terça-feira, janeiro 06, 2009

Hoje é a véspera de Natal na Ucrânia

Cristãos ucranianos de rito Bizantino, que seguem o calenário juliano, preparam a celebração da Natalividade.

A Natividade é celebrada pelos cristãos ortodoxos na Europa Central e de Leste e um pouco por todo o mundo a 7 de Janeiro, por causa da diferença do calendário Gregoriano – 13 dias depois dos outros cristãos. No Leste, a Natividade é precedida de 40 dias de jejum, que começam a 15 de Novembro. Este é um tempo de reflexão, contenção pessoal e cura pelo Sacramento da Reconciliação.

A Festa Ortodoxa da Natividade tem início na Véspera de Natal (6 de Janeiro) e termina com a Festa da Epifania. Normalmente, na Véspera de Natal, os cristãos ortodoxos ucranianos jejuam até tarde, ao anoitecer, até que a primeira estrela apareça. Quando a estrela é avistada, as pessoas preparam a mesa para a ceia de Natal. A ceia da Véspera de Natal, ou “Sviata Vecheria” (Santa Ceia), junta a família para partilhar alimentos próprios e dá início à festa com vários costumes e tradições, que remontam à antiguidade. Os rituais da Véspera de Natal são dedicados a Deus, para protecção e bem-estar da família e em memória dos antepassados.

A mesa é coberta com duas toalhas, uma para os antepassados da família, a outra para os elementos vivos. Nos tempos pagãos, os antepassados eram considerados espíritos benévolos, que, sendo devidamente respeitados, traziam boa sorte aos elementos da família. Debaixo da mesa, bem como debaixo das toalhas, é espalhada alguma palha para lembrar que Cristo nasceu num estábulo. A mesa tem sempre um lugar a mais para os membros da família já falecidos, cujas almas, de acordo com a crença, vêm na Véspera de Natal tomar parte na refeição.

Há doze pratos (ou iguarias) na mesa, porque, de acordo com a tradição cristã, cada prato é dedicado a cada um dos Apóstolos de Cristo. Na antiga crença pagã, os pratos correspondiam às doze luas-cheias do ano. Os pratos não têm carne, por causa do período de jejum pedido pela Igreja até ao dia de Natal. Porém, para os pagãos, a abstinência de carne era a forma de oferecerem sacrifícios a Deus sem derramamento de sangue. Enquanto muitos costumes ortodoxos da Véspera de Natal se revestem de uma natureza solene, o costume de cantar é alegre e divertido. Os cânticos de Natal tem a sua origem na antiguidade, tal como muitos outros costumes praticados nesta quadra.

Há dois grupos principais de cânticos na Ucrânia: os “koliadky”, cujo nome deriva provavelmente do latim “calendae”, significando primeiro dia do mês, que são cantados na Véspera e no Dia de Natal; o segundo grupo, “shedrivky”, que é uma derivação da palavra “shedriy”, significado “generoso”, é cantado durante a festa da Epifania.
No Dia de Natal as pessoas participam na Divina Liturgia, no fim da qual, muitos se deslocam em procissão para mares, rios e lagos (ou até o oceano, como fazem os ucranianos em Moçambique). Todos se juntam, na neve (ou na areia), para as cerimónias exteriores da bênção da água. Muitas vezes os rios estão congelados e as pessoas fazem buracos no gelo para a bênção. Então, em casa, há uma grande festa – todos se juntam para comer, beber e divertir-se.
Tal como há diferenças, há também semelhanças entre a Celebração do Natal no Leste e no Ocidente. O Natal no Leste tem um grande significado familiar e social, tal como o tem no Ocidente. Junta as pessoas de todas as gerações para celebrarem o nascimento de Jesus Cristo.


Nota: Calendário Juliano
É um calendário solar criado em 45 A.C. pelo imperador romano Júlio César para trazer os meses romanos ao seu lugar habitual em relação às estações do ano, confusão gerada pela adopção de um calendário de inspiração lunissolar. César impõe 12 meses com duração predeterminada e a adopção de um ano bissexto a cada 4 anos. No ano da mudança, para fazer a concordância entre o ano civil e o ano solar, ele inclui no calendário mais dois meses de 33 e 34 dias, respectivamente, entre Novembro e Dezembro, além do 13º mês, o “mercedonius”, de 23 dias. O ano fica com 445 dias distribuídos em 15 meses e é chamado “o ano da confusão.” Esse calendário, que tem um desfasamento de 13 dias em relação ao nosso, começa a ser substituído pelo calendário gregoriano a partir do século XVI – só Império russo e a Grécia fizeram a mudança apenas no século XX.

Fontes:
http://www.agencia.ecclesia.pt/
http://www.pessoal.utfpr.edu.br/zasycki

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