A revista polaca Uwazam Rze com Angela Merkel na capa: “Falsificação da história. Como os alemães fazem de si as vítimas da 2ª Guerra Mundial”. |
A mini série alemã, chamada
Unsere
Mütter, unsere Väter (Nossas mães, nossos pais), recentemente produzida e
exibida pelo canal ZDF (custou 14 milhões de Euros), suscitou um vendaval de crítica
na Polônia, protestos na blogosfera russa e alguns murmúrios na Ucrânia. O
jornalista polaco Piotr Semka, da edição online Do
Rzeczy, reflete sobre o tema: até que ponto o novo cinema alemão (a mais
globalmente, a nova arte alemã), estão engajados no revisionismo da história. Desculpando
ao máximo os próprios alemães e culpando, também ao máximo, outras nações,
atropeladas pelo 3º Reich, uns em 1939, outros em 1941.
A série promove a ideia
do que os alemães eram bons rapazes e nem sabiam dos crimes. Os maus eram
nazis, que ou vieram da Marte, ou foram enviados por um feiticeiro mau. De
qualquer maneira, a responsabilidade dos extermínios em massa era dos nazis e
de maneira nenhuma dos alemães.
A edição polaca “Super Express”
comentou a produção alemã em seguintes termos: “Alemães! Holocausto é a obra
das vossas mãos!” O jornalista Sławomir Jastrzębowski resume – alemães tentam
exportar a sua vergonha.
“Alemanha é uma nação criativa.
A sua maior conquista pré-guerra foi a invenção do nazismo. Após o massacre massificado,
que eles preparavam durante a 2ª Guerra Mundial para todo o mundo, os alemães,
de repente, imaginaram que podem não assumir a responsabilidades pelos crimes
contra a humanidade. A culpa é atirada aos nazis, criados por eles próprios,
como uma espécie de marcianos”.
[…]
E já o maior jornal
alemão, Bild, cuspiu aos heróis polacos, escrevendo que os soldados de Armia Krajowa eram antissemitas
e desta maneira facilitaram o trabalho dos nazis. Este é um outro ataque
abominável dos alemães.
Desta vez, eles pretendem
exportar a sua vergonha para Polônia e estão dispostos a compartilhá-lo connosco.
Não sonham com isso. Caros jornalistas alemães, não se façam de idiotas.
Leio um material do
Bild: “Waren deutsche Soldaten wirklich so grausam?” (Será que realmente os soldados
alemãs eram tão cruéis?”). Não, estimados jornalistas alemães, eles não eram cruéis,
eram extremamente cruéis, mais cruéis do que os animais, sendo mais organizados
que estes”.
[…]
O tema é seguido pela
publicação polaca “Gazeta Wyborcza”. O jornalista Bartosz Wieliński coloca a
pergunta: “Quem explicará aos alemães que Armią Krajową não são SS?”
“Na semana passada sete
milhões de alemães assistiram essa epopeia televisiva. Nela os soldados do Armią
Krajową observam o mesmo antissemitismo, tal como membros da SS. Quando os
combatentes do AK descobrem que o comboio alemão, por eles capturado,
transporta os judeus, dizem: “Eles são melhores mortos, do que vivos” e deixam
os coitados entregues à sua sorte. Quando os camponeses polacos perguntam aos
do AK se na sua unidade existem judeus, estes respondem-lhe: “Afogamos os judeus
como gatos”.
[…]
O mesmo Piotr Semka
recorda que o problema começou antes, quando em 2011 a revista Spiegel escreveu
que se não fossem os ajudantes conscientes da Europa de Leste, o Holocausto não
adquiriria as tais proporções impressionantes.
Ler o artigo original:
Blogueiro
Mas os jornalistas polacos
não seriam os mesmos, se na hora de reclamar a brutalidade e injustiça do revisionismo
alemão, eles próprios não esquecessem os seus vizinhos ucranianos. Também
descritos na mesma série como “antissemitas por opção própria” (contrapondo aos
alemães que nem eram nada antissemitas e quando eram, pela omissão, foi pela coerção
dos nazis).
Numa das sequências, os
jovens soldados alemães, juntamente com os seus oficiais assistem aterrorizados
os policiais auxiliares ucranianos “sanguinários”, com as suas faixas azul e
amarelas nos braços, fazerem uma batida pelos judeus. Os bons alemães obrigam o polícia
ucraniano libertar a menininha judia, tratada por este de maneira extremamente brutal.
Diálogo: “São da polícia auxiliar ucraniana… - Lá estão as crianças! Eles não
podem matar civis!”
Na sequência do mesmo
episódio segue o monólogo acusatório: “Vossas ordens obrigam você tomar a parte nessa porcaria
ucraniana?” – diz o soldado alemão ao oficial da SS, que justifica a ação do policial
ucraniano pelo facto da menina ser judia.
A suprema absurdidade
da situação reside no facto do que segundo a série, a ação daquele episódio se
desenrolava na cidade russa de Smolensk, escreve ZMI.Donetsk.ua
Ler também:
Ver a apresentação da série
no YouTube:
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