A missão e o lugar da
(afro-ucraniana) Antuanetta Mishenko é o piano na rua Khreshatyk ao lado da
Municipalidade de Kyiv. Ela recuperou o instrumento destinado se tornar a parte
da barricada e toca-o, acendendo a chama da esperança nos olhares das pessoas.
por: Nadía Shvadchak,
especialmente para Life.pravda.com.ua
(versão curta)
Ao lado da
Municipalidade de Kyiv está uma fila das pessoas que querem comer e se aquecer.
Perto, está mais um grande grupo de pessoas que cercou a menina ao piano, que
toca virtuosamente as obras clássicas, arranja instantaneamente as melodias
para as músicas ucranianas. O instrumento está coberto pelas roupas quentes, em
cima está a bandeira da Ucrânia e uma rosa vermelha.
[…]
A menina se chama
Antuanetta Mishenko, tem 21 anos. Ela tem umas covinhas giríssimas nas
bochechas quando está a rir e possui a fita azul e amarela nos cabelos. Se
despede do seu público, prometendo voltar à tarde. Pessoas pedem que Antuanetta
toca mais, oferecem frutas e doces, aplaudiam. Ela me entrega a maçã – diz que
é alérgica, mas não quis ofender as pessoas, recusando a sua oferta.
Antuanetta ficou
gelada. Vamos tomar chá. Não é fácil tocar em temperaturas baixas. Antuanetta
estuda na Academia Nacional de Música, que fica na Maydan, por isso desde início
seguiu Maydan.
[…] “Para ser honesta,
me senti na Praça à mais. […] Eu não queria ser a parte da multidão. Se eu
pudesse trazer para cá todo o meu curso, mas, infelizmente, sou uma péssima organizadora”.
[…] “Sou contra os
espancamentos das pessoas! Eu diria que eu sou contra o presidente – presidiário.
Mas se ele agisse conforme a lei, eu não estaria aqui” […] – explica Antuanetta.
Aqui ela achou um
piano. […] “Eu vi este piano que era levado para as barricadas. Recuperamos o
instrumento, ele foi trazido e colocado para mim. Quando senti as teclas,
percebi: este é o meu lugar. Eu sei o que faço aqui, por isso venho aqui todos
os dias para ganhar! Acredito que cada pessoa deve fazer aquilo que ninguém fará
além dela”.
Agora ela planeia trabalhar
o repertório: comprar o cancioneiro, aprender as canções, entender que composições
as pessoas querem ouvir na Maydan. Embora os ouvintes gostam as suas
especialidades – Mozart, Bach, Chopin, Tchaikovsky.
[…]
Fico surpresa por ela
conhecer as canções folclóricas ucranianas. “Mas eu vivo na Ucrânia – responde a
moça. […] Me agrada qualquer música que faz pensar, obriga se levantar e fazer
coisas”.
Às sete da tarde
Antuanetta volta ao seu instrumento. […] Estão-se ouvir as vozes confiantes, vozes
femininas claras e límpidas. Tocando “Oh, no meu jardim cerejeiro”, Antuanetta
diz: “São cantoras profissionais, elas não podem cantar no frio! Agradecemos-lhes!”.
Pessoas gritam: “Valentes!”
“Você, provavelmente, ganha
todas as competições?” – pergunta um dos ouvintes.
“Eu não tenho dinheiro
para ir às competições”, – responde ela. Alguém imediatamente coloca o chapéu
em um círculo, as pessoas oferecem o dinheiro, doces e chocolate. Poucos
minutos depois, no piano aparece um grande buquê de flores.
“Eu não estou aqui pelo
dinheiro! Eu, simplesmente, estou convosco!” – a moça pede às pessoas levar o dinheiro,
mas ninguém obedece. O homem de cabelos grisalhos parece sabendo do conteúdo da
nossa conversa, exclama: “Como você organizou nós! Veja quantas pessoas estão
cá! Que maravilha!”.
Texto
integral e fotos da autora:
Bônus:
A
composição A Parede / The Wall / Stina do grupo OE, realizador: Maxim Donchik
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