Em
dezembro de 1994 começou a 1ª Guerra da Chechênia. Uma das testemunhas oculares
do sucedido era fotógrafo ucraniano Efrem Lukatsky da agência The Associated Press.
Dezembro de 1994. Grozny, Chechênia. Cercado pelo exército russo a cidade
resistia. Era muito difícil entrar na urbe. As estradas eram controladas pelo
exército russo. Surgiram as notícias que aviação russa começou bombardear os
bairros residenciais. Poucos jornalistas, geralmente ocidentais, contemplavam
os edifícios danificados, ouviam as histórias [dos sobreviventes].
Como
fotógrafo, tinha que ser testemunha dos acontecimentos, por isso estava na
praça central da cidade. A guerra que começou notava-se unicamente pelo maior número
das pessoas fardadas e os anciãos chechenos com punhais junto à cintura. Os
homens estavam reunidos em grupos pequenos, trocando as notícias. As pessoas
carregavam as pastas, havia muitas mulheres e crianças.
Câmara
fotográfica tem 36 fotos, antes de tirar cada foto, fotógrafo procura um bom
enquadramento. Estava no meio da rua, quando, rasgando as ares, um avião
militar russo fez o voo rasante. Está ameaçar, pensou o fotógrafo. Mas logo seguiram-se
as explosões, depois gritos, barulho dos galhos quebrados e vidros
despedaçados. Caiu de joelhos, protegendo a câmara e pensando sobre o número de
fotos que ficaram disponíveis. Era preciso tomar a exposição certa, a terra estava coberta pela neve branca...
Não
muito longe, a cabeça de um transeunte explodiu como uma melancia, que foi
atingida por um enorme martelo. Um conjunto de entranhas, misturadas com sangue
explodiu da boca da sua companheira de viagem, que estava alguns passos atrás
dele, acompanhado por um som semelhante ao barulho de um saco de papel rasgado.
Seu coração estava na neve e continuava pulsando. Não consegui captar o olhar dela,
ela olhava para o seu próprio coração e depois caiu com a mão estendida na sua
direção.
Pelo
que vi, fotógrafo perdeu nitidez no seu cérebro, tudo ficou turvo.
Alguém
tentou escapar, outros ficaram pasmados, sem saber o que fazer.
As
pessoas correram para os mortos e feridos, tentando ajudar de alguma forma.
Fotógrafo
tirava as imagens, desligando a consciência e tentando capturar o enredo ao
máximo possível. Depois parou um velho Lada, com três militantes lá dentro, com panos verdes na testa, armadas com AK´s. “Sou jornalista, preciso chegar à
Inguchétia, onde tenho um transmissor de fotos para a minha editora. É muito
importante transferir as fotos para a editora”, disse. “De onde você é?”
perguntou o homem do banco da frente. “Ucrânia”, respondi. “Ah, Ucrânia ... nossos
irmãos”, disse ele. “Entre, levaremos-o até onde pudermos”.
Junto
ao cemitério, o carro parou. Eles saíram e começaram a orar. “Quem sabe, talvez
estejamos aqui amanhã”, disse um deles.
Andamos
fora das estradas, fotógrafo não entendia o que eles estavam dizendo, o passavam
de mão em mão para pessoas diferentes. Com grande risco [de vida] para os
guias, fotógrafo chegou à Inguchétia e ao seu transmissor de satélite.
No
dia seguinte, os jornais de todo o mundo publicaram a sua foto nas primeiras
páginas.
As
pessoas carregam uma mulher ferida durante o bombardeio russo do centro de
Grozny.
1 comentário:
Parece que o sujeito suspeito de atacar a produtora de vídeos do grupo de humor Porta dos Fundos é um dugnista/putinista convicto. Ele fugiu para a Rússia e teria ligações com o advogado Raphael Machado. Confirma? Eu econtrei um perfil dele na rede social russa VK vk.com/id498816551
PS: O Raphael Lusvarghi teria sido mesmo trocado por POWs ucranianos?
Enviar um comentário