sexta-feira, outubro 06, 2023

Conflitos e radicalização da sociedade contemporânea russa

A nova mobilização geral que é esperada na rússia já neste outono estimula a insatisfação na sociedade russa devido as injustiças sociais e a distribuição desigual da mobilização forçada, aumentando as contradições entre várias comunidades religiosas e étnicas, fragmentando os grupos de apoio do Kremlin, causando uma divisão nas elites russas, principalmente entre os partidários da “paz negociada” e da «guerra total».

A mobilização viola o contrato entre o governo e a sociedade russas. O Kremlin quebrou promessas de não mobilizar pessoas sem experiência militar. As autoridades russas não determinaram as dimensões quantitativas e temporais da mobilização, em particular, no que diz respeito ao número de mobilizados e à duração da sua permanência nas zonas de combate. A situação actual indica que o governo russos pretende recrutar vários milhões de pessoas ao exército, sem anunciar directamente o início da mobilização geral. O formato oculto de mobilização foi escolhido pelas autoridades russas para evitar o recrutamento para o exército (de forma geral) de filhos de funcionários, deputados, empresários próximos do governo e outros representantes das “elites”.

Considerando a natureza longa do treino militar, não só os recrutas de hoje correm o risco de serem enviados para a frente, mas também os rapazes que hoje têm entre 13 e 17 anos de idade. Todos aqueles que forem apanhados pelas rédeas dos exército russo, servirão até o final da guerra ou até a sua morte ou de ferimento grave. Só que os filhos de deputados e funcionários não vão para as zonas de combate.

Para satisfazer as necessidades do Ministério da Defesa nos próximos anos, as autoridades russas pretendem recrutar cerca de 90% dos rapazes de 18 anos. As promessas de que apenas os militares profissionais participarão na “operação especial” (o nome obrigatório da guerra russa, exigida para uso pelos seus cidadãos) foram há muito esquecidas. O exército profissional russo morreu há muito tempo. Portanto, os mobilizados e os recrutas são “conduzidos” para a linha da frente.

As autoridades necessitam urgentemente de reabastecer o exército de homens. Todos irão à luta: os que têm aptidão física limitada, os estudantes, os professores doutores, os reformados. A mobilização geral levará aos descontentamento e à acumulação de potencial de protesto na sociedade russa. Em breve as autoridades russas obterão o efeito oposto da mobilização. Em vez de centenas de milhares de pessoas para fortalecer as suas forças armadas, rússia poderá receber uma multidão furiosa mobilizada com seus familiares, prontos para protestar contra as autoridades.

A guerra e a mobilização tornaram-se também uma espécie de mecanismo de “limpeza étnica” das minorias étnicas na rússia. A mobilização geral diz respeito principalmente aos representantes dos “povos indígenas”, que assumirão as características de um genocídio sistémico. Com a condução de uma guerra chamada «operação militar especial», as autoridades russas começaram a mudar a composição étnica da sua população. A rússia está a transformar-se num país de migrantes que muitas vezes nem sequer sabem algumas palavras em russo, enquanto os russos estão a morrer na guerra conduzida e desenhada pelo putin.

Bónus

Na rússia, desde o início de 2023, os «veteranos» públicos e privados, que regressaram da guerra russa na Ucrânia já mataram pelo menos 27 civis russos – “Agência”


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