sábado, novembro 09, 2013

ALZHIR: as crianças no GULAG soviético

O sistema dos campos de concentração soviéticos, GULAG, era composto por cerca de 700 campos, distribuídos de forma desigual por quase todo o território da União Soviética. O campo de ALZHIR (Cazaquistão) era um deles...

O campo ALZHIR (Campo de Akmolinsk de Esposas dos Traidores da Pátria) se situava nos arredores da cidade de Akmolinsk (atual capital do Cazaquistão, Astana) e oficialmente se chamava “17º campo feminino do departamento especial da Direção dos campos de reeducação-laboral de Karaganda”. Ao campo eram enviadas as esposas dos responsáveis soviéticos, acusados pelo regime comunista de serem “inimigos do povo”, “sabotadores”, “traidores” ou “agentes dos serviços secretos estrangeiros” (no total passaram pelo campo cerca de 20.000 à 22.000 mulheres e crianças).
Os maridos, geralmente, eram fuzilados logo após a sua prisão. E as esposas e os filhos menores de 3 anos enviados ao GULAG. Ultrapassando o limite de idade os filhos eram retirados das mães e colocados nos orfanatos. Alguns seriam “adotados” pelos chefões do GULAG que lhes atribuíam os seus próprios apelidos, pois diziam: “estas crianças não são filhos de criminosos ou prostitutas, tem sangue boa”.

O campo era dirigido pelo Sergey Barinov. Em 1937 ele já era o chefe de NKVD da cidade de Kalinin (atual Tver). No auge do Grande Terror ele denunciou os crimes praticados pelo NKVD. Não foi fuzilado, apenas despromovido e colocado como chefe do campo ALZHIR, tarefa desempenhada entre 1937 e 1954. Os filhos das prisioneiras recordam ele com carinho, pois mantendo todas as aparências do regime, ele ajudava às mulheres e as suas crianças. Por exemplo, foi da sua autoria a norma interna de “não considerar os filhos das prisioneiras da ALZHIR como inimigos do povo”.
Em cima: "Obrigado ao camarada Estaline pela infância feliz!"
Do resto, as condições do campo eram pesadíssimas, as temperaturas de -40ºC no inverno, cada prisioneira tinha o direito de receber apenas 10 kg de alimentos 1 vez em 3 meses (apenas alimentos não perecíveis, as encomendas maiores de 10 kg eram recusadas). Com início da II G.M., as prisioneiras perderam o direito às visitas.

  
Outro campo que abrigava as crianças era Karlag, um dos maiores campos de concentração soviéticos. As testemunhas notavam que o campo tinha a parecença incrível com o campo nazi de Mauthausen, apenas as “barracas de Karlag eram mais cumpridas e não havia o crematório”. Em 1939 Karlag habitualmente emprisionava 500 crianças, dos quais todos os meses morriam cerca de 50 meninos.

Em 1956 o território de campo foi chamado de Malinovka, as barracas demolidas e o seu lugar ocupado pelas habitações e uma fábrica de criação de frangos…

Os realizadores russos, Daria Violina e Sergey Pavlovskiy, realizaram dois filmes documentais sobre a problemática destes campos: “Nos viveremos” (We Will Live On) de 2009 e “Mais longo do que a vida” (outubro de 2013), ambos podem ser vistos aqui: http://1543.ru/SP/DV/index.htm



2 comentários:

Anónimo disse...

A Ucrania vive uma fase decisiva de sua história, semelhante a Alemanha na ocasião da Queda do Muro de Berlim, e vc foge do assunto? Pq essa alienação? A assinatura desse acordo com a EU significará a libertação da Ucrânia da tirania russa~!

Jest nas Wielu disse...

Nada depende deste blogue e não temos nenhuma certeza se o regime atual de Kyiv assinará o acordo, o mais provável é que os ucranianos terão que entrar na UE à título individual...