Uma reportagem interessante sobre a República da Geórgia, que se calhar, pode responder a uma questão intrigante. Porque o regime corrupto de Eduard Shevarnadze era tão bem tolerado na Europa e o novo poder de Mikeil Saakashvili é visto com tanta desconfiança. A aposição na Geórgia é unânime: Saakashvili não é um “mano” como deve ser, pois tem a “mentalidade americana”.
UPD: A Geórgia está no meio da operação militar de grande envergadura contra os separatistas da Ossétia do Sul, conseguindo ocupar a capital do território, cidade de Tskhinvali. Conselho da Segurança de ONU recusou a condenar as acções da Geórgia, algo em quem insistia um poderoso vizinho nortenho. Alias, vizinho que criou, desde sempre financiou e apoio os separatistas, que sonham em dividir a Geórgia.
por: Yulia Latynina,
comentarista do jornal Novaya Gazeta
Cidade de Batumi
Estou a passear com primeiro – ministro da Ajária, Levan Varshalomidze na Marginal de Batumi.
— Isso aqui é edifício da procuradoria, estamos vendendo. Este aqui é edifício do Governo, nos já o vendemos. Esta aqui é a antiga residência de Abashidze (ex – chefe local), não a vamos vender. O Tribunal Constitucional mudou-se para lá, dentro do processo de descentralização.
Seis anos atrás já estive em Ajária. O filho de Abashidze era presidente do conselho municipal, outro familiar era chefe da KGB, outro mandava no Ministério do Interior. O primo da mulher chefiava as alfândegas, o cunhado – a base petrolífera. Clã Abashidze controlava tudo, incluindo narcotráfico. Na altura a Marginal terminava em lixeira. Éramos acompanhados pelo guarda – costas de Abashidze armados com as metralhadoras. Havia vários retratos de Abashidze. Agora a Marginal é três vezes maior e em vez de retratos ostenta a publicidade da Internet sem fio (Wi-Fi) gratuito, que funciona em toda a sua extensão.
Mas o mais forte que eu vi, é a aldeia de Gonio, na fronteira com a Turquia. Sob Abashidze a aldeia era considerada a zona de fronteira, até uma simples varanda era proibido de construir. O dono do hotel local conta que construía a noite, pagava os subornos. Agora ele pediu crédito no banco e em um ano concluiu o seu hotel.
No local da lixeira está um fontanário musical. “Os apartamentos aqui eram vendidos por 7.000 USD, agora custam 70.000”, - diz o primeiro – ministro da Ajária, - gastamos 5 milhões de Euros na reconstrução da lixeira e o primeiro lote vendido pagou todas as despesas.
Polícia como atracção turística
A polícia em Geórgia não recebe os subornos. Completamente. 80% dos polícias actuais nunca foram polícias no passado, incluindo o chefe do Ministério do Interior, o poderoso Vano Merabishvili. A inspecção técnica dos veículos automóveis foi abolida. A GAI – a Polícia Estatal de Trânsito também foi abolida. Em vez dela – foi criada a polícia de patrulha. Ela é omnipresente. Está em todo o lado nas estradas e chega em dois minutos quando é chamada. Se o carro avariou, o condutor será ajudado. Se acabou a gasolina, vão traze-la. Agora a polícia é uma atracção turística da Geórgia.
Seis anos atrás, na capital do país, Tbilisi, roubavam-se em média 20 carros por dia. Agora os condutores deixam as chaves na ignição. “Conseguimos isso, eliminando a corrupção”, - diz Vano Merabishvili, - “porque é impossível roubar os carros e falsificar a documentação sem a conivência dos respectivos órgãos”.
Nas cadeias do país estão presos 22.000 criminosos, comparando com 3.000 da época de Shevarnadze. Foram desvendados quase todos os assassinatos e raptos, que aconteceram no regime anterior. Todos os “Ladrões em Lei” estão presos. Funciona a Lei que pune só pelo facto de alguém dizer: “sou o Ladrão”. Essa pessoa é presa e os seus bens são confiscados.
As pessoas são presas por tudo: por causa de uma rixa, por drogas, pela compra do telefone roubado. Usando um programa de computador, você queixa-se que o seu telefone foi roubado, polícia o identifica pelo número do IMEI e prende o comprador.
“Nós criamos o mito que sabemos tudo. Todos pensam que escutamos todos”, - diz o Beria liberal georgiano e sorri.
Negócios
Um empresário russo chegou a Geórgia para investir: “gastei 12.000 dólares no projecto de um prédio no centro de Tbilisi e legalizei tudo em 4 meses. Em Moscovo isso custaria 3 milhões de USD e levaria um ano e meio”.
O tio do jovem Dato trabalhou na Câmara de Comércio e o novo chefe da Câmara colocou lá várias camarás ICTV, apanhando três funcionários que aceitavam os subornos. Estes três foram despedidos, assim como os restantes 850 funcionários. Em princípio, concordem, que estes factos são interligados. O tio que foi despedido e os funcionários que não aceitam os subornos. Mas Dato teve pena do tio e por isso juntou-se à oposição.
O Estado e os costumes
Antes de “Revolução de rosas”, a Geórgia não tinha o Estado. Em vez do Estado, existia Shevarnadze. Ele respeitava todos os usos e costumes georgianos: respeito para com os amigos, inteligentzia e aos “Ladrões em Lei”. O genro de Shevarnadze era dono das telecomunicações, o primo possuía as petrolíferas. Não é possível dizer que todos os negócios da Geórgia pertenciam à família de Shevarnadze. A seguradora “Aldagi” pertencia a um bom homem, David Gamkrelidze. Essa empresa estava tão preocupada com o povo, que até forçou a lei sobre seguro obrigatório de automóveis. Quando a pessoa vinha para fazer a inspecção técnica do seu veículo, explicavam-lhe: para passar a inspecção terá que ter seguro exactamente na “Aldagi”. David Gamkrelidze vendeu o seu negócio, agora ele é deputado do parlamento, pela lista da oposição.
And he called me pidoras *...
Após a “Revolução de rosas”, Geórgia organizou o fórum de investidores e um dos seus participantes, “liberal maluco”, Kaha Bendukidze definiu o modelo do desenvolvimento económico do país: “Vender tudo, menos a consciência”.
A primeira coisa que foi posta à venda foi o hotel “Inturist” em Batumi, avaliado em 3 milhões de USD. Tiveram muito medo que o leilão não fosse realizado. Nas vésperas do leilão, o empresário Badri Patarkacishvili encontrou-se com o Primeiro – Ministro Zurab Zhvania.
— Mano Zurab, — disse Badri, — vender hotel por 3 milhões de dólares é uma desonra. Parece que a Geórgia em vez de reconstruir o país está extorquir o dinheiro dos empresários.
Resumindo, o discurso significava que empresário está pronto, o que irá de fazer, levar o hotel de graça. Hotel foi vendido por 3 milhões de USD.
O porto comercial da cidade de Poti foi vendido aos empresários árabes por 90 milhões de USD, residência de Shevarnadze na cidade velha de Tbilisi – por 15 milhões. A corporação russa “Evraz” queria comprar no leilão a mina de manganês, junto com uma fabrica de ferros e estações eléctricas, mas desistiu do negócio, persuadida pelo Kremlin, perdendo o sinal de 20 milhões de USD. A mina foi comprada pelo grupo ucraniano “Privat” por 113 milhões de USD, etc.
O porto de Batumi foi comprado através do concurso pelo empresário dinamarquês Jan Boden – Nielsen. As negociações foram bem difíceis e uma vez na calor de discussão, Kaha Bendukidze insultou o Boden – Nielsen, e este, apresentou a queixa formal ao Presidente Saakashvili, escrevendo: «And he called me pidoras, the meaning of which I didn’t know at that time». O porto foi vendido por 90 milhões de USD.
O bordel e a inteligentzia
Mikeil Saakashvili começou europeizar a Tbilisi. Em 2003 a cidade era uma lixeira, mistura horrorosa de estilo soviético e o bazar, com vendedores ambulantes nas ruas, barracas nos locais impróprios, construção clandestina.
A polícia de choque (OMON), obrigava os vendedores ambulantes a vender no mercado. Barracas e cafés ilegais eram demolidos. Foi demolido o bordel de cinco andares no centro histórico da capital. Mas a história mais famosa era a do edifício de 16 andares. No plano havia sete andares, mas durante a construção, de alguma maneira, o edifício cresceu. E foi demolido.
— Você respeita a propriedade? – eu pergunto ao Presidente.
— Isso não é a questão de propriedade. É uma questão de ausência da lei. Quando as pessoas acham que tudo é permitido.
Edifício foi demolido e a televisão oposicionista, “Imedi”, transmitiu a demolição em directo, como a tragédia nacional.
Uma vez um realizador famoso ligou para Saakashvili e pediu um favor para uns conhecidos seus. Rapazes apenas atiraram em alguém e o realizador foi convencido que o seu pedido será atendido. Porque na Geórgia é uma tradição respeitar a intligentzia. Mas Presidente Saakashvili não ajudou.
— Nossa economia cresceu 3 vezes, o orçamento — 11, diz Saakashvili, — da onde vem a diferença? Nos tiramos isto de alguém. Geórgia não tinha as liberdades políticas, mas tinha a liberdade de corrupção. Se o seu filho era preso por causa das drogas, sempre existia o número do telefone onde você podia ligar. Hoje este número já não existe.
A oposição e o Estado policial
Em Novembro de 2007, a oposição reuniu em comício as 100.000 pessoas. Parecia que regime ia cair. Em Maio de 2008 a mesma oposição foi esmagada nas urnas. Perdendo, a oposição chamou a Geórgia de Estado policial.
— O país não tem nenhum instituto democrático, diz me um dos líderes da oposição, — Georgiy Haindrava. – As pessoas são obrigados a entregar o dinheiro não nas mãos do Estado, nas mãos dos privados.
— E os exemplos? – digo eu.
— É o seu trabalho encontrar os exemplos. Meu trabalho é dar-lhe a avaliação da situação política geral, — não se perca Haindrava.
— Mas os polícias deixaram de aceitar os subornos.
— Isso não é mérito de Saakashvili, é o mérito da toda a sociedade civil georgiana.
“Ele (Saakashvili) é canibal”, — diz o morador desalojado do prédio de 16 andares. Também me contam um caso recente: jovem fugia da patrulha policial, tirou a pistola para deitar fora, polícia atirou, jovem foi morto.
E um sentimento estranho toma conta de mi. Eu sei que o aquele polícia foi julgado e cumpre a pena. Eu sei que nos EUA ele seria absolvido. Eu sei que durante todo o tempo do Vano Merabishvili os polícias georgianos balearam mortalmente 17 pessoas e perderam 35 agentes. Mas se você não tem uma oposição maluca, então você terá um poder maluco.
por: Yulia Latynina,
comentarista do jornal Novaya Gazeta
Cidade de Batumi
Estou a passear com primeiro – ministro da Ajária, Levan Varshalomidze na Marginal de Batumi.
— Isso aqui é edifício da procuradoria, estamos vendendo. Este aqui é edifício do Governo, nos já o vendemos. Esta aqui é a antiga residência de Abashidze (ex – chefe local), não a vamos vender. O Tribunal Constitucional mudou-se para lá, dentro do processo de descentralização.
Seis anos atrás já estive em Ajária. O filho de Abashidze era presidente do conselho municipal, outro familiar era chefe da KGB, outro mandava no Ministério do Interior. O primo da mulher chefiava as alfândegas, o cunhado – a base petrolífera. Clã Abashidze controlava tudo, incluindo narcotráfico. Na altura a Marginal terminava em lixeira. Éramos acompanhados pelo guarda – costas de Abashidze armados com as metralhadoras. Havia vários retratos de Abashidze. Agora a Marginal é três vezes maior e em vez de retratos ostenta a publicidade da Internet sem fio (Wi-Fi) gratuito, que funciona em toda a sua extensão.
Mas o mais forte que eu vi, é a aldeia de Gonio, na fronteira com a Turquia. Sob Abashidze a aldeia era considerada a zona de fronteira, até uma simples varanda era proibido de construir. O dono do hotel local conta que construía a noite, pagava os subornos. Agora ele pediu crédito no banco e em um ano concluiu o seu hotel.
No local da lixeira está um fontanário musical. “Os apartamentos aqui eram vendidos por 7.000 USD, agora custam 70.000”, - diz o primeiro – ministro da Ajária, - gastamos 5 milhões de Euros na reconstrução da lixeira e o primeiro lote vendido pagou todas as despesas.
Polícia como atracção turística
A polícia em Geórgia não recebe os subornos. Completamente. 80% dos polícias actuais nunca foram polícias no passado, incluindo o chefe do Ministério do Interior, o poderoso Vano Merabishvili. A inspecção técnica dos veículos automóveis foi abolida. A GAI – a Polícia Estatal de Trânsito também foi abolida. Em vez dela – foi criada a polícia de patrulha. Ela é omnipresente. Está em todo o lado nas estradas e chega em dois minutos quando é chamada. Se o carro avariou, o condutor será ajudado. Se acabou a gasolina, vão traze-la. Agora a polícia é uma atracção turística da Geórgia.
Seis anos atrás, na capital do país, Tbilisi, roubavam-se em média 20 carros por dia. Agora os condutores deixam as chaves na ignição. “Conseguimos isso, eliminando a corrupção”, - diz Vano Merabishvili, - “porque é impossível roubar os carros e falsificar a documentação sem a conivência dos respectivos órgãos”.
Nas cadeias do país estão presos 22.000 criminosos, comparando com 3.000 da época de Shevarnadze. Foram desvendados quase todos os assassinatos e raptos, que aconteceram no regime anterior. Todos os “Ladrões em Lei” estão presos. Funciona a Lei que pune só pelo facto de alguém dizer: “sou o Ladrão”. Essa pessoa é presa e os seus bens são confiscados.
As pessoas são presas por tudo: por causa de uma rixa, por drogas, pela compra do telefone roubado. Usando um programa de computador, você queixa-se que o seu telefone foi roubado, polícia o identifica pelo número do IMEI e prende o comprador.
“Nós criamos o mito que sabemos tudo. Todos pensam que escutamos todos”, - diz o Beria liberal georgiano e sorri.
Negócios
Um empresário russo chegou a Geórgia para investir: “gastei 12.000 dólares no projecto de um prédio no centro de Tbilisi e legalizei tudo em 4 meses. Em Moscovo isso custaria 3 milhões de USD e levaria um ano e meio”.
O tio do jovem Dato trabalhou na Câmara de Comércio e o novo chefe da Câmara colocou lá várias camarás ICTV, apanhando três funcionários que aceitavam os subornos. Estes três foram despedidos, assim como os restantes 850 funcionários. Em princípio, concordem, que estes factos são interligados. O tio que foi despedido e os funcionários que não aceitam os subornos. Mas Dato teve pena do tio e por isso juntou-se à oposição.
O Estado e os costumes
Antes de “Revolução de rosas”, a Geórgia não tinha o Estado. Em vez do Estado, existia Shevarnadze. Ele respeitava todos os usos e costumes georgianos: respeito para com os amigos, inteligentzia e aos “Ladrões em Lei”. O genro de Shevarnadze era dono das telecomunicações, o primo possuía as petrolíferas. Não é possível dizer que todos os negócios da Geórgia pertenciam à família de Shevarnadze. A seguradora “Aldagi” pertencia a um bom homem, David Gamkrelidze. Essa empresa estava tão preocupada com o povo, que até forçou a lei sobre seguro obrigatório de automóveis. Quando a pessoa vinha para fazer a inspecção técnica do seu veículo, explicavam-lhe: para passar a inspecção terá que ter seguro exactamente na “Aldagi”. David Gamkrelidze vendeu o seu negócio, agora ele é deputado do parlamento, pela lista da oposição.
And he called me pidoras *...
Após a “Revolução de rosas”, Geórgia organizou o fórum de investidores e um dos seus participantes, “liberal maluco”, Kaha Bendukidze definiu o modelo do desenvolvimento económico do país: “Vender tudo, menos a consciência”.
A primeira coisa que foi posta à venda foi o hotel “Inturist” em Batumi, avaliado em 3 milhões de USD. Tiveram muito medo que o leilão não fosse realizado. Nas vésperas do leilão, o empresário Badri Patarkacishvili encontrou-se com o Primeiro – Ministro Zurab Zhvania.
— Mano Zurab, — disse Badri, — vender hotel por 3 milhões de dólares é uma desonra. Parece que a Geórgia em vez de reconstruir o país está extorquir o dinheiro dos empresários.
Resumindo, o discurso significava que empresário está pronto, o que irá de fazer, levar o hotel de graça. Hotel foi vendido por 3 milhões de USD.
O porto comercial da cidade de Poti foi vendido aos empresários árabes por 90 milhões de USD, residência de Shevarnadze na cidade velha de Tbilisi – por 15 milhões. A corporação russa “Evraz” queria comprar no leilão a mina de manganês, junto com uma fabrica de ferros e estações eléctricas, mas desistiu do negócio, persuadida pelo Kremlin, perdendo o sinal de 20 milhões de USD. A mina foi comprada pelo grupo ucraniano “Privat” por 113 milhões de USD, etc.
O porto de Batumi foi comprado através do concurso pelo empresário dinamarquês Jan Boden – Nielsen. As negociações foram bem difíceis e uma vez na calor de discussão, Kaha Bendukidze insultou o Boden – Nielsen, e este, apresentou a queixa formal ao Presidente Saakashvili, escrevendo: «And he called me pidoras, the meaning of which I didn’t know at that time». O porto foi vendido por 90 milhões de USD.
O bordel e a inteligentzia
Mikeil Saakashvili começou europeizar a Tbilisi. Em 2003 a cidade era uma lixeira, mistura horrorosa de estilo soviético e o bazar, com vendedores ambulantes nas ruas, barracas nos locais impróprios, construção clandestina.
A polícia de choque (OMON), obrigava os vendedores ambulantes a vender no mercado. Barracas e cafés ilegais eram demolidos. Foi demolido o bordel de cinco andares no centro histórico da capital. Mas a história mais famosa era a do edifício de 16 andares. No plano havia sete andares, mas durante a construção, de alguma maneira, o edifício cresceu. E foi demolido.
— Você respeita a propriedade? – eu pergunto ao Presidente.
— Isso não é a questão de propriedade. É uma questão de ausência da lei. Quando as pessoas acham que tudo é permitido.
Edifício foi demolido e a televisão oposicionista, “Imedi”, transmitiu a demolição em directo, como a tragédia nacional.
Uma vez um realizador famoso ligou para Saakashvili e pediu um favor para uns conhecidos seus. Rapazes apenas atiraram em alguém e o realizador foi convencido que o seu pedido será atendido. Porque na Geórgia é uma tradição respeitar a intligentzia. Mas Presidente Saakashvili não ajudou.
— Nossa economia cresceu 3 vezes, o orçamento — 11, diz Saakashvili, — da onde vem a diferença? Nos tiramos isto de alguém. Geórgia não tinha as liberdades políticas, mas tinha a liberdade de corrupção. Se o seu filho era preso por causa das drogas, sempre existia o número do telefone onde você podia ligar. Hoje este número já não existe.
A oposição e o Estado policial
Em Novembro de 2007, a oposição reuniu em comício as 100.000 pessoas. Parecia que regime ia cair. Em Maio de 2008 a mesma oposição foi esmagada nas urnas. Perdendo, a oposição chamou a Geórgia de Estado policial.
— O país não tem nenhum instituto democrático, diz me um dos líderes da oposição, — Georgiy Haindrava. – As pessoas são obrigados a entregar o dinheiro não nas mãos do Estado, nas mãos dos privados.
— E os exemplos? – digo eu.
— É o seu trabalho encontrar os exemplos. Meu trabalho é dar-lhe a avaliação da situação política geral, — não se perca Haindrava.
— Mas os polícias deixaram de aceitar os subornos.
— Isso não é mérito de Saakashvili, é o mérito da toda a sociedade civil georgiana.
“Ele (Saakashvili) é canibal”, — diz o morador desalojado do prédio de 16 andares. Também me contam um caso recente: jovem fugia da patrulha policial, tirou a pistola para deitar fora, polícia atirou, jovem foi morto.
E um sentimento estranho toma conta de mi. Eu sei que o aquele polícia foi julgado e cumpre a pena. Eu sei que nos EUA ele seria absolvido. Eu sei que durante todo o tempo do Vano Merabishvili os polícias georgianos balearam mortalmente 17 pessoas e perderam 35 agentes. Mas se você não tem uma oposição maluca, então você terá um poder maluco.
***
O Ministro da defesa da Geórgia era Irakliy Okruashvili. Ele criou um exército moderno do país e era muito popular. Quando essa popularidade começou ameaçar o presidente, de repente, Saakashvili descobriu que ministro recebe os subornos. E Okruashvili foi despedido. O ministro primeiramente ficou calado, depois acusou publicamente (através do canal “Imedi”), o presidente Saakashvili em traição da Geórgia, assassinatos e tentativas de assassinatos políticos.
Logo depois iniciou-se no país o comício indeterminado da oposição, que exigia a demissão do Presidente Saakashvili. Ex – ministro Okruashvili propôs um acordo: ele será nomeado primeiro – ministro e oposição termina o comício já amanha. Saakashvili não fiz a nomeação, esperou que o comício afrouxa e usou o gás policial para dispersar os mais persistentes. Depois marcou as eleições antecipadas.
Mossad georgiana
Todo e qualquer país pequeno, cercado por inimigos poderosos, ou morre, ou cria os órgãos poderosos de elite: exército e polícia. Israel criou o Mossad. Geórgia não tem o Mossad, mas tem o Vano Merabishvili.
Vano obteve várias vitórias para a Geórgia: capturou o agente russo que explodiu a esquadra de polícia na cidade de Gori, capturou os oficiais de GRU, que financiavam oposição e os atentados terroristas. A rede criada por ele parece que muito recentemente conseguiu prevenir a invasão das tropas aero – transportadas russas da região do Vale de Kodori (Alto Kodori), conseguindo apresentar ao OSCE provas conclusivas de agressão preparada, salvando a Geórgia da guerra.
David georgiano e Golias russo
A oposição que foi tão forte em Novembro, perdeu em Maio por três razões. Primeiro, Saakashvili aprendeu com os seus próprios erros. Antes ele demolia as construções ilegais – após o Novembro eles começaram ser legalizadas.
Segundo, a classe empresarial ficou com muito medo. “Geralmente os empresários tem medo do Poder, os nossos empresários tiveram medo da oposição”, — disse me Koba Nakopia, ex – director e co – proprietário das minas, que elegeu-se deputado por causa do seu próprio medo.
E terceiro, morreu na Inglaterra de ataque cardíaco o tal de Badri Patarkacishvili, que era não apenas o banqueiro, mas o símbolo dessa oposição. Símbolo da velha Geórgia que está a desaparecer. Geórgia dos ladrões e intelectuais, dos professores e realizadores. Geórgia do ancien regime que é tão impiedosamente é destruída pelos gestores de Saakashvili.
Geórgia copia os EUA. Mas não no sentido que é visto pelos paranóicos anti – americanos. EUA não é o dono, mas o modelo. O modelo de um Estado independente e livre. Saakashvili constrói essa Geórgia, ele está com a pressa terrível, porque não tem muito tempo, pois os presidentes vão e vem, enquanto a roda da História passa pelas pessoas, algo que as pessoas não gostam.
A Geórgia tem a sorte pois existe a Rússia, que desempenha mesmas funções que os árabes desempenham para o Israel. Perigo permanente que não deixa a escolha: ou morrer ou superar. Oposição tornou-se para a Geórgia uma “Rússia interna”. Pois apenas quando a oposição, nem que seja irresponsável, não entra no parlamento, então o poder sempre tem a tentação de declarar que 2 x 2 = 17.
Tbilisi – Batumi – Moscovo
02.06.2008
http://novayagazeta.ru/data/2008/39/06.html
* pidoras = paineleiro
O Ministro da defesa da Geórgia era Irakliy Okruashvili. Ele criou um exército moderno do país e era muito popular. Quando essa popularidade começou ameaçar o presidente, de repente, Saakashvili descobriu que ministro recebe os subornos. E Okruashvili foi despedido. O ministro primeiramente ficou calado, depois acusou publicamente (através do canal “Imedi”), o presidente Saakashvili em traição da Geórgia, assassinatos e tentativas de assassinatos políticos.
Logo depois iniciou-se no país o comício indeterminado da oposição, que exigia a demissão do Presidente Saakashvili. Ex – ministro Okruashvili propôs um acordo: ele será nomeado primeiro – ministro e oposição termina o comício já amanha. Saakashvili não fiz a nomeação, esperou que o comício afrouxa e usou o gás policial para dispersar os mais persistentes. Depois marcou as eleições antecipadas.
Mossad georgiana
Todo e qualquer país pequeno, cercado por inimigos poderosos, ou morre, ou cria os órgãos poderosos de elite: exército e polícia. Israel criou o Mossad. Geórgia não tem o Mossad, mas tem o Vano Merabishvili.
Vano obteve várias vitórias para a Geórgia: capturou o agente russo que explodiu a esquadra de polícia na cidade de Gori, capturou os oficiais de GRU, que financiavam oposição e os atentados terroristas. A rede criada por ele parece que muito recentemente conseguiu prevenir a invasão das tropas aero – transportadas russas da região do Vale de Kodori (Alto Kodori), conseguindo apresentar ao OSCE provas conclusivas de agressão preparada, salvando a Geórgia da guerra.
David georgiano e Golias russo
A oposição que foi tão forte em Novembro, perdeu em Maio por três razões. Primeiro, Saakashvili aprendeu com os seus próprios erros. Antes ele demolia as construções ilegais – após o Novembro eles começaram ser legalizadas.
Segundo, a classe empresarial ficou com muito medo. “Geralmente os empresários tem medo do Poder, os nossos empresários tiveram medo da oposição”, — disse me Koba Nakopia, ex – director e co – proprietário das minas, que elegeu-se deputado por causa do seu próprio medo.
E terceiro, morreu na Inglaterra de ataque cardíaco o tal de Badri Patarkacishvili, que era não apenas o banqueiro, mas o símbolo dessa oposição. Símbolo da velha Geórgia que está a desaparecer. Geórgia dos ladrões e intelectuais, dos professores e realizadores. Geórgia do ancien regime que é tão impiedosamente é destruída pelos gestores de Saakashvili.
Geórgia copia os EUA. Mas não no sentido que é visto pelos paranóicos anti – americanos. EUA não é o dono, mas o modelo. O modelo de um Estado independente e livre. Saakashvili constrói essa Geórgia, ele está com a pressa terrível, porque não tem muito tempo, pois os presidentes vão e vem, enquanto a roda da História passa pelas pessoas, algo que as pessoas não gostam.
A Geórgia tem a sorte pois existe a Rússia, que desempenha mesmas funções que os árabes desempenham para o Israel. Perigo permanente que não deixa a escolha: ou morrer ou superar. Oposição tornou-se para a Geórgia uma “Rússia interna”. Pois apenas quando a oposição, nem que seja irresponsável, não entra no parlamento, então o poder sempre tem a tentação de declarar que 2 x 2 = 17.
Tbilisi – Batumi – Moscovo
02.06.2008
http://novayagazeta.ru/data/2008/39/06.html
* pidoras = paineleiro
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