Cerca dos 2.500 – 3.000 ucranianos actualmente vivem e trabalham na Líbia; a pior situação é vivida pelos médicos ucranianos da cidade de Bengazi, onde eles, alegadamente, são obrigados a trabalhar sem nenhum descanso desde o sábado último sob a ameaça de violência física.
“Estamos em um verdadeiro inferno. Pelo terceiro dia o nosso hospital recebe centenas de mortos e feridos, as casas mortuárias estão sobrelotados”, — conta o terapeuta do Hospital Central de Bengazi, Mykhaylo Firtel, oriundo da cidade ucraniana de Zhytomyr. – A revolução passava ao lado, os médicos sob a escolta armada eram transportados de casa para o serviço. Tudo mudou no último sábado”.
Mykhaylo Firtel conta que no sábado, no fim do dia, os médicos do seu hospital foram informados por pessoas em uniformes militares, do que o poder na cidade está nas mãos da oposição. “Os representantes do poder anterior fugiram. Por causa da enorme quantidade de feridos, disseram-nos que não teremos a troca de turnos. Outros turnos foram enviados para os postos médicos organizados nas escolas da cidade. Não temos nenhuma informação sobre a situação destes colegas, eles não atendem os telemóveis”, informou Sr. Firtel.
Mykhaylo Firtel também conta que de início os paramilitares falavam com respeito, mas no fim do seu discurso avisaram que quem quiser fugir será imediatamente fuzilado. “Alegadamente, nos ganhamos dinheiro neste país, agora temos que trabalhar para o bem da revolta. O facto de que os médicos não descansavam 24 horas não os importa. Já não é possível deixar o território do hospital, as saídas estão guarnecidas. Mas alguns colegas estão na Líbia com esposas e filhos. Os familiares são obrigados permanecer nas caves das residências e esperar pelo auxílio”, conta o médico ucraniano.
Os médicos ucranianos contaram que os militares líbios (pró-Gaddafi) usaram o sistema de fogo simultâneo contra a procissão fúnebre. Depois abriram o fogo com as metralhadoras pesadas. Um único hospital recebeu cerca de 600 feridos, as pessoas chegavam desmembradas, muitos foram atingidos pelos estilhaços da artilharia. Os médicos não dormem pelo terceiro dia consecutivo, estão quase a perder os sentidos. Não conseguiremos aguentar este ritmo por muito mais tempo”, — cita os médicos o jornalista Oleksander Fedchenko da edição on-line do jornal KP na Ucrânia.
Por sua vez o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) da Ucrânia informa que não há informação sobre os mortos ou feridos entre os cidadãos ucranianos residentes na Líbia em resultado dos últimos confrontos que assolam o país.
O MNE da Ucrânia em conjunto com o Ministério da Defesa ucraniano também planeia o envio a Líbia do avião de transporte IL-76MD, com a capacidade de 210 lugares para a evacuação dos cidadãos ucranianos daquele país, informou os jornalistas o secretário de imprensa do MNE, Oleksander Dykusarov.
Dykusarov também disse que o avião poderá partir no dia 22.02.2011, faltando decidir a hora da parida de Kyiv e o local exacto de sua aterragem na Líbia (o aeroporto internacional de Tripoli ou o aeroporto militar nas arredores da cidade). Até o dia 21 de Fevereiro, cerca de 170 cidadãos ucranianos manifestaram o seu desejo de abandonar o país (UPD: no dia 24 de Fevereiro o avião do Ministério da Defesa ucraniano evacuou da Líbia os 160 cidadãos ucranianos).
Pelos dados do MNE da Ucrânia cerca de 180 ucranianos vivem em Tripoli e arredores, outros 150 cidadãos vivem na parte ocidental da Líbia. Estes números abarcam apenas as pessoas oficialmente registados nos serviços consulares da embaixada ucraniana. “Pelos nossos cálculos na Líbia actualmente residem 2,5 – 3 mil cidadãos da Ucrânia, na sua maioria médicos,” – informou o secretário de imprensa.
Oleksander Dykusarov informou que os diplomatas ucranianos tentam verificar a veracidade da informação sobre a coerção violenta exercida sobre os médicos ucranianos nos hospitais de Bengazi. Por sua vez a embaixada da Líbia na Ucrânia assegura que as autoridades líbias pretendem colaborar na evacuação dos ucranianos do país; na emissão atempada dos vistos de saída exigidos pela legislação líbia e na rescisão individual dos contractos de trabalho dos especialistas ucranianos que trabalham no país, escreve a página WEB podrobnosti.ua.
URGENTE! Apelo da embaixada da Ucrânia na Líbia aos compatriotas
Embaixada exorta os cidadãos da Ucrânia que neste momento se encontram na Líbia manter a calma, evitar visitar os locais onde se registam as manifestações e reuniões populares. A embaixada oferece as consultas telefónicas 24 / 24 horas pelos números de emergência:
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