No dia 18 de Julho foi comemorado o 18° aniversário da batalha de Shroma (Geórgia), na qual o corpo expedicionário ucraniano “Argo” tomou e defendeu a aldeia de Shroma, o ponto estratégico na guerra da Abecásia de 1992-93. A cerimónia solene teve o lugar no cemitério de Baykove em Kyiv e contou com a participação dos representantes da Embaixada e do Ministério da Defesa da Geórgia.
No dia 19 de Julho de 1993 o corpo expedicionário ucraniano, formado pelos voluntários da UNA-UNSO tomou de assalto a aldeia georgiana de Shroma, ocupada na altura por cerca de 600 “cossacos” russos.
Recorda Valeriy Bobrovych, mais conhecido como Centurião “Ustym”, que comandava os voluntários ucranianos:
O exército georgiano atacou várias vezes as posições bem fortificados dos russos, mas teve baixas consideradas e se retirou. A unidade ucraniana da infantaria de montanha era tida como a da maior prontidão combativa em todo o exército georgiano, por isso a operação foi confiada ao “Argo”.
Os ucranianos fizeram o reconhecimento local e encontraram o caminho que os levava à retaguarda do inimigo. Aquela parte da aldeia não era tão guarnecida, pois para chegar lá era necessário descer um monte com 200 metros de altura. Por isso a operação começou a noite, usando as cordas eram transportados os soldados, as metralhadoras e a munição. Se o inimigo descobrisse os ucranianos no meio da operação, ninguém conseguiria sair de lá com vida. Quando um dos voluntários perdeu o equilíbrio e ficou pendurado de cabeça para baixo numa altura de 100 metros, ficou quieto durante 10 minutos até ser içado. Todos entendiam que estavam numa situação de “vitória ou morte”.
Os ucranianos aproximaram-se à uma distância de 30-40 metros das posições russas e aos primeiros raios do sol foram lançadas 46 granadas F-1. Os ucranianos atacaram gritando “Slava!!” (Glória!!). O inimigo possuía a superioridade numérica em mais de 10 vezes, mas em pânico deixou Shroma, retirando-se para a cidade da Nova Athos. Naquele momento, obtendo a ajuda de pelo menos 150-200 soldados georgianos era possível tomar a Nova Athos e cortar a auto-estrada pela qual os separatistas recebiam os reforços e suprimentos.
Mas os georgianos não conseguiram enviar a ajuda, apenas pediam aguentar as posições. Já no dia seguinte os russos trocaram os seus “cossacos” pelo unidade do exército regular, vinda salvo erro, de Irkutsk, que metodicamente iniciou uma série de ataques contra Shroma. No início de cada ataque os russos gritavam ao megafone: “ucranianos, não se rendem, vamos despedaçar as vossas peles”.
Os ucranianos confiavam nas palavras dos “irmãos mais velhos”, por isso não se rendiam. Os combates duraram três dias, os russos aproveitavam a superioridade em morteiros, pois “Argo” não tinha nenhum, mas a infantaria russa atacava de forma fraca. A maioria dos russos nem no mapa sabia mostrar onde fica Abecásia, os ucranianos percebiam que combatendo na Geórgia estavam defender Ucrânia. Pois diziam que “hoje é Sukhumi, amanha Tbilisi e depois de manha Kyiv”.
No terceiro dia recebemos a ordem de deixar Shroma. Retiramos em ordem total, levando os mortos e os feridos, a aldeia ardia. Traduzindo do georgiano, Shroma significa “trabalho”, pensei “pelo menos não significa Fastiv ou Kolomiya”.
Durante a operação os ucranianos tiveram duas baixas mortais e oito feridos graves, um dos mortos, ao pedido do seu pai foi sepultado em Sukhumi, no parque “Kurchenko”. Após a queda do Sukhumi aos separatistas a sua campa foi profanada pelos mercenários russos...
Pelos dados do serviço de inteligência militar georgiano, naquela operação os russos e os seus aliados tiveram 58 baixas mortais, foi queimado o tanque russo T-55, pela primeira vez no Cáucaso.
Valeriy Bobrovych nasceu no dia 23 de Dezembro de 1951 em Kyiv. Em 1970 terminou a escola náutica de Kherson. Em 1971 participou na guerra do Vietname. Teve a contusão, foi condecorado com a medalha “Mérito em Combate”. Em 1978 foi graduado pela Escola Superior de Engenharia Naval de Odessa. Dispensado da marinha pela “propaganda das ideias nacionalistas”. Um dos fundadores do UNSO. Em 1992 participou na guerra de Transnístria, em 1992-1993 participou na guerra na Geórgia como comandante do corpo voluntário expedicionário ucraniano “Argo”. Foi condecorado com a Ordem militar georgiana Vakhtang Gorgasali do 3° Grão, é cidadão de mérito da Geórgia.
Em 2008 a editora ucraniana Cão Verde publicou o seu livro de memórias “Como os cossacos combatiam no Cáucaso. O diário do centurião “Ustym” (ISBN 9789661515535), a tentativa de contar a sua experiência de participação na guerra da Abecásia em 1992-1993.
Ler mais:
http://a-ingwar.livejournal.com/568465.html (ucraniano e russo)
http://conflicts.rem33.com/images/Ukraine/ukrainians4georgia.htm (inglês)
Ver o filme no Vimeo:
БІЙЦІ УНСО. ЗАВЖДИ ГОТОВІ ДО БОЮ. from a-ingwar on Vimeo.
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