Hoje, no dia 8 de Maio, 63 anos atrás terminou a II Guerra Mundial na Europa.
Continente e o mundo ficaram libertos do nazismo alemão. Europa dos 27 celebra o Dia da Vitória na Europa. Parece que é uma razão de festejar, mas pessoalmente não sinto nenhuma vontade de faze-lo.
Continente e o mundo ficaram libertos do nazismo alemão. Europa dos 27 celebra o Dia da Vitória na Europa. Parece que é uma razão de festejar, mas pessoalmente não sinto nenhuma vontade de faze-lo.
Então vejamos porque...
Meu bisavó paterno, era oficial do baixo patente da NKVD (nunca antes disse isso à ninguém). Um pouco antes do início da invasão nazi contra a URSS em 1941, bisavó foi “saneado” do NKVD. O seu crime foi a tentativa de procurar na Áustria irmão que desapareceu em combate na Galiza ucraniana durante a I G.M. Bisavó morreu no mesmo ano de 1941, defendendo o Leninegrado contra o avanço nazi. Nossa família só consegui obter essa informação no início dos anos 90, até aquela data, bisavó era tido como “desaparecido em combate”.
Meu avo materno era operador do rádio da frota soviética no lago da Ladoga. Passou a guerra toda defendendo o mesmo Leninegrado. Tive sorte e não morreu, já depois do fim da II G.M. conheceu a minha avo na cidade ucraniana de Uzhhorod. Casaram-se. Tiveram um filho e duas filhas. Sou o neto dele. Família estabeleceu-se na Ucrânia, eram pobres. Para construir a casa, o avo, a avo e filhos iam às escondidas ao bosque próximo para trazer alguma madeira para construir a casa (era proibido tirar a madeira sem autorização, autorização era muito cara e a transgressão dava à multa ou até cadeia). O avo fazia trabalhos manuais para a venda posterior (pintava os panos, produzia uma espécie de tapetinhos). Ficava num quarto fechado da casa, com as cortinas bem cerradas. Se alguém vizinho denunciar à polícia / KGB que o avo tinha o “comércio ilegal privado”, ele podia ficar preso na cadeia (já não ficava só pela multa).
O pai da minha madrasta fugiu da sua vila na província de Zhytomyr para não morrer de fome em 1932, ano em que a Grande Fome artificial de Holodomor atingiu a Ucrânia. Com a invasão da Alemanha nazi contra o território ucraniano, as tropas soviéticas fugiam, desertavam, eram presos pelos alemães aos milhões. Chegaram os alemães e o avo continuava dar aulas na escola. Não acreditando nem nos comunistas, nem nos nazistas, ele nunca entregou o seu rádio da casa às autoridades (quer os soviéticos, quer os alemães proibiam às cidadãos ter rádios privados, para que estes não escutassem os vozes do respectivo inimigo). Alguém denunciou o avo aos alemães. Este foi preso pelo nazistas que o queriam enforcar. Avo foi salvo por um membro ucraniano de Hilfspolizei (polícia auxiliar alemã, nos territórios ocupados durante a II G.M.). Homem disse que conhecia o avo e era uma boa pessoa. Em 1943, avo foi chamado à exército soviético e tornou-se batedor do seu batalhão. Foi desmobilizado em Budapeste.
Isso apenas a minha família mais ou menos directa. Já para não falar que durante a II G.M. os ucranianos combatiam em pelo menos seis exércitos diferentes: soviético, alemão, húngaro, checoslovaco, polaco do general Wladislaw Anders, UPA, entre outros.
Meu bisavó paterno, era oficial do baixo patente da NKVD (nunca antes disse isso à ninguém). Um pouco antes do início da invasão nazi contra a URSS em 1941, bisavó foi “saneado” do NKVD. O seu crime foi a tentativa de procurar na Áustria irmão que desapareceu em combate na Galiza ucraniana durante a I G.M. Bisavó morreu no mesmo ano de 1941, defendendo o Leninegrado contra o avanço nazi. Nossa família só consegui obter essa informação no início dos anos 90, até aquela data, bisavó era tido como “desaparecido em combate”.
Meu avo materno era operador do rádio da frota soviética no lago da Ladoga. Passou a guerra toda defendendo o mesmo Leninegrado. Tive sorte e não morreu, já depois do fim da II G.M. conheceu a minha avo na cidade ucraniana de Uzhhorod. Casaram-se. Tiveram um filho e duas filhas. Sou o neto dele. Família estabeleceu-se na Ucrânia, eram pobres. Para construir a casa, o avo, a avo e filhos iam às escondidas ao bosque próximo para trazer alguma madeira para construir a casa (era proibido tirar a madeira sem autorização, autorização era muito cara e a transgressão dava à multa ou até cadeia). O avo fazia trabalhos manuais para a venda posterior (pintava os panos, produzia uma espécie de tapetinhos). Ficava num quarto fechado da casa, com as cortinas bem cerradas. Se alguém vizinho denunciar à polícia / KGB que o avo tinha o “comércio ilegal privado”, ele podia ficar preso na cadeia (já não ficava só pela multa).
O pai da minha madrasta fugiu da sua vila na província de Zhytomyr para não morrer de fome em 1932, ano em que a Grande Fome artificial de Holodomor atingiu a Ucrânia. Com a invasão da Alemanha nazi contra o território ucraniano, as tropas soviéticas fugiam, desertavam, eram presos pelos alemães aos milhões. Chegaram os alemães e o avo continuava dar aulas na escola. Não acreditando nem nos comunistas, nem nos nazistas, ele nunca entregou o seu rádio da casa às autoridades (quer os soviéticos, quer os alemães proibiam às cidadãos ter rádios privados, para que estes não escutassem os vozes do respectivo inimigo). Alguém denunciou o avo aos alemães. Este foi preso pelo nazistas que o queriam enforcar. Avo foi salvo por um membro ucraniano de Hilfspolizei (polícia auxiliar alemã, nos territórios ocupados durante a II G.M.). Homem disse que conhecia o avo e era uma boa pessoa. Em 1943, avo foi chamado à exército soviético e tornou-se batedor do seu batalhão. Foi desmobilizado em Budapeste.
Isso apenas a minha família mais ou menos directa. Já para não falar que durante a II G.M. os ucranianos combatiam em pelo menos seis exércitos diferentes: soviético, alemão, húngaro, checoslovaco, polaco do general Wladislaw Anders, UPA, entre outros.
Porque que conto tudo isto? Simplesmente para mostrar que não vejo muita diferença entre o comunismo e nazismo. A vitória sobre o nazismo em 1945 significou mais 45 anos da noite comunista que abateu-se sobre a Europa. O continente realmente só começou libertar-se destas pragas em 1990, com a caída do Murro de Berlim. Mas isso já é uma outra história...
Sem comentários:
Enviar um comentário