Sou menino,
Eu durmo, enrolado em um caixão.
Eu sonho com o futebol. Na minha cabeça está o Kalashnikov.
Não foi o tempo certo, irmãos, em que relaxei!
Pena, a menina-doutora de batinha não me salvou...
Sou menina-doutora.
No pescoço mortalmente ferida.
Na minha cidade no céu voando cegonhas
E bloqueiam Wi-Fi, para que a minha mãe não veja,
Como eu digo adeus aos meus amados no Twitter...
Sou mãe.
Limpando as mãos no avental ensopado,
Eu estou ligando no celular ao filhinho na guerra.
A criança não atende! Voltará - levará com a vassoura!
"Ele está ser velado", - oiço a resposta do padre...
Sou padre.
Eu abri a minha catedral à um hospital
E nele sirvo como enfermeiro, tem piedade, Senhor!
Palavras para a alma, são como quilos de trigo mouro para o estômago:
Por isso eu batizei o poeta, nem importa que ele é pecador...
Sou simplesmente poeta.
E também estou debaixo das balas.
Entranhas, são finas, como a lírica de Akhmadulina,
Mas nem é tanto, para ter o medo do vermelho:
Hoje são mais precisas do que os poemas - os sacos com os medicamentos...
Sou farmacêutico velho.
Deveria me aposentar - há muito:
Sentar-se e olhar de contente para a caixa de músicas.
Mas acabaram-se as ligaduras, e algodão, e as máscaras tudo indica:
Chefe, mande a água termal para a Pátria!
Sou Pátria.
Sou uma criança e durmo enroladinho.
Designado pelo Estado vem até mim o carrasco,
Das minhas entranhas arrancando a mármore para o seu covil:
Imposto foi pago nas finanças, mas de Deus é o que é de Deus.
Sou Deus.
E eu também sou Pai. Meu filhinho bondoso
De um atrasado mental na escola arrancou o Kalashnikov.
Disse, parece: "nem penses" - e saltou sem pára-quedas...
Durma, meu oiro.
Durma, Meu Menino.
Te ressuscito.
por: Eugenia
Bilchenko
21 de fevereiro de 2014
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