Em termos de número de vítimas por população entre as regiões periféricas russas, Tuva lidera de longe (120 mortes por 10.000 homens). É seguida pela Buriácia (91 mortes) e pela república de Altai (89).
Um em cada quatro residentes de Tuva que morreram era um ex-prisioneiro, enviado para a guerra a partir de uma colónia penal. Este número é uma vez e meia superior à média da rússia. Tuva ocupa o primeiro lugar na rússia em termos de criminalidade por cada 100 mil habitantes há mais de 10 anos. Ao mesmo tempo, de acordo com as estatísticas disponíveis, nesta república, mais frequentemente do que noutras regiões da federação russa, as pessoas são condenadas por danos intencionais à saúde, homicídio e tentativa de homicídio.
Mas a maior categoria de perdas entre os residentes de Tuva são os soldados profissionais, escreve a BBC. Representam um terço de todas as perdas confirmadas na república, o que é 1,5 vezes superior à média russa.
A 55ª brigada de fuzileiros motorizados está sediada em Tuva, que participou na invasão de larga escala contra Ucrânia desde os primeiros dias e sofreu perdas significativas, observa a publicação.
“Tuva é uma região pobre e desfavorecida, sem mobilidade social. Além disso, a taxa de criminalidade é elevada. Nesta região, os homens são geralmente mais propensos a comportamentos de risco. E é mais fácil envolvê-los na guerra – de forma voluntária ou voluntariamente forçada”, explicou à BBC um cientista russo especializado em questões demográficas que pediu anonimato devido à sensibilidade do tema.
Na Buriácia, uma em cada cinco pessoas mortas era um soldado mobilizado. Isto é quase o dobro da média russa. A Buriácia, tornou-se um dos símbolos do modelo de mobilização rigoroso na rússia. Segundo os activistas dos direitos humanos, a região foi uma das líderes tanto no número de homens convocados para o exército, como no número de queixas de familiares e dos próprios recrutas.
Na república de Altai, a mobilização foi realizada «de forma branda» e as autoridades locais contaram com voluntários, escreve a BBC. Como resultado, nesta região, a proporção de voluntários mortos foi de 47% do total de vítimas, o que representa 1,9 vezes a média russa.
Para efeito de comparação, os jornalistas citam dados de Moscovo. Aí, há apenas três mortes por cada 10.000 homens. Destes, apenas 10% são prisioneiros, 26% são voluntários, 15% são soldados mobilizados e 20% são militares profissionais.
Jornalistas do Mediazona e do serviço russo da BBC, com a ajuda de uma equipa de voluntários, têm contabilizado relatos de mortes de soldados russos desde o primeiro dia da invasão russa em grande escala na Ucrânia — nos meios de comunicação social, em sites governamentais ou nas redes sociais. A contagem não inclui as perdas das formações militares das autoproclamadas repúblicas populares, ditas «l/dnr». Desde 16 de maio, quando os dados sobre os mortos foram publicados pela última vez, os jornalistas e voluntários descobriram mais 2.000 nomes de russos mortos.
Os jornalistas sublinham que as perdas reais do exército russo na guerra russo-ucraniana são maiores, uma vez que nem todos os relatos de mortes de soldados russos chegam às fontes abertas.
Números reais de baixas russas
Os números reais de baixas russas são obviamente muito superiores aos que podem ser estabelecidos através de fontes abertas. Os especialistas militares sugerem que a análise dos cemitérios, memoriais de guerra e obituários russos pode abranger entre 45% e 65% do número real de mortos.
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| Perdas russas conjuntas (KIA, MIA, WIA, POW) |
Isto porque os corpos de um número significativo de soldados russos mortos nos últimos meses podem ainda estar no campo de batalha. Removê-los exige riscos adicionais para a saúde dos soldados sobreviventes, que poderiam ser atingidos por ataques de drones.
Dada esta estimativa, o número real de baixas russas pode situar-se entre 170.000 e 246.000 pessoas.
O número total de baixas russas aumenta significativamente se incluirmos aqueles que lutaram contra Ucrânia como parte das autoproclamadas «repúblicas populares» de Donetsk e Luhansk. Desde 22 de dezembro de 2022, os separatistas das ditas «l/dnr» deixaram de publicar dados sobre as suas perdas militares.
Depois de analisar os obituários publicados e os relatórios de buscas por militares da das ditas «l/dnr» que não se manifestaram como vivos durante um longo período, chega-se à uma conclusão de que, entre 21.000 e 23.500 pessoas poderiam ter morrido.
Portanto, com base nos dados que foram recolhidos, se pode presumir que o número total de militares russos e pró-russos mortos pode estar na faixa de 191.000 a 269.000 pessoas.
Um exemplo da mortalidade russa escondida
Povoação de Alekseyevka, região de Samara, federação russa. População: 4.380 pessoas em 2021.
Número de mortos:- Guerra de Afeganistão (1979-1989): 2 pessoas
- 1ª guerra na Chechénia (11 de dezembro de 1994 – 31 de agosto de 1996), 2ª guerra na Chechênia (7 de agosto de 1999 – 30 de abril de 2000), fase de insurgência (1 de maio de 2000 – 16 de abril de 2009): 1 pessoa
- Guerra na Ucrânia (desde 22.02.2022): 34 pessoas



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