Abençoada seja a África, que apôs as suas independências, não tinha duvidas algumas, em definir quem era o herói da luta anti – colonial e quem não passava do aliado do colonialismo estrangeiro. Infelizmente, uma parte da Europa Central, não tem este privilégio. Se nos Países Bálticos tudo é mais ou menos claro, então o que dizer da Ucrânia: durante a Segunda Guerra Mundial, os ucranianos combateram em pelo menos seis(!) exércitos diferentes. Quem é o herói e quem é o vilão?
Neste momento, um veterano do Exército Soviético / NKVD, que perseguia os nacionalistas ucranianos, deportava os ucranianos para os campos de concentração do GULAG, era membro dos “batalhões de extermínio”, que em soma, lutava contra os interesses da Ucrânia, é considerado veterano legitimo e recebe uma reforma de velhice regular do Estado ucraniano. Por sua vez, um homem, que fiz parte da guerrilha nacionalista, que combateu primeiro os nazis, depois os invasores soviéticos, depois foi preso e deportado para a Sibéria, e se tiver a sorte de sobreviver, não é reconhecido pelo Estado ucraniano como veterano, não tem o direito à reforma, nem recebe os apoios na velhice e ainda é apelidado de fascista, pela imprensa ligada aos partidos da esquerda.
Vocês conseguem imaginar alguma coisa parecida em África? Penso que é algo inimaginável, pois as pessoas lembram que a independência custou a ser conquistada.
Letónia apoia os seus veteranos
O Gabinete dos Ministros da Letónia, aprovou as mudanças na legislação, que asseguram os benefícios adicionais aos antigos combatentes da resistência anti – bolchevique, conhecidos como “Irmandade da floresta”, que lutavam contra os invasores soviéticos na Letónia entre 1944 – 1953. Os combatentes da resistência nacional e as pessoas que sofreram as repressões soviéticas, que recebem a reforma do Estado, irão beneficiar de um único pagamento anual de 456 LAT (775 USD) e as pessoas que não recebem nenhuma pensão, vão receber 840 LAT (1428 USD) .
Os combatentes da libertação nacional, devidamente identificados, também são abrangidos pelos benefícios fiscais, no pagamento do imposto de rendimento e um desconto de 50% no imposto predial e no imposto sobre a construção. Os benefícios que entrarão em vigor, no dia 1 de Janeiro de 2006.
Alem disso, o Ministério da Defesa da Letónia, paga aos combatentes nacionais, uma pensão mensal no valor de 50 LAT (85 USD).
“Irmandade da floresta”
Os combatentes da resistência anti – bolchevique, conhecidos como “Irmandade da floresta”, combateram os soviéticos entre 1944 – 1953. Eram jovens patriotas, vindos de todas as camadas sociais do país, alunos dos liceus, universitários, médicos, advogados ou simples operários e camponeses, que defendiam a sua pátria, contra a ocupação soviética, que em 1944 substituiu a ocupação nazi.
Numa cerimonia anual, que tive lugar nos meados de Outubro deste ano, no cemitério comum em Lestene (Letónia), onde foram enterrados os legionárias do batalhão letão “Latvija”, o padre Jurijs Baldonis disse: “Companheiros, os heróis da Letónia, que estão sepultados no cemitério de Lestene, unem-nos e recordam-nos as nossas aspirações”.
Os veteranos da resistência na Estónia
A vizinha Estónia, também tomou várias medidas em reconhecimento dos seus heróis da “Irmandade da Floresta”, que participaram na luta de libertação nacional, combatendo os invasores soviéticos entre 1944 e 1956. Um projecto da Lei, neste sentido, foi preparado pela “União da Pátria” e partido “Res Publica”, e tem como seu objectivo, dar uma avaliação política, ao contributo dos estonianos, que lutaram durante a II GM, contra a ocupação soviética, nas várias formações militares da época, incluindo a resistência nacional. Alem disso, no dia 20 de Outubro, o Governo da Estónia apoiou o projecto da Lei, que proclama o dia 22 de Setembro, como o Dia do Luto Nacional. Neste dia, em 1944, a capital da Estónia, Tallinn foi invadido pelo exército vermelho e reocupado pela a URSS.
Nessa altura, o Governo da Estónia, encabeçado pelo Primeiro – Ministro Otto Tief e apoiado militarmente, pela legião “Estónia”, voltou a proclamar a Independência nacional (Estónia foi invadida pela URSS em Junho de 1940). Infelizmente, o Governo estoniano foi deposto apenas quarto dias depois, pelos invasores soviéticos e seus membros foram obrigados a emigrar para os países nórdicos ou foram presos pala NKVD e deportados para os GULAG’s siberianos. O próprio Otto Tief, foi preso e deportado às campos de concentração. Otto Tief tive a sorte de os sobreviver e voltar a Estónia, onde morreu no início dos anos 70, quando era professor do Instituto Politécnico de Tallinn.
“Irmandade da Floresta”, tinha entre 14.000 à 15.000 homens armados, que divididos em pequenos grupos, sem a existência de um comando central, apenas com apoio e ajuda das comunidades locais, conseguiu resistir a ocupação soviética, até 1956, embora último guerrilheiro estoniano conhecido, suicidou-se cercado, em 1978(!), para não cair nas mãos do inimigo.
Links úteis da Estónia:
http://www.estonica.org/ - Enciclopédia da Estónia
http://en.wikipedia.org/wiki/Republic_of_Estonia - República da Estónia
http://en.wikipedia.org/wiki/Estonia - Estónia
http://www.valitsus.ee/peaminister/?lang=en - página do Primeiro – Ministro da Estónia (em inglês)
Endereço para a correspondência do Primeiro – Ministro da Estónia:
Stenbocki maja
Rahukohtu 3,
15161 Tallinn
e-mail: peaminister@riik.ee
Telefone: 693 5555
Fax: 693 5554
Kirjuta peaministrile
Ucrânia ainda é reticente em reconhecer os seus heróis
Em Outubro, a capital ucraniana Kyiv, foi o palco de alguns confrontos da rua, entre os veteranos da guerrilha anti – comunista UPA e os sipaios filiados no Partido Comunista Ucraniano (UKP) e no Partido Socialista Progressivo da Ucrânia (PSPU).
No dia 15 de Outubro, uma coluna de veteranos da Organização dos Nacionalistas da Ucrânia – Exército Insurgente da Ucrânia (OUN – UPA), afectos a Irmandade dos combatentes da OUN – UPA, numa acção conjunta com a União dos oficiais da Ucrânia e a Autodefesa Nacional da Ucrânia (UNA – UNSO), planeavam efectuar uma marcha solene na avenida Khreshatyk, a principal artéria de Kyiv. A marcha era dedicada a festa religiosa de Pokrova e aos 63 anos da criação da própria UPA, que entre 1942 e 1956 lutou contra dois maiores impérios autoritários do século XX: soviético e nazi.
No meio do caminho, a marcha foi atacada pelos marginais: jovens e “quarentões”, afectos a partido comunista (que nas eleições presidenciais de 2004, fiz a campanha de voto “contra todos”) e a PSPU (que apoiou o Yanukovich, contra o chamado “fascismo ocidental”).
Em consequência dos confrontos, varias organizações ucranianas, emitiram comunicados, exigindo a proibição e prescrição de ambas as organizações anti – ucranianas, cujos actos são lesivos aos interesses nacionais da Ucrânia. Assim, o Partido dos cidadãos PORA (principal “motor” juvenil da Revolução Laranja), exige a “proibição do Partido Comunista e Partido Socialista Progressivo, como herdeiros das actividades do NKVD – MGB – KGB, pessoas que difundem a inimizade e desunião na sociedade”. Alem disso, PORA apoia: “as exigências justas dos veteranos do UPA, em serem oficialmente reconhecidos, como combatentes pela liberdade e independência da Ucrânia”.
Um dos lideres comunistas, Adam Martinyuk (vice – chefe do Parlamento ucraniano), disse na entrevista à agência de notícias UNIAN, que “a culpa dos confrontos recai sobre o Ministro do Interior” e que ele próprio, “dá razão aos comunistas”.
Lembramos, que o Ministério do Interior da Ucrânia, separou os dois lados do conflito, não permitindo que o centro de Kyiv se transforme num campo de batalha, detendo seis homens com idades entre 18 à 30 anos, multando estes, por violação das regras administrativas.
Alem disso, na Verkhovna Rada (Parlamento da Ucrânia), os grupos parlamentares do Partido Popular da Ucrânia, Partido “Rukh”, “Nossa Ucrânia” e Partido “Reformas e Ordem”, exigem que seja votada favoravelmente uma lei, que reconhece os veteranos da OUN – UPA, como parte combatente na II GM.
Deputado Yuri Yukhnovskiy, chamou a atenção dos deputados ao facto, de a Comissão Estatal, que estudou o assunto, chegou a conclusão do que: “combatentes da OUN – UPA, não tem rigorosamente nada a ver com os militares da Vaffen SS Galizia alemã e realmente combateram pela Independência da Ucrânia”.
Fonte: http://www.obozrevatel.com/news/2005/10/18/53041.htm
Até o partido do Yanukovich, “Regiões da Ucrânia”, promete votar pelo reconhecimento oficial dos veteranos da OUN – UPA. Deputado do Parlamento, Petro Pysarchiuk, disse que o seu grupo parlamentar, votará favoravelmente o reconhecimento (http://novosti.dn.ua/): “Tenho a confiança que consigo me encontrar com os veteranos do UPA, que fizeram muito para que a Ucrânia seja independente e baixarei a minha cabeça em sinal do seu reconhecimento”.
Por sua vez, o ex – vice Primeiro – Ministro dos Assuntos Humanitários da Ucrânia (no primeiro Governo Laranja), Mykola Tomenko, disse que: “não acredita na possibilidade da reconciliação entre os veteranos do UPA e do exército vermelho, pois nem eles, nem a sociedade sabem toda a verdade sobre a II GM”. O politólogo Tomenko, também disse que o Parlamento da Ucrânia, ainda não esta pronto, para tomar uma decisão política ao nível nacional, reconhecendo os mesmos direitos entre aqueles que combateram pela Ucrânia e aqueles que combateram pela a URSS (SIC!). Em contrapartida, Tomenko propõe, que nas regiões, onde a maioria da população considera os combatentes da OUN – UPA como heróis, (pelo menos três províncias da Galiza), as autarquias locais paguem as suas reformas, usando os orçamentos autárquicos.
Links úteis sobre a OUN – UPA:
http://www.upa.com.ua/ - a página principal dedicada a OUN – UPA
http://upa1.netfirms.com/army0uk.htm - página em ucraniano
http://upa1.netfirms.com/index.htm - página em inglês
correio electrónico: contactus@upa.com.ua / link1@upa.com.ua
Blogger: A posição do partido de Yanukovich, neste aspecto toma um rumo bastante interessante. Perdendo estrondosamente as eleições de 2004 na região da Galiza, neste momento, o partido prepara-se para as autárquicas de 2006. Apoiando os veteranos da OUN – UPA, Yanukovich pretende “babar” os eleitores no ocidente do pais, para “roubar” os votos aos partidos, que tradicionalmente apoiam Viktor Yuschenko. Uma prática bastante comum, já que a Yulia Timoshenko, a “primeira dama” da Revolução Laranja, proclama que gosta bastante da “cor azul” (cor de Yanukovich) e que apoiantes do proffessor Yanukovich, afinal também (!), são pessoas que “querem sentir as mudanças”! O Leste e Ocidente da Ucrânia, finalmente juntos!
Sem comentários:
Enviar um comentário