domingo, dezembro 01, 2013

Sangue e dor em Kyiv

Na noite de 29 para 30 de novembro o poder ucraniano mostrou que não pretende escolher a Europa ou os seus valores civilizacionais. Usou para o efeito as táticas mais brutais da polícia de choque vinda fora da capital.

Às 4h15 a praça de Independência de Kyiv foi cercada pela polícia de choque, unidade “Berkut”, vinda, alegadamente, da Crimeia. Na praça estiveram entre 500 a 1000 pessoas. Polícia usou as granadas de som, começou a pânica, os manifestantes cantavam o hino da Ucrânia e gritavam “milícia com o povo”.
 
1ª e 2ª foto: fotógrafo Gleb Garanich no trabalho
Polícia batia em todo o mundo, incluindo nas mulheres, adolescentes, muita gente foi ferida, davam pontapés (com as botas) naqueles que caíram no chão. Os polícias gritavam palavrões em russo e ofendiam os manifestantes. Às 4h27 a praça foi evacuada, cercada com barreiras metálicas e ai a polícia começou a “caça” dos manifestantes nas imediações (as pessoas eram espancadas numa distância de meio-quilômetro da praça de Independência).

Entre 40 a 100 pessoas foram detidas, mas libertadas na manha seguinte. A polícia fala em 12 policiais feridos e alegadamente obriga os policiais a baixar nos hospitais, para justificar este número. Entre as pessoas realmente feridos está fotógrafo da “Reuters”, Gleb Garanich, atingido pela polícia algumas horas antes, escreve no seu perfil do FB, o fotógrafo Maxym Balanduh.
 
Foto@AFP
A jornalista Olga Len escreve sobre a reunião de emergência do Conselho Nacional da Defesa e Segurança (RNBO) e sobre a decisão de cerca de 20 deputados do Partido das Regiões de abandonar o partido na próxima segunda-feira. Outras fontes falam dos 15-20 deputados, até agora o partido foi abandonado por duas pessoas.

Existe a informação não confirmada sobre a morte de uma jovem em resultado dos ferimentos sofridos durante a carga policial, também se fala sobre 4-6 pessoas desaparecidas, sabe-se que eles estiveram na praça e agora perdeu-se qualquer ligação com eles.
 
praça Mykhaylivska em Kyiv
Na internet ucraniana também se fala sobre polícia de choque de Lviv e Vinnytsia, que alegadamente se recusaram se deslocar à Kyiv, para atacar os manifestantes. Outras notícias dão conta do que alguns polícias, pertencentes ao “Berkut” de Lviv prometeram defender os manifestantes da sua cidade contra a violência policial, como escreve Uainfo.org

Fotos da Maydan antes do ataque da polícia de choque: FOTOS 1, FOTOS 2
Ataque conta o Maydan na noite de 30.11.2013 (vídeo):

No dia 30.11.2013 os ucranianos se moveram para a praça Mykhaylivska (onde se situa o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Mosteiro Mykhaylivsky), existe a informação do que o tribunal de Kyiv irá proibir o comício naquele local (e em todos os outros lugares da capital) até o dia 7 de janeiro de 2013, escreve Tyzhden.ua. Tal como antigamente, nessa noite o mosteiro se mostrou um refúgio seguro para as pessoas que lá entraram se salvando da polícia de choque ou simplesmente que dormem no mosteiro para amanha puderem participar nos comícios de oposição em Kyiv.
 
no interior do mosteiro Mykhaylivskiy
A “Rádio Liberdade” ao vivo da praça Mykhaylivska de Kyiv:

No dia 1 de dezembro de 2013 os ucranianos planeiam se juntar ao lado do monumento do Taras Shevchenko (em frente da Universidade Taras Shevchenko), para mostrar o seu descontentamento com o atual situação política do país, pedindo inclusivamente a demissão do presidente e do governo da Ucrânia.
praça Mykhaylivska e praça de Sofia em Kyiv
Ler mais, revista The Economist sobre a situação ucraniana:

Battle for Ukraine (Batalha pela Ucrânia):

Day of the gangster pygmy (Dia do pigmeu criminoso):
praça Mykhaylivska 1.12.2013
O deputado do parlamento ucraniano pela VO Batkivshyna (da Yúlia Tymoshenko), Andriy Parubiy escreve que às 4h30 de manha a praça Mykhaylivska está em alerta e continua de pé, os ucranianos pretendem defender a sua escolha europeia.

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