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O líder do grupo
Gogol Bordello,
Eugene Hutz nasceu e cresceu na Ucrânia, mais tarde emigrou com os pais para os EUA, hoje vive em quatro cantos do mundo. O “emigrante eterno”, Hutz participou no festival
Stare Misto (cidade de Lviv), onde concedeu essa entrevista ao jornal on-line “
Lviv Cultural”.
– O que achou da nossa cidade?
– Quero encontrar algum lugar para montar o bar, pois Lviv é uma cidade mais linda do que Budapeste ou Varsóvia, sobre quais também já pensamos.
– Para que você quer isso (o bar)? Ganhar dinheiro ou algo diferente…
– Dinheiro tenho que basta, isso é para se comunicar com o pessoal.
– Você viveu na Ucrânia, tem alguma família cá?– Nasci em Kyiv, em 1986 – 1987 vivi em
Stryi, também em
Svaliava, vivi na província de
Luhansk. Os familiares, quase já os não tenho, pois uma parte da minha família pertence à etnia cigana – serva (sub – grupo dos ciganos, que se formou na Ucrânia dos romas que emigraram da Sérvia no início do século XVII). Estes ciganos muitas das vezes escondiam a sua origem étnica por causa da discriminação, pintavam o cabelo em loiro e diziam que são moldovos. Depois eles saíram de Luhansk para vários outros locais: Estónia, Lituânia, Kyiv.
– Você se orgulha de ser ucraniano? Se vê ligado à cultura ucraniana?– Claro que sim, embora sou de uma família onde tudo é misturado. Além disso, na Ucrânia (actual) praticamente não existe a verdadeira cultura ucraniana. Existe mais cultura (ucraniana) no Brasil, no Canada. Lá vivem os ucranianos da “primeira onda” (da emigração). Lá existe a cultura limpa, verdadeira. Isso me agrada. Mas talvez isso está a voltar… Nós toda a noite passeamos em Lviv, estávamos em locais diferentes e cultura é presente muito mais do que em Kyiv. E isso é agradável. Já aparece a vontade de vir para cá a começar fazer algo.
– Você viaja toda a hora, será que existe uma cidade onde você se sente com em casa ou como o emigrante? – Talvez isso é o Rio de Janeiro, lá posso viver calmamente durante meio ano e não quero sair para nenhum outro lado. É a cidade única, sobre qual se pode dizer “24 horas por dia”. Lá funciona tudo e à qualquer hora do dia. Como emigrante me sinto na Alemanha, por causa da atmosfera local ou sei lá…
– Você entrou no filme da Madonna “Filth and Wisdom”, até que ponto é parecido com a sua personagem naquela história?
– Nem sei, algo da minha “biografia suja” foi aproveitado pela Madonna. Mas eu não encaro isso com a serenidade. Me ligaram, convidaram para filmar. Eu disse: tenho três semanas. Assim combinamos.
– Tem novos planos de fazer mais cinema? Algumas propostas concretas?– Existem algumas pessoas com quais estou muito interessado em fazer algo em conjunto, com quem já falei sobre isso e quais gostam daquilo que faço. Um dos casos é
Jim Jarmusch. Também tenho várias outras propostas, por exemplo fazer papel de um terrorista polaco. Mas não gosto disso. E nem tenho o tempo para o tal.
– Quais foram as perguntas mais estúpidas que lhe fizeram por causa do trabalho com a Madonna?– Antigamente as perguntas estúpidas me entristeciam, eu achava que são feitas por falta de respeito. Depois eu vi como Madonna responde as perguntas semelhantes. E entendi, isso como a meditação. Simplesmente just do it!
– Para quando a saída do novo álbum? – Foi terminado agora, em um estúdio californiano, passamos lá três meses. Planeamos a sua saída para o Novembro ou Dezembro. O estilo: punk – rock – samba, coisas que nós influenciaram ultimamente.
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