70 anos atrás começou a
construção da ferrovia Salekhard
– Igarka (conhecida como “Ferrovia da morte”) – uma das
construções do socialismo triunfante soviético das décadas de 1940 – início de
1950.
A construção começou em 1947, a ferrovia deveria ter a extensão de 1263 km, passados ao longo do Círculo Polar Ártico. A obra foi assegurada pelo trabalho semi-escravo dos prisioneiros do GULAG nas condições de pergelissolo e de inverno que durava 10 meses por ano.
No seu pico o número de prisioneiros empregues na construção chegou às 120 mil pessoas. Cada 5-10 km, ao longo da ferrovia, eram construídos os campos de GULAG, alguns dos quais conservados até hoje. Os prisioneiros, primeiro cercavam à si próprios com arame farpado, depois construíam os abrigos da terra e as barracas.
A fuga era praticamente impossível. A estrada principal era vigiada pelos guardas. O único caminho para a liberdade passava pelo rio Ienissei, numa extensão de 1700 km até a cidade de Krasnoiarsk ou então 700 km ao norte até a foz do rio Ienissei ou Dudinka e Norilsk, que também eram fortemente vigiados.
Para alimentar os prisioneiros foi usada a tecnologia “livre de resíduos”: foram encontrados os armazéns abandonados de ervilha seca, que com o andar dos anos se transformou em argamassa, atravessada pelas tocas de ratos. As equipas femininas especiais quebravam essa massa, limpavam as fezes dos ratos com as facas e usavam os restos para cozinhar...
As máquinas e os prisioneiros eram trazidos pelos navios do continente. A maioria das obras, incluindo escavações, realizava-se manualmente. Os solos, formados maioritariamente pelas arreias polvilháveis e pergelissolo eram transportados em carrinhos de mão. Pedras e areia traziam dos montes Urais.
A ferrovia atravessava muitíssimos riachos e rios, grandes e pequenos. Os pequenos levavam as travessias de madeira ou betão, a travessia do rio Ob no verão fazia-se com batelões pesados e no inverno nos trilhos e dormentes colocado diretamente sobre o gelo. A construção era feita de ambos os lados, à partir do Ob e da Ienissei.
Após a morte de Estaline em 1953 a obra foi abandonada (em 6 anos foram construídas mais de 800 km da ferroviária). Em poucos meses tudo se esvaziou, os prisioneiros foram levados além dos montes Urais. Dificilmente se saberá quantas pessoas, incluindo quantos ucranianos, perderam as suas vidas na construção da “Ferrovia da morte”.
Ver o filme sobre a obra (trecho):
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