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| Telegrama codificado ao Béria sobre detenção do Cônsul |
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| Nikolay Horlinsky, o 2º vice-chefe do NKVD da Ucrânia soviética informa Béria sobre a detenção do Cônsul Jerzy Matusiński |
Após a agressão soviética contra a Polónia, a 30 de setembro de 1939, às 23h00, poucos dias antes da evacuação prevista para Moscovo, Cônsul foi convocado para se apresentar com urgência à delegação do Comissariado do Povo para os Negócios Estrangeiros (Narkomindel) da URSS. Saiu por volta das 2 da manhã, levando consigo dois motoristas porque já era tarde. Nunca mais voltou ao consulado. Informado sobre o facto, o embaixador italiano Augusto Rosso – vice-reitor do corpo diplomático– interveio alguns dias depois junto do Comissário do Povo para os Negócios Estrangeiros da URSS, Vyacheslav Molotov, que fingiu estar surpreendido e respondeu que o Cônsul tinha evidentemente fugido para um dos países vizinhos. Após o restabelecimento das relações diplomáticas, entre a URSS e a Polónia em 1941, os diplomatas polacos intervieram repetidamente no assunto acima referido, mas receberam a resposta de que o Cônsul Matusiński não estava nas mãos soviéticas.
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| Viatura do Cônsul deixada ao abandono pela NKVD em Kyiv |
Entretanto, um dos motoristas do Cônsul, Andrzej Orszyński, sobreviveu e conseguiu entrar para as fileiras do Exército Polaco, formado na URSS. Testemunhou para registo que todos os três foram detidos pela NKVD em frente à sede do Narkomindel e levados para uma prisão em Kyiv, de onde, a 8 de Outubro do mesmo ano, foram transportados de comboio (cada um num compartimento separado) para Moscovo. Orszyński afirma que viu Matusiński a entrar no comboio, o que contradiz as afirmações de Molotov.
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| Consulado Geral da Polónia em Kyiv na década de 1930 |
Preseupõe-se que Cônsul Jerzy Matusiński foi levado para a prisão moscovita de Lubyanka, habitualmente usada pelo NKVD, onde, muito possivelmente, foi executado ou morreu devido a tortura e maus-tratos. Os soviéticos interrogavam o Cônsul, um diplomata de carreira, pretendendo conhecer os nomes e os contactos dos agentes da secreta polaca no território da URSS. Todos os 26 mandantes soviéticos, que sabiam desta operação de NKVD foram obrigados à assinar uma promessa de confidencialidade.
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| A lista com os nomes dos 26 mandantes soviéticos que «sabiam ou participavam» na operação ilegal do NKVD |
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| «Promessa de confidencilidade» |
Em 1941-1943, as autoridades polacas fizeram várias tentativas para descobrir o destino do Cônsul Jerzy Matusiński e do seu motorista Józef Łyczek, mas sem sucesso. Este último foi libertado sob amnistia em 1941 e morreu no território da URSS em circunstâncias não esclarecidas. Depois de a verdade sobre a execução de Katyn ter vindo a público em 1943, tornou-se claro que o Cônsul provavelmente morreu às mãos dos algozes de Estaline, e os seus restos mortais foram enterrados numa das valas comuns.
Desde maio de 1926 Jerzy Matusiński trabalhava ao serviço diplomático no Ministério dos Negócios Estrangeiros polaco. Serviu como Cônsul-Geral em Pittsburgh (1933–1935), Nova Iorque (1935), Lille (1935–1937) e Kyiv (1937–1939).
Fonte documental: Arquivo Setorial do SBU










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