre ela.
Gabriele chegou à uma aldeia, onde foi encontrada por um soldado soviético, que vasculhava com uma grande lanterna nas mãos, na procura de mulheres. Isso foi apenas a primeira violação.
A jovem se escondeu em uma casa, onde foi encontrada por um outro soldado e também violada. Após isso, ela foi violada por mais um soldado. No dia seguinte, dois soldados a puxaram para o coral, onde a violaram. Na parte da tarde, ela entrou em um quarto, cheio de mulheres – refugiadas, mas de lá foi levada primeiramente pelos soldados, depois pelo oficial.
Todo este inferno durou duas semanas certas, 14 dias.
Quinze meses depois, Gabriele Köpp encontrou a sua mãe em Hamburgo, que logo a mandou ficar calada sobre as violações, embora disse que se Gabriele quiser, ela poderia escrever sobre a sua experiência traumática no diário. Algo que a jovem começou fazer logo a seguir.
A “doença russa”
Gabriele Köpp lembra na conversa com o jornalista de "Spiegel" que a sua menstruação parou por completo durante os 7 anos. Naquela época era um sintoma bastante comum entre as alemãs e era chamado pelos ginecologistas de “doença russa”.
Quanto Gabriele Köpp é perguntada se conheceu o amor, se teve alguma vez as relações sexuais, ela responde: “Não, não tive nada disso. Para mim existia apenas uma coisa – a violência”.
Recentemente, Gabriele Köpp também começou a pintar. Alguns das suas pinturas estão pendurados em casa. Uma das telas mostra as etapas negras da sua vida: o quadro é cheio de cruzes, caveiras, por cima está escrito “26 de Janeiro de 1945”. Uma outra tela é preenchida pelas corações pintadas com a gama de cores fortes. Como escreve "Spiegel", este tipo de pintura é bastante comum entre as meninas de 15 anos…
Ler o artigo completo em inglês:http://www.spiegel.de/international/germany/0,1518,680354,00.html
Ler também:
Exército Vermelho violava até as mulheres russas, libertadas dos campos de concentração
Como conta a revista alemã "Spiegel", o seu livro é o primeiro testemunho do género. Embora ainda nos anos 1950 foi publicado um livro autobiográfico intitulado A Woman in Berlin da jornalista Marta Hillers (o livro foi reeditado em 2003 e em 2008 deu a origem ao filme Anonyma – Eine Frau in Berlin). Mas o nome da autora só foi revelado após a sua morte, na altura dos acontecimentos ela tinha cerca de 30 anos e não se sabe se passou pessoalmente pelo inferno das violações ou se retrata as experiências alheias.
Outra história é de Gabriele Köpp, ela escreve sobre si mesma, as vezes sem conseguir compreender ou repensar o sucedido. Ela não consegue obter as palavras para descrever a violação, ela escreve sobre o “local de terror”, “caminho para o inferno”, chama os violadores de “animais” e “canalhas”.
Mulheres – vítimas da guerra
A revista "Spiegel" escreve que não existem os dados exactos sobre a quantidade de mulheres alemãs violadas pelo exército soviético, o número que aparece em várias publicações aponta para dois milhões de mulheres. Segundo a investigação do Dr. Philipp Kuwert, o especialista de traumas e o chefe do Departamento de Psiquiatria e Psicoterapia do Hospital universitário de Greifswald, a idade média das vítimas de violações soviéticas era de 17 anos e cada mulher foi violada em média 12 vezes. Quase metade das vítimas possui os sindromas pós – traumáticos, incluindo os pesadelos, tendências de suicídio, anestesia emocional. Cerca de 81% destas mulheres adquiriram o efeito negativo directo sobre a sexualidade.
A historiadora Birgit Beck-Heppner escreve que os soldados soviéticos usavam as violações para intimidar as populações alemãs, mostrando que o seu governo e exército já não lhes conseguiam garantir a segurança. Por isso, muitas destas violações eram executados em público.
Duas semanas de terror
Gabriele Köpp e a sua irmã fugiram de casa no dia 26 de Janeiro de 1945, porque o exército soviético aproximou-se à sua cidade. Eles entraram em uma carruagem do comboio de mercadorias que se dirigiu à zona já ocupada pelos soviéticos. Durante o bombardeamento da linha-férrea, Gabriele saiu do comboio pela janela, a sua irmã ficou por trás. Nunca mais se soube alguma coisa sobre ela.
Gabriele chegou à uma aldeia, onde foi encontrada por um soldado soviético, que vasculhava com uma grande lanterna nas mãos, na procura de mulheres. Isso foi apenas a primeira violação.
A jovem se escondeu em uma casa, onde foi encontrada por um outro soldado e também violada. Após isso, ela foi violada por mais um soldado. No dia seguinte, dois soldados a puxaram para o coral, onde a violaram. Na parte da tarde, ela entrou em um quarto, cheio de mulheres – refugiadas, mas de lá foi levada primeiramente pelos soldados, depois pelo oficial.
Todo este inferno durou duas semanas certas, 14 dias.
Quinze meses depois, Gabriele Köpp encontrou a sua mãe em Hamburgo, que logo a mandou ficar calada sobre as violações, embora disse que se Gabriele quiser, ela poderia escrever sobre a sua experiência traumática no diário. Algo que a jovem começou fazer logo a seguir.
A “doença russa”
Gabriele Köpp lembra na conversa com o jornalista de "Spiegel" que a sua menstruação parou por completo durante os 7 anos. Naquela época era um sintoma bastante comum entre as alemãs e era chamado pelos ginecologistas de “doença russa”.
Quanto Gabriele Köpp é perguntada se conheceu o amor, se teve alguma vez as relações sexuais, ela responde: “Não, não tive nada disso. Para mim existia apenas uma coisa – a violência”.
Recentemente, Gabriele Köpp também começou a pintar. Alguns das suas pinturas estão pendurados em casa. Uma das telas mostra as etapas negras da sua vida: o quadro é cheio de cruzes, caveiras, por cima está escrito “26 de Janeiro de 1945”. Uma outra tela é preenchida pelas corações pintadas com a gama de cores fortes. Como escreve "Spiegel", este tipo de pintura é bastante comum entre as meninas de 15 anos…
Ler o artigo completo em inglês:http://www.spiegel.de/international/germany/0,1518,680354,00.html
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Exército Vermelho violava até as mulheres russas, libertadas dos campos de concentração
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