A editora francesa Editions Futuropolis apresenta a BD “Les Cahiers ukrainiens: Mémoires du temps de l’URSS” (9782754802666), por Igort, 176 páginas coloridas, preço: 22 €.
“Cadernos ucranianos (memórias dos tempos soviéticos”) é uma série de memórias em forma de banda desenhada sobre a história da Ucrânia, desenhada pelo autor italiano Igort. O estilo e o género desta BD são específicos, eles imitam o estilo gráfico e literário da propaganda soviética da época. Mas também são populares, a edição italiana de 10.000 exemplares esgotou, acaba de sair a versão francesa, para breve é esperada a versão alemã, espanhola e inglesa.
“Este mergulho da história do século XX é necessário, para entender melhor os países do espaço pós – soviético, que neste momento auto descobrem-se eles próprios”, escreve o crítico francês.
“Temos a informação sobre os horrores da ditadura comunista, mas poucos sabem sobre a tragédia assustadora do povo ucraniano, que passava a fome pela vontade de uma única pessoa, – acrescenta outro. “Cadernos ucranianos” merecem absolutamente para serem incluídos nos livros da história”.
Na base do livro estão quatro novelas gráficas – memórias de quatro pessoas comuns, os destinos dos quais foram marcadas pelos períodos cruéis da história do século XX.
Serafima Andriyivna contou sobre Holodomor de 1932-1933, Mykola Vasylyovych lembra a ocupação alemã e os anos pós – guerra de Stalin e Brejnev.
Maria Ivanivna recorda como na década de 1930 as carroças cheios de cadáveres passavam pelas ruas. Ela fica nostálgica pelos anos de Brejnev, quando a comida era barata, embora a roupa e o resto dos produtos só era possível de comprar apenas em prestações. Hoje, gastando todas as poupanças em medicamentos, Maria Ivanivna pede esmola e espera pela morte.
Mykola Ivanovych fica nostálgico pelos kolkhozes e sente-se perdido na Ucrânia actual.
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Primeiramente a Ucrânia me parecia como algo incerto, como uma nuvem no céu soviético. Depois comecei visitar aquele país e os nomes exóticos que eu ouvia em criança – Kyiv, Odessa, Poltava, Sebasopol, Lviv, Yalta se transformavam nas paisagens concretas… E eu perguntava a mim mesmo: “Como a vida era aqui durante e após o comunismo?”
“Eu comecei trabalhar no kolkhoz. Eu era o veterinário, cuidava dos porcos… Na época de Stalin os camponeses anualmente entregavam ao kolkhoz 300 litros de leite, 50 kg da carne, 300 ovos. Todas as famílias, independentemente de número dos seus membros. Minha mãe era solteira e não conseguia alcançar estas quantidades, mesmo trabalhando no duro. Isso era um horror, que não me deixava dormir em paz… ”
Eles não encontraram nada e querem levar a vaca. – Eu o imploro, camarada.
Essa casa, como todas nesta aldeia, é feita de madeira, é untada com o barro misturado com estrume e pintada de branco. Ela é pequena e quente. “Eu achei dois raízes, e vocês? Nós nada”. Nossa avo cuidava de nós. Em frente tínhamos um inverno de muita neve. Nós não tínhamos pão.
Verão de 2008. Eu estou em Dnipropetrovsk – cidade no leste da Ucrânia com a população de 1.200 mil habitantes. Durante a guerra-fria, todos os mísseis soviéticos eram construídos aqui. Ainda 10 anos atrás nenhum estrangeiro poderia estar aqui. Agora tudo mudou. Da minha janela eu vejo o Dnipro calmo. Ao mesmo tempo, as torneiras há três dias estão sem água. Estes dias me pareciam a eternidade.
No mesmo ano de 2008, em Dnipropetrovsk se matou acidentalmente (?) na carreira de tiro o procurador local Shuba. (O autor mete na história a primeira-ministra Yulia_Timochenko e Kremlin com V. Putin).
Andriy diz que o seu pai fazia parte do Exército Vermelho. Como oficial, ele tinha que se filiar no partido comunista. Se recusar, não iria ter nenhuma chance de prosseguir com a carreira. Eles estavam inscritos na bicha para receber o apartamento anos sem fio. Finalmente, compraram o apartamento e o carro. Mas se separaram. Durante a guerra-fria as crianças cresciam por entre as fábricas de armamento na atmosfera de desconfiança total.
Ler mais (em francês) & comprar o livro:
http://www.bibliosurf.com/Les-Cahiers-ukrainiens-Memoires-du
http://culture.france2.fr/livres/bd/les-cahiers-ukrainiens-la-bd-temoignage-63907457.html
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