Foto@ Sergii Kharchenko/Demotix/Corbis |
É um caso de amor que
pode se tornar um dos mais longos da história - e com um dos começos menos
auspiciosos, tendo surgido em um campo de concentração na Áustria mais de 70
anos atrás.
por: Oksana Grytsenko, “Guardian”
Foi lá que Luigi
Pedutto conheceu Mokryna Yurzuk. Ele era um prisioneiro de guerra italiano e
ela uma trabalhadora forçada ucraniana com uma filha pequena, nascida em um
campo nazi perto de Sankt Pölten, uma cidade da Áustria. Yurzuk levava comida a
Pedutto, e ele lhe fazia roupas e chapéus para retribuir. Os dois se apaixonaram,
mas quando o campo foi libertado, em 1945, Yurzuk foi repatriada para a Ucrânia
(soviética) e Pedutto não conseguiu autorização para acompanhá-la.
Passaram-se décadas.
Pedutto trabalhava em finanças na Itália, e Yurzuk era agricultora em uma
fazenda coletiva (kolkhoze). Ambos se casaram e tiveram filhos, mas jamais
esqueceram o amor vivido na guerra.
Foto@Sergei Supinsky/AFP, Luigi Pedutto em Kyiv |
Por fim, foram reunidos
em 2004, graças a um programa de TV. Agora, o casal tem uma estátua na capital
ucraniana, Kyiv, em um parque perto da chamada “ponte dos namorados”, um
destino popular para as pessoas que desejam declarar seu amor.
Depois da inauguração
do monumento, Pedutto não conseguiu conter as lágrimas. “Quando eu tinha nove
anos, meu professor disse que eu devia me lembrar de que um dia, cedo ou tarde,
seria compensado por todos os sofrimentos que eu passasse na vida”. Enquanto
ele falava, os presentes o cumprimentavam e mulheres lhe pediam beijos, para
lhes dar sorte no amor.
Yurzuk tem a saúde
frágil demais para que pudesse viajar a Kyiv, mas seus parentes que
participaram do evento disseram que ela estava feliz por seu amor se tornar
símbolo para outros casais. Halyna Yemeliyanova, neta de Yurzuk, disse que sua
avó lhe havia contado sua história de amor muitas vezes, mas que jamais havia
sonhado reencontrar seu namorado italiano.
Não era possível para
Pedutto viajar à União Soviética, na época em que o país estava isolado pela
cortina de ferro, mas ele guardou uma foto de Yurzuk e um pequeno medalhão com
uma mecha de seus cabelos. Por fim, decidiu agir e escreveu ao "Wait for
Me", um programa internacional de TV que promove o reencontro de pessoas há
muito separadas. Funcionou. “Eu a procurei por 62 anos, e enfim a encontrei”,
disse Pedutto.
Yurzuk visitou Pedutto
na Itália e recebeu o título de cidadã honorária da cidade dele, Castel San
Lorenzo, na região de Salerno. Mas não aceitou a proposta de casamento que ele
fez, apesar de ambos estarem viúvos. “Quando eu a pedi em casamento, ela riu”,
contou Pedutto.
Por isso, ele a está
cortejando. Pedutto leva azeite de oliva caseiro e queijo parmesão a Yurzuk,
para que ela faça espaguete. Também a ajuda em suas tarefas, como fazia todos
aqueles anos atrás na Áustria.
Ele é loquaz e
romântico, e ela é reservada e sóbria. Conversam em uma estranha mistura de
ucraniano, italiano e russo, mas em geral se entendem sem palavras. Yurzuk
espera nova visita de Pedutto em agosto, quando os dois planeiam ir juntos a Kyiv
para ver o monumento que imortaliza seu amor.
Pedutto ainda não
perdeu a esperança de convencê-la a aceitar seu pedido, diz Maria Shevchenko, a
produtora ucraniana de “Wait for Me”, que acompanha a história do casal há
anos.
“E desse casal se pode
esperar tudo”, ela disse, rindo.
Original em inglês:
Tradução em português:
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