Projecto vai catalogar as principais edificações ucranianas do Paraná (Brasil) e incentivar a preservação
por MARIA GIZELE DA SILVA
Ponta Grossa – Elas estão escondidas em pequenas construções de madeira na área rural, mas também ocupam áreas centrais dos municípios paranaenses. As igrejas ucranianas são o símbolo mais expressivo da cultura desse povo – a segunda principal etnia no Paraná, atrás dos poloneses, em número de descendentes. Para resgatar a importância dessas construções para a formação da identidade cultural nacional está sendo desenvolvido o projecto Arquitectura da imigração no Paraná – capelas ucranianas: uma documentação necessária pelo Instituto ArquiBrasil, de Curitiba.
Patrocinado pelo programa Petrobras Cultural, o levantamento começou em novembro de 2007 para ser concluído em dezembro deste ano. Das 190 igrejas visitadas pela equipe do projecto, as 20 mais importantes estão sendo catalogadas. O resultado da pesquisa será demonstrado em livros, CDs e na formatação de uma exposição itinerante. Além de escolas e bibliotecas, o material será levado às comunidades onde as igrejas estão localizadas. “Nosso desejo é sensibilizar essas comunidades para que elas percebam a importância da construção e zelem pela sua preservação”, afirma o arquitecto Key Imaguire Júnior, consultor do projecto.
Além da influência da cultura ucraniana, representada pelos bordados e pelas pysankas (ovos pintados), a arquitectura das capelas expressa o modo de pensar dos descendentes. No lugar de torres com cruzes voltadas para o alto estão as cúpulas e, para substituir as imagens de santos, aparecem os ícones que são pinturas típicas da etnia. Os ícones estão no altar, que é separado do público por uma parede transparente. As cruzes latinas, que têm as extremidades rectas, são trocadas pelas gregas, cujas pontas são arredondadas. Outra característica das capelas ucranianas é a construção em madeira de araucária, que era material farto no Paraná do início do século 20, em vez da alvenaria.
O bispo auxiliar da diocese ucraíno - católica, em União da Vitória, dom Daniel Kozlinski, explica que as cruzes gregas representam a simbologia do rito bizantino e as cúpulas arredondadas demonstram o zelo de Deus sobre seus seguidores. “As cúpulas lembram o amor de Deus que nos cobre com a sua protecção”, comenta. Dos 500 mil descendentes de ucranianos que moram no Brasil, cerca de 90% são católicos, conforme o bispo.
A historiadora ucraniana Oksana Boruszenko, especialista em movimentos migratórios, afirma que 78% dos descendentes vivem no Paraná, sendo que os demais estão em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Os antepassados começaram a chegar em 1891, mas a principal leva de imigrantes ucranianos ocorreu quatro anos depois. O avanço da dominação napoleônica na Europa e a falta de terras para os ucranianos trabalharem na agricultura, aliada ao período de pós – abolição da escravatura brasileira, favoreceram a instalação dos ucranianos no Brasil. No Paraná, eles encontraram condições favoráveis para desenvolver as culturas de trigo, na região central do estado, e de café, no Norte, expandindo-se para outras áreas nos dias atuais.
Um incentivo à preservação
Das 190 capelas ucranianas analisadas pelo projecto do Instituto ArquiBrasil somente três, localizadas em Mallet, Prudentópolis e Antônio Olinto, são tombadas pelo património cultural do Paraná. A mais antiga – a igreja de São Miguel Arcanjo, de Mallet, de 1903 – está em condições precárias. A esperança é o projecto de restauração que custará R$ 550 mil e será financiado pelo governo federal através da Lei Rouanet. O deputado federal Ângelo Vanhoni (PT) já teve uma emenda parlamentar, no valor de R$ 300 mil, aprovada pela Câmara dos Deputados para a obra. A luta dos idealizadores do projecto, conforme o consultor Key Imaguire Júnior, é para preservar as construções originais. “As pessoas têm uma visão errada de que a construção em madeira é frágil”, afirma.O bispo dom Daniel Kozlinski, no entanto, diz que a manutenção é difícil. “Hoje em dia, o custo é muito elevado. Outro detalhe é que o corte da araucária é proibido por lei e não podemos fazer a manutenção substituindo uma madeira nobre pelo pinus, por exemplo”, afirma. Os principais exemplares das capelas ucranianas estão nas cidades de Prudentópolis, Ponta Grossa, Marechal Cândido Rondon, Mallet, Guarapuava, Pitanga, Apucarana, Paulo Frontin e União da Vitória. (MGS)
Fonte (obrigado ao Guto Pasko):
http://br.groups.yahoo.com/group/ajub/message/4255
Das 190 capelas ucranianas analisadas pelo projecto do Instituto ArquiBrasil somente três, localizadas em Mallet, Prudentópolis e Antônio Olinto, são tombadas pelo património cultural do Paraná. A mais antiga – a igreja de São Miguel Arcanjo, de Mallet, de 1903 – está em condições precárias. A esperança é o projecto de restauração que custará R$ 550 mil e será financiado pelo governo federal através da Lei Rouanet. O deputado federal Ângelo Vanhoni (PT) já teve uma emenda parlamentar, no valor de R$ 300 mil, aprovada pela Câmara dos Deputados para a obra. A luta dos idealizadores do projecto, conforme o consultor Key Imaguire Júnior, é para preservar as construções originais. “As pessoas têm uma visão errada de que a construção em madeira é frágil”, afirma.O bispo dom Daniel Kozlinski, no entanto, diz que a manutenção é difícil. “Hoje em dia, o custo é muito elevado. Outro detalhe é que o corte da araucária é proibido por lei e não podemos fazer a manutenção substituindo uma madeira nobre pelo pinus, por exemplo”, afirma. Os principais exemplares das capelas ucranianas estão nas cidades de Prudentópolis, Ponta Grossa, Marechal Cândido Rondon, Mallet, Guarapuava, Pitanga, Apucarana, Paulo Frontin e União da Vitória. (MGS)
Fonte (obrigado ao Guto Pasko):
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