sexta-feira, outubro 28, 2005

Ucrânia: Kryvorizhstal finalmente privatizado

Lakshmi Mittal, empresário da origem indiana e um dos homens mais ricos da Grã – Bretanha (a sua fortuna pessoal é avaliada em 25 bilhões de USD), é o novo dono do complexo metalúrgico ucraniano de Kryvorizhstal.

Companhia alemã "Mittal Steel Germany GMBH" (cidade de Duisburgo), tornou-se a legítima proprietária do pacote das acções do Estado ucraniano (93,02%) da Sociedade Aberta das Acções "Kryvorizhstal", quando pagou por este, uma quantia de 24,200 bilhões de UAH (4,7921 bilhões de USD). Espera-se que todas as formalidades do negócio, poderão ficar concluídos em 36 dias.
No concurso internacional, promovido pelo governo da Ucrânia, participaram Mittal Steel Germany GmbH, fundada pela família indiana Mittal, Smart – Group LLC (um consórcio de capitais mistos suíço – russo – britânicos) e Consórcio "Industrial group" (Індустріальна група), onde 60% do capital pertence à Arcelor e 40% à corporação ucraniana de Donetsk, "ISD" (ІСД).
A luta principal, pela posse de Kryvorizhstal, tive lugar entre "Industrial group" (baseada em Kyiv) e "Mittal Steel Germany GMBH" (Duisburgo).
Kryvorizhstal é o maior complexo industrial metalúrgico do "ciclo completo" da Ucrânia. As suas capacidades da produção, permitem fabricar mais de 20 milhões de toneladas da chapa metálica, aço e ferro fundido por ano. Em Junho de 2004, 93,02% das acções do "Kryvorizhstal", foram vendidas, apenas por 4,26 bilhões de UAH ($803 milhões de USD), à "União do investimento metalúrgico" (Інвестиційно - металургійний союз), criado pelas empresas controladas por Rinat Ahmetov (mentor e patrão de Yanukovich) e Viktor Pinchuk (genro do presidente Kuchma). Mais tarde, após a vitoria da Revolução Laranja, essa venda foi considerada ilegal e declarada nula pelo poder judicial ucraniano.

Leilão de Kryvorizhstal, durou cerca de uma hora e foi transmitido em directo pela TV estatal da Ucrânia. O preço inicial era de 10 biliões de UAH (1,98 biliões de USD), no total foram feitos 78 lances e no final, o grupo Mittal pagou 24,2 biliões de UAH (4,7921 bilhões de USD) e foi proclamado pelo chefe – leiloeiro, Viacheslav Shevchenko, como justo vencedor.

Luta renhida

- A empresa Mittal Steel Germany Gmbh, possui activos próprios e alheios, suficientes para fechar este negócio, - disse no fim de leilão, numa conferência da imprensa em Kyiv, o PCA da Mittal Steel, Sr. Lakshmi Mittal.
«Até o dia de 30 de Julho deste ano, nós possuíamos cerca de 2,7 bilhões de USD de activos próprios e na semana passada fechamos o acordo com Citigroup, sobre a concessão do crédito de mais de 3 bilhões de USD».
O PCA do Arcelor, Guy Doul justificou a sua derrota pelo preço alto, que a Ucrânia pediu pelo complexo. Terceiro participante, «Smart – group» (Ucrânia, cidade de Dnipropetrovsk), que representava os interesses dos proprietários da Empresa de concentração de minérios de Inhuletsk, maior da Ucrânia, desistiu da corrida, quando a soma de lance ultrapassou os 17,7 bilhões de UAH. (Cerca de 65% do «Smart – group» pertence a empresa russa «Lukatl – Noroeste», do empresário de São – Petersburgo, Vadim Novinskiy.

O preço do negócio

A importância em dinheiro, que a Ucrânia arrecadou pela venda de Kryvorizhstal, foi considerada por todos os analistas do sector, como bastante alta. Para comparar, a família de Kuchma, apoderou-se deste conjunto industrial em 2004, por uma quantia irrisória de 800 milhões de USD e a previsão da ex - Primeira – Ministra da Ucrânia, Yulia Timoshenko, de arrecadar os 3 bilhões de USD na sua venda, foi considerada “demasiado optimista”.
“De facto, é bastante difícil imaginar este preço, - disse vice – chefe do Fundo da Propriedade Estatal, chefe da Comissão do Concurso, Dmytro Parfenenko.
– Este preço e fantástico e quase irreal. Mas eu considero que nós fizemos tudo da maneira mais correcta e segundo a legislação vigente. Caso surgir alguma pretensão de nós mover qualquer processo judicial, o nosso Fundo defenderá o novo proprietário e a legitimidade absoluta da sua compra, - disse Dmytro Parfenenko decididamente.
Oleksiy Reznikov, advogado de Ahmetov e K°, disse em entrevista a Reuters: «temos o processo no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, que consideramos como base para o futuro processo no Tribunal Supremo da Ucrânia». (Menos de um ano atras, as mesmas pessoas apelidavam a União Europeia e todas as suas estruturas e instituições de “fascistas” e “neocolonialistas”. Nervoseira os atacou, depois de ver a sua fraude eleitoral, desmascarada pelos observadores da UE).
Por sua vez, os compradores russos, potencialmente interessados em Kryvorizhstal, («EurazHolding» e Severstal), não entraram na corrida, porque o preço do lote era demasiadamente alto para o seu bolso. O preço inicial do gigante metalúrgico ucraniano constituía quase metade do capital financeiro do «Severstal» (4,47 bilhões de USD), assim como «EurazHolding» (4,4 bilhões de USD). Por isso, os russos não tinham a capacidade financeira de entrar neste leilão.
Os analistas dizem, que o preço alto de Kryvorizhstal foi ditado pelo rápida diminuição dos grandes activos metalúrgicos em todo o mundo. Kryvorizhstal é uma peça única, por isso os investidores estão dispostos a pagar o qualquer preço, mesmo sabendo que o retorno do capital só será possível daqui à 10 – 15 anos, sem contar com os gastos necessários para modernizar a empresa, pondo esta, ao nível das exigências laborais e ambientais, compatíveis com as normas da União Europeia.
Alem disso, o Governo da Ucrânia, impôs aos novos donos do Kryvorizhstal algumas “regras do jogo”: não baixar o nível das encomendas em menos de 2,2 bilhões de USD por ano, fazer o investimento em fundos principais e preparar a empresa para o fabrico do produto da qualidade superior.

Como gastar o dinheiro

O Fundo da Propriedade Estatal, validou os resultados do leilão, numa nota especial, emitida aos 24 de Outubro. Isso originou a demissão da Chefe do Fundo, Valentyna Semenyuk, que justificou a sua atitude da seguinte maneira: “sou adepta da propriedade estatal dos grandes objectos económicos”. Uma posição semelhante, é defendida pelo Partido Comunista da Ucrânia (UKP), que exige que a Verkhovna Rada (Parlamento ucraniano) vote a não confiança ao Governo. Razão? O líder do UKP, Petro Symonenko acredita que: “novos donos não vão conseguir salvar a empresa da bancarrota, nem vão salvar os trabalhadores dos despedimentos em massa”. (Já o mesmo partido e o mesmo homem não ficaram com medo algum, quando o complexo foi “adquirido” pela família do Kuchma. Bem, parece que a Revolução Laranja encheu os comunistas ucranianos da coragem e determinação!)
O Presidente da Ucrânia, Viktor Yuschenko ficou muito contente com os resultados da maior privatização da história da Ucrânia. “Neste objecto, nós recebemos 20% fundos a mais, do que durante todos os anos das privatizações na Ucrânia”, - disse Presidente.
O Ministério das Finanças, já tem o plano de como gastar este dinheiro. Na entrevista a Reuters, o Ministro, Viktor Pynzenyk disse: “Os recursos recebidos da venda de Kryvorizhstal, podem ser usados no próximo ano, para cobrir o défice do orçamento do Estado de 2006”.

Blogger: Ex – Primeira Ministra da Ucrânia, Yulia Timoshenko comentou a situação com Kryvorizhstal, com uma frase algo bombástica: “A Revolução Laranja pagou a si própria”. E de facto há uma boa razão nisso, economicamente falando, valeu a pena fazer a Revolução Laranja, nem que seja para vender os bens da Nação a um preço justo e compensador. Repetimos o valor outra vez: 4,7921 bilhões de USD ou seja, 20% a mais, do que durante todos os anos das privatizações na Ucrânia. É uma obra!
E por fim, uma anedota com barba:

Cidade de Lviv (bastião do patriotismo ucraniano). Hora da ponta. Num autocarro superlotado, entra de rompante um velhinho com a caçadeira nas mãos e grita:
- Que horas são?!!!
Um jovem africano, salta do seu banco, todo amedrontado e responde num ucraniano perfeito:
- Meio dia e trinta, vô!
E o velho todo contente:
- Senta lá, netinho, eu bem vejo que você não é nenhum moscovita...

E já agora, mais uma:

Cidade de Lviv. Hora da ponta. Num autocarro superlotado, ouve-se uma voz fanhosa em russo:
- Dirscurpem lá, mas onde é que fica a rua Stepan Bandera? (Líder histórico da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN), assassinado aos 15 de Outubro de 1959, pelo agente do Kremlin em Munique, na Alemanha Federal).
Várias vozes:
- Daqui a duas paragens, mas tu moscovita já chegaste a sua...

sexta-feira, outubro 21, 2005

Ucrânia solicita ajuda do NATO contra piratas

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, solicitou a ajuda da Grã – Bretanha, França, EUA e da OTAN, para localizar o cargueiro maltês “Pagania” e libertar a sua tripulação ucraniana, sequestrados pelos piratas ao largo da Somália.
MNE ucraniano também pediu às suas embaixadas em Quénia e Etiópia para fazer as diligéncias necessárias, no intuito de descobrir o paradeiro do navio e da sua tripulação.
No dia 18 de Outubro, os piratas provenientes da Somália, atacaram o navio registado em Malta, quando este vinha da África do Sul em direcção a Europa, com uma carga de jazidas de ferro. A tripulação ucraniana foi sequestrada, quando este aproximou-se a menos de 90 milhas marítimas da costa somáli.
Não é a primeira vez, que os piratas da Somália atacam os navios em âguas internacionais. Há mais de tres meses, piratas atacaram e sequestraram a tripulação do navio fretado pela Cruz Vermelha Internacional, que até hoje encontra-se detida e um resgate foi pedido pela sua libertação.

Fonte: ProUa

quarta-feira, outubro 19, 2005

Hector Babenco – ucraniano que venceu a morte

Apaixonados pelo trabalho do Hector Babenco, desde os primeiros dez minutos do filme “O beijo da Mulher – Aranha”. Desde ai, nunca paramos de pensar no Babenco: um verdadeiro génio da cinema, praticamente desconhecido na terra dos seus antepassados, a Ucrânia. E no resto do mundo, são quase desconhecidas as suas raízes ucranianas. Morreu, em São Paulo, no último dia 13 de junho, tinha ele 70 anos. Aqui vem a homenagem à este grande ucraniano.

HECTOR EDUARDO BABENCO (Filmes e Prémios)

Nascido na Argentina, na pequena cidade de Mar del Plata (outros dados apontam Buenos Aires) em 7 de Fevereiro de 1946 (1948?), filho do pai ucraniano-argentino, Jaime Babenco e da mãe judia de origem polaca. Hector Babenco se inicia no cinema como figurante no filme Caradura, de Dino Risi, filmado na Argentina em 1963. Viveu na Europa entre 1964 e 1968, onde viajou muito e exerceu vários ofícios (pintor de prédios, lavador de pratos, figurante em filmes dos directores espanhóis: Sérgio Corbucci, Giorgio Ferroni e Mário Camus). Em 1969 Babenco chegou ao Brasil para se instalar em São Paulo, em 1972, funda a HB Filmes e dirige curtas – metragens como Carnaval da vitória e Museu de Arte de São Paulo. Obteve a nacionalidade brasileira em 1977 (outros dados em 1970).

Aos 16 anos Hector Babenco estreia-se no teatro com as madeixas pintadas de branco, tentando convencer o público, no papel do chefe da família na peça naturalista "Em família", do uruguaio Florencio Sánchez. "Não convenci: eu queria apenas sair da minha timidez crónica, quase patológica, e acabei descobrindo o meu lugar", comenta. Mas o teatro nunca ficou definitivamente de lado. Foi ele quem encenou pela primeira vez no Brasil um texto do americano Sam Sheppard, Fool for Love, com sua mulher, Xuxa Lopes, e o novelissímo Edson Celulari. Segundo Renata Sorrah, "o (Hector) Babenco - que vem do cinema - apontou caminhos novos de interpretação, como o de conseguir fazer uma pergunta vital ao outro personagem olhando para uma xícara de café, em vez de jogar a pergunta de forma dramática, olho no olho". 

Em 1975, dirigiu sua primeira longa - metragem, O REI DA NOITE, que retractava a trajectória de um boémio paulistano, com a participação de Paulo José e Marília Pêra. Com seu segundo filme, LÚCIO FLÁVIO, O PASSAGEIRO DA AGONIA, inspirado em factos reais, conseguiu uma das melhores bilheterias do cinema brasileiro (5,4 milhões de pessoas). Em 1981, dirigiu PIXOTE, A LEI DO MAIS FRACO, sobre as crianças abandonadas do Brasil. Graças à interpretação inesquecível de Fernando Ramos da Silva (10 anos na época do filme; assassinado pela polícia em 1987), descoberto no subúrbio de São Paulo, o filme foi um sucesso mundial e recebeu vários prémios internacionais. Pela Associação dos Críticos de Los Angeles e Nova York, foi considerado o melhor filme estrangeiro (1981) e Marília Pêra recebeu menção de melhor actriz do ano pela Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema nos Estados Unidos. No final dos anos 80, PIXOTE foi eleito pela revista "American Film" como um dos filmes mais marcantes da década, apenas atrás de RAN, de Akira Kurosawa, e FANNY & ALEXANDER, de Ingmar Bergman. Com o filme O BEIJO DA MULHER ARANHA (1984), adaptado do romance do escritor argentino Manuel Puig, Hector Babenco trabalhou com parceiros internacionais, um modelo seguido depois por diferentes produções brasileiras. Interpretado por William Hurt e Raul Julia, o filme foi apresentado no Festival de Cannes, em que William Hurt recebeu o Prémio de Interpretação Masculina. O BEIJO DA MULHER ARANHA também teve quatro indicações ao Oscar daquele ano (melhor filme, melhor director, melhor adaptação e melhor actor) e levou o de melhor actor, para William Hurt. Em 1987, Hector Babenco dirigiu IRONWEED, segundo o romance de William Kennedy (Prémio Pullitzer), com Jack Nicholson e Meryl Streep, indicados para o Oscar de Melhor Actor e Melhor Actriz, respectivamente. Em 1990, Babenco dirige AT PLAY AT THE FIELDS OF THE LORD (Brincando nos Campos do Senhor), outra adaptação, desta vez do romance de Peter Mathiessen. O filme foi produzido por Saul Zaentz (VÔO ACIMA DE UM NINHO DE CUCOS, AMADEUS, O PACIENTE INGLÊS). Inteiramente filmado na Amazónia, AT PLAY AT THE FIELDS OF THE LORD foi interpretado por Tom Berenger, Daryl Hannah, Aldann Quinn e Kathy Bates. Dois anos após ter se submetido a um transplante de medula óssea, para se curar de um câncer do sistema linfático, Babenco dirige CORAÇÃO ILUMINADO, seu projecto mais pessoal, inspirado em suas lembranças de adolescência.

O beijo da Mulher - Aranha
Numa cadeia no Brasil, dois prisioneiros dividem a mesma cela. Um é homossexual, o outro é um prisioneiro político da esquerda. O primeiro, para fugir da triste realidade que o cerca, inventa filmes cheios de mistério e romance, o outro tenta se manter politicamente o mais firme possível, em relação ao momento que vive. Esta convivência faz com que os dois homens se compreendam e se respeitem.

Elenco: William Hurt (Luis Molina), Raul Julia (Valentin Arregui), Sônia Braga (Leni Lamaison / Marta), José Lewgoy (Warden), Mílton Gonçalves (policia bruto), Mirian Pires (mãe), Nuno Leal Maia (Gabriel), Fernando Torres (américo), Patrício Bisso (Greta), Hérson Capri (Werner), Denise Dumont (Michelle), Miguel Falabella (tenente nazi), Ana Maria Braga (Lídia), Cláudio Curi, António Petrin.

Prémios arrecadados pelo filme

- Ganhou o Oscar de Melhor Actor (William Hurt), além de ter recebido outras 3 indicações: Melhor Filme, Melhor Director e Melhor Roteiro Adaptado;
- recebeu 4 indicações ao Globo de Ouro: Melhor Filme, Drama, Melhor Actor de Drama (Raul Julia e William Hurt) e Melhor Actriz Secundária (Sônia Braga);
- ganhou o Prémio de Melhor Actor (William Hurt) no Festival de Cannes.- Ganhou um Prémio especial do Independent Spirit Awards.

Curiosidades

- O actor Burt Lancaster, que recebeu um agradecimento especial ao término dos créditos finais, foi quem iniciou o projecto de “O Beijo da Mulher – Aranha”, quando ainda tinha o nome "Molina" como título provisório.

Filmografia completa do director Hector Babenco

2003
Carandiru: longa - metragem baseado no livro “Estação Carandiru”, de Drauzio Varella, com distribuição internacional da Sony Pictures Classics.
1998
Coração Iluminado: com Xuxa Lopes, Maria Luisa Mendonça, Miguel Angel Sola e Walter Quiroz. 1998 - Selecção Oficial no Festival Internacional do Filme (Cannes) França.
1991
Brincando nos Campos do Senhor: produzido por The Saul Zaentz Company, Berkeley, EUA, com Tom Berenguer, Daryl Hannah e Kathy Bates. Baseado em livro de Peter Matthiessen. 
1987
Ironweed: longa – metragem com Jack Nicholson e Meryl Streep. 1988 - Indicação para o Oscar de Melhor Actor: Jack Nicholson; 1988 - Indicação para o Oscar de Melhor Actriz: Meryl Streep.
1985
O Beijo da Mulher Aranha: baseado no livro de Manuel Puig, com William Hurt, Raul Julia, Sônia Braga e José Lewgoy. William Hurt recebeu o prémio de Melhor Actor no Festival Internacional de Cannes (85) e o Oscar (85) por seu trabalho. 1985 - Melhor Actor: William Hurt - Cannes Festival - Palme d'Or; 1985 - Melhor Actor: William Hurt - Academy of Motion Picture Arts and Sciences - Oscar; 1985 - 4 indicações para o Oscar – Melhor Director: Hector Babenco; Melhor Filme; Melhor Roteiro Adaptado; Melhor Actor.
1980
Pixote, a Lei do Mais Fraco: baseado em livro de José Louzeiro, com Marília Pêra, Jardel Filho e Fernando Ramos da Silva. Vários prémios internacionais. 1981 - Melhor longa - metragem: New York Critics Association; 1981 - Melhor longa - metragem: Los Angeles Film Critics Association; 1981 - Grande Prémio: Biarritz Film Festival (França); 1981 - Segundo Prémio: Locarno Film Festival – Leopardo de Prata (Suíça); 1981 - Melhor Actriz: Marília Pêra - Film Critics National Association (EUA); 1981 - Terceiro Melhor Director: Hector Babenco - Film Critics National Association - EUA; 1981 - Melhor Actriz: Marília Pêra – “Air France Cinema Festival” (São Paulo);1981 - Melhor Filme Brasileiro – “Air France Cinema Festival” (São Paulo); 1981 - Grande Prémio: XIX Festival de San Sebastian (Espanha); 1989 - Terceiro Melhor Longa - metragem da Década: Film Critics National Association (EUA).
1977
Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia : baseado em livro de José Louzeiro, com Reginaldo Farias, Ana Maria Magalhães e Paulo César Pereio.
1975
O Rei da Noite: primeiro longa - metragem dirigido por Hector Babenco, com Paulo José e Marília Pêra.
1975 - O Fabuloso Fittipaldi (documentário)

Fonte: http://www2.uol.com.br/hectorbabenco

Coração Iluminado

O filme "Coração Iluminado" é mais pessoal e intimista, o filme promete surpreender o público por se diferenciar, e muito, da linha seguida pelo cineasta. Numa das entrevistas, Babenco disse que o filme o manteve vivo na época em que se curava de um câncer no sistema linfático. "O facto de ter terminado o filme vivo foi uma dádiva. Achei que este seria o meu último filme ", disse em tom de desabafo.

O director ucraniano, nascido na Argentina e naturalizado brasileiro, é um dos poucos do cinema brasileiro que possui uma produção consistente e real projecção internacional. Dos seis longas - metragens que realizou, dois foram consagrados: "Pixote" (1981) e "O Beijo da Mulher Aranha" (1984).

O “Coração iluminado” mistura realidade e ficção e traz duas partes bastante distintas. A primeira conta a história de Juan (representação do próprio Babenco, feita pelo argentino Walter Quiróz), um jovem de 17 anos que mora em Mar del Plata e sonha em ser cineasta, e seu envolvimento com Ana (Maria Luísa Mendonça), uma mulher mais velha, confusa e com um passado de internações em hospitais psiquiátricos. Juntos eles vivem uma grande paixão, um pouco inconsequente, um pouco complicada.

A segunda parte do filme é mais simbólica e traz Juan com 40 anos (interpretado pelo argentino Miguel Angel Solá), já cineasta em Hollywood, seu retorno à cidade natal para uma visita ao pai moribundo e sua procura pela antiga paixão. Prepare-se: o desfecho de "Coração Iluminado" é, no mínimo, desconcertante.

Acompanhe entrevista que o director Hector Babenco concedeu ao Diversão e Arte.

O que o levou a fazer um filme tão pessoal?
Quando eu havia acabado o "Brincando nos Campos do Senhor", em 1991, estava um pouco saturado de filmar histórias dos outros. Tinha vontade de fazer um filme pessoal, só não sabia o quanto. Sabia apenas que não queria fazer algo totalmente autobiográfico, mesmo porque não tenho idade suficiente para contar a história de minha vida. Queria utilizar algumas lembranças, polaroides de minha adolescência, para construir uma história. Pensava apenas em estruturar um filme a partir dessas lembranças, não queria fazer um exercício de memória e resgatar meu passado. Por isso, "Coração Iluminado" é ficção também. Abri mão do realismo em nome da ficção.

Tendo escolhido um tema tão pessoal, por que deixar o filme na fronteira entre realidade e ficção?
Resolvi trabalhar com dois extremos muito opostos que não dialogam entre si e deixam para o espectador a complementação da história. Quando fiz o filme, estava vivendo um momento de fronteiras, de extremos. Vivi um transplante de medula, passei por uma situação extrema e o resultado não poderia ser diferente. O homem que escreveu, filmou e concluiu "Coração Iluminado", era um homem num extremo, cuja única opção era a radicalidade.

Fazer "Coração Iluminado" foi uma espécie de exorcismo para você?
Quando estava doente, pensava no filme como um testamento. Como achava que aquela seria a última produção de minha vida, imaginava o filme como a obra pela qual eu seria lembrado. Coloquei o polegar na tinta preta e marquei o papel. Pela minha situação, eu não tinha outra escolha a não ser fazer "Coração Iluminado". Eu me sentia culpado em relação a algumas memórias e tive que revisitá-las. Agora, por ter passado a limpo essas lembranças, posso me dar ao luxo de esquecê-las.

Por tudo o que esse filme representa para você, qual foi o tipo de prazer que você sentiu ao vê-lo pronto na tela?
O facto de ter terminado o filme vivo já era uma dádiva. Entre o nascimento da ideia e o começo das filmagens, houve um hiato de 3 anos, no qual "Coração Iluminado" ficava germinando na minha cabeça. Acho que me mantive vivo por esse filme. Ele era vida para mi e eu queria ficar vivo para fazê-lo. "Coração Iluminado" havia se tornado uma obsessão para mi. Como, no fim das contas, fiquei bom, me questiono: e agora?

Num primeiro momento, "Coração Iluminado" teria um elenco internacional, com Irene Jacob, William Dafoe e Nastassja Kinski. Como a mudança de actores reflectiu-se no resultado final do filme?
Faltando seis ou sete semanas para o início das filmagens, decidi que ele não poderia ser falado em inglês. Ele seria postiço e não verdadeiro. Tinha que ser em castelhano. Liguei para os actores, que entenderam a situação e chamei dois actores argentinos (Walter Quiróz e Miguel Angel Solá) e duas actrizes brasileiras (Xuxa Lopes e Maria Luisa Mendonça). Em termos de mercado, seria óptimo se ele fosse em inglês. Mas o filme ficou o que ele nasceu para ser. Decidi e tive que aguentar as consequências à base de muito Lexotan. Perdi todos os contratos de distribuição e dei sorte por não ter sido processado por ninguém.

Você acha que "Coração Iluminado" se encaixa no contexto actual do cinema brasileiro?
Sempre fui à parte no cinema brasileiro, não por opção mas por gosto. Apesar disso, sempre quis fazer parte do movimento do cinema brasileiro até que percebi que ele não existe. O que existe são vozes separadas aqui e ali. Às vezes, essas vozes tentam cantar juntas, mas a coisa fica sem graça. A beleza está no desigual.

Como você encara o que se tem chamado de "renascimento do cinema brasileiro"?
Acho que está havendo uma produção muito maior de filmes. Sobre esse aspecto, é um renascimento. Temos coisas boas, alguns erros, mas a batalha maior é a reconquista do público. Nós já o tivemos e o perdemos. Agora, não acredito em um movimento de renascimento do cinema brasileiro. Movimento é coisa para historiador. Acredito em bons filmes e maus filmes.

Fonte @http://www2.uol.com.br/hectorbabenco/entrevista.htm

Carandiru
Fascinado pela figura do médico que chegava a cadeia para cuidar da saúde dos detidos à moda antiga - com estetoscópio, sensibilidade e muita conversa, Hector Babenco via imagens cinematográficas em cada história narrada no livro "Estação Carandiru – Registro Geral", de seu médico e amigo, Drauzio Varella. Assustava-se porque são histórias inexistentes na literatura universal. Onde já se viu o caso de um preso condenado a 600 anos que entra em crise existencial porque não consegue mais matar, a única coisa que sabia fazer?

"Me interessou muito poder explorar a possibilidade de contar a histórias de homens que estão no limite extremo que um ser humano pode estar, privadas de todas suas funções básicas, e que mesmo assim tem de lutar para estar vivo. Não adianta estar preso, não adianta estar humilhado - ele ainda tem de lutar para estar vivo. Eu estava vendo os primeiros sequências do “Carandiru” quando percebi que estava fazendo um filme sobre os personagens do “Pixote” 25 anos depois. Essa sensação foi reforçada ao me encontrar na filmagem com o Chicão" (o actor Zenildo Oliveira Santos, que fez o papel de Chicão em “Pixote” e que reencontrou Babenco no “Carandiru”).

Cerca de 2.700 actores e actrizes fizeram testes para participar no "Carandiru". Num atendedor electrónico, cada um deixou seu recado, dizendo por que queria estar no filme. Desse total, cerca de 400 foram chamados para participar dos workshops com o preparador Sérgio Penna, o mesmo de "Bicho de Sete Cabeças". Os workshops aconteceram de Setembro de 2001 a Janeiro de 2002 na Oficina Oswaldo de Andrade, em São Paulo. Segundo Penna, foram fundamentais para o processo de preparação dos actores. No final, 120 actores dessas oficinas participaram das filmagens, abastecendo o elenco principal, secundário e os figurantes.

"Nós fazíamos jogos subjectivos de disputa de poder ou de estratégia de sobrevivência, confinávamos muitas pessoas em espaço pequeno, dávamos papéis de opressor a alguns e de oprimido a outros e assim por diante", conta Penna. A partir da reacção dos actores, Babenco percebia que eles se encaixavam no perfil de determinados personagens.

Fonte: http://carandiru.globo.com/ - o site do filme “Carandiru”
e-mail: carandiru@procultura.com.br - acessória de Imprensa Pró - Cultura
e-mail: columbia@carandiruofilme.com.br - distribuidor do filme no Brasil (Columbia Tristar)

Entrevista colectiva com Hector Babenco no chat do AOL

O filme que viu recentemente e recomenda?Magnolia. E brasileiro vem aí Eu, Tu, Eles.

A sua participação na Academia de Hollywood?
Eu acho que é uma conquista profissional fazer parte dela. Mas não acredito que seja uma honra.

O que você acha desta invasão nos anos 90 de cineastas "ratos de vídeo" como Tarantino?
Será que o Tarantino é um rato de vídeo? Eu acho que você se engana. Ele é um rato de história em quadrinhos. Pulp Fiction são romances baratos em quadrinhos e policiais de segunda. Eu acho Tarantino um reflexo muito contundente e muito legal, porque conseguiu fazer uma narração, utilizando todo o vocabulário que alimentou sua imaginação durante a juventude.

Diga qual a grande diferença entre a direcção para o teatro e para o cinema?
A diferença básica é que em teatro o espectáculo muda todo dia porque é feito por pessoas. O cinema já tem um registro em película que a única coisa que você precisa para o fenómeno acontecer é o escurinho de um cinema.

"Estação Carandiru" seja um filme de denúncia?
Este não é um filme – denúncia.

Qual a recomendação que você daria a quem está começando a escrever roteiros?
Ler muito livros e ver muitos filmes. Incessantemente. E viver. E ouvir as pessoas.

Que recomendação você dá em relação a direcção de actores?
Deixá-los actuar antes de você dizer o que espera deles.

É possível viver como cineasta no Brasil?
Não. Eu sou uma excepção.

Parece que a sua relação com William Hurt em "O Beijo da Mulher Aranha" foi conturbada, inicialmente, devido a ele estar transformando o personagem em algo que você não desejava. Como esse conflito de entendimentos dos personagens melhorou (ou prejudicou) o trabalho de ambos?
Eu acho sim, que houve uma fricção. Porém, totalmente aceitável. Pois se tratava de um jogo limpo onde o objectivo era um só. Fazer o melhor possível.

E os conflitos de ego entre você e os actores americanos durante as filmagens de "...Campos Do Senhor"?
Conflitos de ego? Eu acho que nenhum.

Você se preocupa em atingir as mesmas pessoas retractadas em alguns de seus filmes, ou seja, você tenta ser popular?
Adoraria ser popular. Só que quem escolhe é o outro, e eu não sei quantos são, nem onde estão, nem do que eles gostam, nem por que se interessariam em mi. Enfim...

Você sofreu algum problema com a censura?
Sim, com "Lucio Flávio" em plena ditadura. Foi muito complicado.

Por que não fazer um filme que exalte o patriotismo dos brasileiros, como por exemplo sobre a participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial, algo sobre os pracinhas?
Meu Deus, coitados dos pracinhas! Se eles tivessem tido a opção, teriam ficado em casa. Detesto falar de patriotismo. É uma palavra que representa um conceito fascista. Abomino guerras. Quem você é?

Como foi a experiência de voltar à Argentina em "Coração Iluminado"?
Veja o filme, está tudo lá.

Quais seus directores favoritos?
Eu acho que ser director de cinema já é tão complicado, que ainda você me pedir é muito difícil para mi responder. Mas, digamos, Visconti, Michael Powel, Mário Peixoto, e tantos outros...

Fonte @http://chat01.terra.com.br:9781/entrevistas/2000/05/hectorbabenco.htm

Mais informações sobre o Hector Babenco podem ser encontradas no Museo del Cine em Buenos Aires, museodecine.gov.ar onde existem cerca de 108 registros de materiais compilados dos jornais, revistas, etc.

Agradecimentos especiais na preparação deste artigo ao Sr. UBALDO RODRIGUEZ da Biblioteca Leopoldo Marechal em Mar del Plata, República da Argentina (Tel: 499-7884), e-mail: marechal@cultura-mgp.com.ar

Blogueiro: Estamos perante mais um caso típico, quando a origem étnica de um ucraniano (quando este é uma grandeza indiscutível na cultura, desporto ou arte) é abafada. Faz-se de tudo, para não mencionar a Ucrânia, como o seu país da origem. Mas quando um cidadão não ucraniano, originário da Ucrânia, é conhecido por algo negativo, algum crime, ai sim, toda a gente precipita-se a escrever que este é UCRANIANO! Se alguém pensa que estamos a exagerar, basta lembrar o seguinte: os pugilistas ucranianos Vitali e Volodymyr Klichko são constantemente chamados de russos, assim como a actriz Mila Yovovich. Mas um russo natural de Lviv, que matou o filho do comediante americano Bill Cosby foi imediatamente “identificado” como ucraniano, assim como é “ucraniano” para a imprensa internacional, o Dmitriy Piterman, proprietário de 51% das acções no clube espanhol de futebol “Alaves” (parece que o tipo é detestado por toda a gente na Espanha).

sexta-feira, outubro 14, 2005

Katrina à preto e branco

A passagem do furacão Katrina, conseguiu expor muitas das fragilidades da primeira superpotência mundial. As questões "malditas", do tipo "Quem é culpado" e "O que fazer", estão nas bocas do todo o Mundo. Hoje, queremos apresentar duas visões diferentes, vindas de Portugal e do Brasil. Os leitores poderão fazer os seus próprios juizos de valor.

Na América, como em África, quem menos ajuda os negros, são os negros, diz a jornalista portuguesa Clara Ferreira Alves, num artigo seu, publicado em Portugal, no dia 14 de Setembro.
“Toda a gente sabe que existe na América, tanto em Hollywood e Los Angeles, em Chicago, em Nova Iorque, um clube de milionários negros, poderosíssimos, que controlam o mercado da música rap que domina o mundo, controlam o merchandising da música rap e controlam o mercado consumidor desse merchandising.
Mas, alguém viu da parte desta gente, que se caracteriza pelo consumo conspícuo de moda de alta costura, de diamantes, de roupas caríssimas, de iates e carros, de jactos privados, e de um estilo de vida ostentosos à boa maneira dos líderes africanos corruptos, alguém viu, dizia eu, um grande movimento de solidariedade e ajuda financeira aos seus irmãos negros do sul? Alguém viu P. Diddy, Lill Kim, Russell Simmons, Quincy Jones, Mary J. Blige, e os milhares de rappers milionários de Chicago, Nova Iorque e da Califórnia, fazer o que fizeram alguns actores e celebridades de Hollywood e ajudar, ou abraçar, um desgraçado que perdeu a família e os bens no Katrina?
Alguém viu o reverendo Jesse Jackson, ou Eddie Murphy, ou inefável reverendo Al Sharpton, ou mesmo os pugilistas Mike Tyson (e de Michael Jackson e da sua família nem é bom falar) levantarem a voz e a mão num gesto altruísta? Só Oprah Winfrey o fez, e tem feito, e continua a fazer. O resto, não existe, ou existe egocentricamente. Corruptamente”.

O nosso leitor do Brasil, Custódio Duma*, têm uma visão diferente

Ao analisar o drama de New Orleans, que realmente chocou o mundo inteiro, a jornalista questiona-se pelo facto dos negros ricos e abastados dos Estados Unidos não se sensibilizarem e nem se solidarizarem com seus irmãos negros a ponto de não aparecerem publicamente manifestando seu apoio, não só moral, mas financeiro e, sobretudo material, as vitimas da devastadora Katrina, deixando esta responsabilidade nas mãos dos brancos e da menina de ouro Oprah Winfrey, citada como sendo a única com maior consciência social.
Mas proponho-me a discutir algumas idéias levantadas pela jornalista sobre o olhar tranquilo e indiferente de alguns negros, face ao que se vive em New Orleans.
Em primeiro lugar, é importante notar que os problemas levantados pela jornalista incidem na cor dos indivíduos e não na sua dignidade como pessoas humanas. A solidariedade não deve estar confinada a gente da mesma cor, mesma nacionalidade, mesmas crenças ou quaisquer outras afinidades. Nem por isso merece maior atenção deles. A solidariedade, como se compreende na etimologia da palavra, é de quem pode para quem não pode, não interessa com quanto pode ou como pode. Sendo que ninguém devia orgulhar-se por ajudar certo tipo de gente, mas por estar a contribuir no bem estar de pessoas humanas. Embora todos os homens estejam convidados à solidariedade, este acto é extremamente voluntário, gratuito e de coração, sendo que ninguém deve sentir se impingido ou constrangido a ajudar. Falando em solidariedade, alguém uma vez afirmou que: o que a tua mão direita faz não o saiba a esquerda.
Na América, como em África, quem menos ajuda os negros são os negros, assim diz a jornalista. Não sei até que ponto essa afirmação é verdadeira. Mas um ponto muito importante nisso, é a situação de vulnerabilidade a que os negros do mundo se encontram. Não precisarei descrever as condições sócio-econômicas a que os negros de New Orleans estão votados, vivendo num submundo e praticamente sem condições mínimas de cidadãos. Num país como os Estados Unidos, entende-se desde logo que isso é o resultado de falta de políticas públicas viradas ao bem estar daquelas pessoas.
Posso afirmar que essa falta de políticas públicas viradas ao negro nos EUA é voluntária e intencional, na medida em que o país é quase o determinador da economia do mundo. Sabendo que o poder político e maior parte do poder econômico nesse país não pertence aos negros, vemos que não são eles quem menos ajudam.
É importante notar que mais do que de solidariedade, as pessoas de qualquer parte do mundo necessitam é de políticas públicas inclusivas. A vida das pessoas humanas não deve depender da solidariedade ou da boa vontade dos ricos e abastados. O cidadão cria o Estado para que este garanta o mínimo necessário, para manter a sua dignidade como pessoa.
A demais, olhando para a evolução histórica da economia global, vemos que desde os seus momentos primitivos, uma minoria de homens investiu bastante na construção de uma relação de dependência em relação à maioria. E essa dependência ganhou maior dimensão e destreza na relação entre o norte e o sul do Equador. Ou seja, colocar o negro numa situação precária e de dependência, a fim de que ele não consiga por si mesmo obter o mínimo necessário à pessoa humana. Se os negros tiverem alguma culpa nisso, será com certeza a sua indiferença quanto ao assunto, a corrupção generalizada e a falta de transparência nos sistemas de governo. Pois é já também, o tempo dos africanos compreenderem, que as ajudas solidárias constituem um instrumento de construção dessa dependência, investindo na corrupção e na pobreza absoluta dos negros, em benefício daqueles que vão ditando as regras.
Sobre o racismo dos negros contra os negros, citado no mesmo texto, mais uma vez encontramos aqui a relativização dos problemas que deviam ser enfrentados na generalidade. O racismo é racismo, seja ele praticado por negros ou brancos e deve ser condenado por todos independentemente de quem parte e a quem é direccionado. Não há juízo de valores quando se trata de problemas como o racismo, pois todo o racismo deve ser negado e condenado na mesma proporção. É, pois nossa obrigação como humanos, lutar contra o fosso entre as pessoas e não entre as cores ou lugares. É nossa obrigação construir em nossas mentes a consciência e noção de humanidade e de igualdade, assumindo que todos somos partes do sistema, com mesmas obrigações e direitos, sendo que as barreiras muitas vezes levantadas entre nós considerando a cor, raça, sexo, naturalidade, condição social e até graus acadêmicos, só reduzem ao ridículo todos os nossos discursos e acções.

*Advogado moçambicano, fazendo no Brasil a pós – graduação em Direitos Humanos e Democracia, e-mail: cdnesta2@yahoo.com.br

quarta-feira, outubro 12, 2005

Boxe: Vitali Klichko vs Hasim “The Rock” Rahman

Atenção EUA / Canada / México!

No dia 12 de Novembro, na cidade norte – americana de Las Vegas, será promovido o combate na versão de WBC, entre ucraniano Vitali Klichko e americano Hasim “The Rock” Rahman.

O combate entre Vitali Klichko e Hasim Rahman, terá lugar no pavilhão «Thomas & Mack Center» em Las Vegas. Enquanto isso, em Los Angeles, tive lugar a primeira das três conferências de imprensa, pensadas na promoção do combate entre dois pugilistas. Neste encontro, Vitali Klichko e Hasim Rahman, foram pela primeira vez apresentados oficialmente, como adversários. Rahman, muito à vontade com os truques do circo, estava trajado de avental e gorro de cozinheiro. Ele ofereceu à Vitali uma galinha cortada, em cima de uma bandeja. Vitali, agradeceu educadamente a oferta disparatada, perguntando se foi o próprio Rahman, quem cozinhou a galinha. Depois, prometeu retribuir a gentileza ao Rahman, com uma sobremesa no dia 12 de Novembro. Dois outros encontros públicos, entre Vitali e Rahman, terão lugar em Atlantic Sity e Las Vegas.
No combate de 12 de Novembro, Vitali irá defender o seu titulo de Campeão do Mundo na versão WBC, contra o seu detentor temporário, Hasim Rahman.
O combate, tem o nome de código «Seek and Destroy!», que significa à letra “Encontrar e destruir!” O director da empresa de promoção desportiva «Top Rank», Bob Arum na abertura da conferência de imprensa, chamou o futuro encontro de “combate do ano”.
«Eu fico muito feliz, de vós apresentar o combate, que antes de se tornar a realidade, já gera um interesse enorme, como por parte dos amantes do boxe, assim como da parte dos profissionais deste desporto, – disse Arum. – Este combate é considerado o “combate do ano” com toda a justiça e vocês poderão certificar-se disso. Eu quero agradecer a todos aqueles, que tiveram a sua parte de responsabilidade para que este combate aconteca, nós todos o esperamos com grande impaciência».
Já hoje, Rahman garante que no dia 12 de Novembro, os espectadores “serão testemunhos do seu triunfo”. “Eu sou detentor temporário do titulo de Campeão do Mundo na versão de WBC, mas no combate com Klichko, eu obterei este titulo por direito, que deve me pertencer”. “Com grande impaciência eu quero entrar no ringue contra o Vitali e nocautear a ele”. “Chegou o meu tempo e eu provarei que sou lutador mais forte da divisão dos pesos pesados,” – afirmou Rahman.
Vitali Klichko começou a sua intervenção com um pedido de desculpas. “Em primeiro lugar, eu queria pedir desculpas aos amantes do boxe pala pausa tão prolongada. Não há nada a fazer. As traumas fazem parte integrante do boxe. Mas eu estou 100% pronto para regressar ao ringue e demonstrar uma forma física óptima e uma óptima preparação no combate com Rahman. Eu li muita coisa, sobre as suas afirmações, onde ele diz que eu evito combater com ele. Mas agora eu estou pronto para encontrar-me com ele no ringue”, - cita as palavras do Vitali, o site dos irmãos Klichko.

Fonte: http://www.klichko.com - site oficial dos irmãos Klichko. Em alemão, inglês, russo e ucraniano.

Biografia curta de Vitali Klichko

Nasceu aos 19 Abril de 1971, na aldeia de Bilovodsk, Kirguisia. Doutorado em Educação Física. Em 1996 foi graduado pelo Instituto Pedagógico de Pereyaslav – Hmelnytskiy (Ucrânia), depois fiz a pós – graduação no Instituto de Educação Física e Desporto de Kyiv.
Vitaliy foi seis vezes Campeão do Mundo de kick – boxing (quatro vezes como profissional e duas vezes como amador), três vezes Campeão da Ucrânia de boxe, campeão da Primeira edição dos jogos mundiais dos militares, em categoria dos pesos pesados (Itália, 1995), ficou no segundo lugar no Campeonato do Mundo.
Desde 1996, Vitaliy defende as cores do clube alemão "Universum Box Promotion", onde começando como número 200 no ranking mundial, chegou a campeão da Europa, Campeão Intercontinental e Campeão do Mundo na versão WBO.
No outono de 1997, junto com seu irmão Volodymyr, Vitaliy criou o Fundo internacional de apoio ao desenvolvimento do desporto "Desporto – século XXI" e tornou-se um dos seus Directores. Meta do Fundo – apoiar os desportistas talentosos, treinadores com prestígio e veteranos do desporto, que necessitam da ajuda. Apresentação do Fundo, tive lugar na Escola Superior de Desporto de Brovary (arredores de Kyiv), onde Vitali estudou durante a sua juventude. Os irmãos Klichko patrocinaram obras necessárias e apetrechamento da sala de boxe desta escola, ofereceram equipamento de boxe aos seus alunos.
No dia 11 de Novembro de 1999, o nome de Vitaliy Klichko entrou no livro de recordes de Guinés, como primeiro campeão dos pesos pesados, que ganhou 26 combates pelo knok – out, gastando para isso o menor número de rondas. Com esta façanha, Vitaliy superou o lendário Mike Tyson.
No dia 12 de Outubro de 1999, Vitaliy Klichko recebeu a medalha ucraniana “Pela coragem”, do 3-ro grau. No dia 29 de Fevereiro, Vitaliy tornou-se Doutor, defendendo o seu trabalho de douturamento, intitulado: “Avaliação das capacidades do pugilista, no sistema das etapas múltiplas de escolha desportiva”.
No dia 18 de Marco de 2000, Vitaliy Klychko ganhou o trofeu “Desportista do Ano’99” e “Gloria da Ucrânia”, inseridos no quarto programa nacional “Pessoa do Ano”. O prémio “Prometeu - prestígio”, foi entregue ao Vitali e Volodymyr na categoria especial de “Orgulho da Ucrânia”.
Em Setembro de 2001, Volodymyr Klychko foi condecorado pelo Governo ucraniano com Diploma de Honra: “Pelo fortalecimento das relações bilaterais entre a Ucrânia e a Alemanha”.
Em Março de 2003, irmãos Klichko assinaram em Hamburgo o contracto com a empresa «ELIXIA Health & Wellness Group», para promoção do seu programa de fitness «Klitschko BoxPower». Os irmãos Klichko criaram a sua própria colecção da roupa de cabedal para homem, assim como roupa desportiva, em colaboração com o HUGO BOSS. Os irmãos Klichko também tornaram-se autores do best-seller "Nosso Fitness," dedicado ao estilo da vida saudável e desportivo. Vitaliy Klichko já tive os encontros com Bill Clinton, Arnold Schwarzenegger, Michael Schumacher, Boris Becker, John Bon Jovi, Armani, Garri Kaspárov, Mohammed Ali e muitos outros.
É cavalheiro da ordem ucraniano “Pela coragem” do Primeiro grau, (04.2004).

http://photo.unian.net/eng/?rubr_id=136&offset=10 - mais fotos dos irmãos Klichko

www.ukrainianinstitute.org/ klichkoexhibit.html - neste site podem-se comprar alguns fotos autografados pelos irmãos Klichko

http://www.mfa.gov.ua/mfa/en/287.htm - página do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, dedicada aos desportistas ucranianos mais famosos em todo o Mundo

quarta-feira, outubro 05, 2005

NEWSLETTER do Congresso Mundial Ucraniano № 10 (26) do Outubro de 2005

145 EVANS AVENUE, SUITE 207 ● TORONTO, ON M8Z 5X8, CANADA ● TEL. (416) 323-3020 ●FAX (416) 323-3250, e-mail: congress@look.ca ● Web: ukrainianworldconress.org
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UWC EXECUTIVE SESSION TO CONVENE

The next session of the UWC Executive will convene in Toronto, Saturday, October 22, 2005 at 9:30 AM. Since Executive sessions occur only semiannually, all members of the UWC Executive are urged to attend.

UWC EXECUTIVE COMMITTEE DELIBERATES VIA TELECONFERENCE

The UWC Executive Committee held a teleconference on Saturday, September 17, 2005 with the participation of its President Askold S. Lozynskyj, First VP Eugene Czolij, Secretary General Victor Pedenko, Treasurer Olga Danylak, Financial Director Bohdan Fedorak and Executive Director Lesia Szubelak. The Executive Committee assessed meetings held with government representatives and religious leaders in Kyiv in order to develop follow-up strategies, debated participation in the scheduled IV Forum in Kyiv in November, reviewed decisions and recommendations made at the Board of Director’s meeting for the purpose of their implementation, considered the need for a UWC office in Ukraine and reviewed 2005 fundraising activities.
Final decisions were tabled for the next Executive session. In preparation, ad hoc commissions were established to consider the need (mission statement) and viability of a UWC office in Ukraine and to
· develop a strategy for the March 2006 elections;
· executives were urged to consider а person in the President’s administration who would be a liaison between the UWC and the President of Ukraine;
· the treasurer and financial director were entrusted with the function of preparing a membership assessment and dues reevaluation;
· specific funding was addressed of proposals from the Conference of Ukrainian Youth Organizations and World Council on Cultural Affairs.
Since the definitive convening of the IV Forum could not be determined, this matter as well as the next session of the European Congress of Ukrainians was referred for monitoring.

UWC URGES VR CHAIR TO PURSUE OUN - UPA RECOGNITION

On September 6, 2005, Verkhovna Rada (VR) Chair Volodymyr Lytvyn hastily (since he was leaving the same day for the United Nations in New York) submitted an agenda for the ensuing VR session which included the OUN - UPA recognition debate as agreed to by a consensus commission (and as agreed to between Mr. Lytvyn and the UWC delegation on August 19, 2005). Petro Symonenko, the Communist party leader, followed with a vitriolic and offensive diatribe against the OUN - UPA demanding the deletion of this agenda item. With no debate, the agenda was amended in accordance with Mr. Symonenko’s proposal and the revised agenda passed. In a letter dated September 20, 2005, the UWC urged Mr. Lytvyn to correct this egregious mishap by reintroducing the OUN-UPA agenda item. We await further developments.

Ucrânia: a filha da ex – Primeira Ministra casa com um roquista

A filha da Yulia Timoshenko, a ex – primeira – Ministra da Ucrânia, Eugenia, casou-se no sábado, dia 2 de Outubro, com roquista britânico, Sean Carr, numa cerimonia religiosa na cidade de Kyiv. Eugenia (25) e o vocalista do grupo heavy metal, “Death Valley Screamers”, natural de Yorkshire, Sean (36), conheceram-se no Egipto, onde ambos passavam as suas férias.
No princípio, o casamento era planeado a ter lugar no castelo de Ripley em Yorkshire, mas mais tarde, casal optou pelo mosteiro masculino de Vydubitsky em Kyiv.
A comitiva do noivo chegou em um Volkswagen carocha, decorado com a bandeira da Ucrânia e dois opulentos carros soviéticos, de marca “Chayka”. Yulia Timoshenko escolheu um Mercedes preto, usando um vestido longo de cor bege e um cabelo longo e solto, em vez de habitual trança, que já virou a sua imagem de marca.
Eugenia Timoshenko, veio numa terceira “Chayka”, na companhia do seu pai, Oleksander. A noiva usava um vestido branco, de duas peças: uma saia longa e o topo.
Toda a cerimónia durou cerca de uma hora, Sean Karr, foi acompanhado até o altar pela Yulia Timoshenko, a Eugenia, pelo pai. Sean Karr foi previamente baptizado pelo padre ortodoxo no mosteiro de Panteleymoniv e a sua esposa escolheu o apelido do marido, tornando-se Sra. Karr. Durante a cerimónia, foram usados os sons da tradicional gaite de foles escocesa.
Entre os famosos, no casamento estava presente o primeiro presidente da Ucrânia independente – Leonid Kravchuk, o Presidente Viktor Yuschenko não veio pessoalmente, mas mandou algumas prendas para o casal: uma ícone da Maria e do Salvador, uma toalha tradicional ucraniana (rushnyk) da sua própria colecção e álbum para as fotografias da família.
Durante a cerimónia, a noiva trocou os vestidos duas vezes, um deles foi feito na Itália e outro pela estilista ucraniana Aina Gase. As alianças dos noivos foram feitos de ouro branco e enfeitados pela ornamentação kelta. As alianças vieram da Grã - Bretanha e foram criados por um joalheiro da origem ucraniana.
A saída do mosteiro, o casal fiz uma secção de fotografias, onde as pessoas presentes gritavam: “Yulia, Yulia”. Em resposta, Yulia Timoshenko mandou um beijo a todos os presentes e disse: “Estou convosco”. Depois, os noivos tomaram a champanhe, partindo as taças logo a seguida. Mais tarde, a família Karr, continuou com a sua secção de fotos, correndo os locais habituais dos jovens casais ucranianos. As festividades continuaram no restaurante “Crystal Palace”, onde cerca de 150 convidados apreciavam os dançarinos do grupo “FreeDom”, o grupo de canção folclórica “Kobza” e “Drevo”, mas também as músicas dos “Death Valley Screamers”. As celebrações continuaram no domingo, no navio “Estrela do Dnipro” (Зірка Дніпра). O casamento também foi registado no sábado, num dos registos de casamentos de Kyiv.
A cerimónia era paga pelo pai da noiva, Oleksander Timoshenko e pelo próprio Sean Karr. Sr. Karr herdou dos seus pais algumas sapatarias, dinheiro e uma casa avaliada em 500 mil libras. Alem disso, Karr é proprietário das duas vivendas fora do Reino Unido, no Egipto e na Espanha. Este é o seu segundo casamento.
O jovem casal não quer deixar a Ucrânia, Eugenia planeia abrir uma galeria de arte e o Sean quer continuar com a sua carreira musical.

Blogger: Tudo que acontece a nossa volta é política, disse uma pessoa sábia, e vale a pena acreditar que isso é uma realidade. Yulia Timoshenko usou o casamento da filha, para fazer um pouco mais da campanha eleitoral antecipada. Neste momento, ela goza de um apoio popular extraordinário, entre os ucranianos que gostariam que a Revolução Laranja tivesse um impacto muito mais imediato nas suas vidas quotidianas. Isso talvez não será possível, nem aconselhável, pois o país não deve andar com passos maiores que a sua própria perna. Mas toda a gente gosta de viver melhor e agora, ainda mais que os ucranianos merecem isso. De qualquer maneira, nas eleições de Março, o partido de Yulia Timoshenko deve obter uma excelente votação e não podemos ficamos tristes com isso. Vindo da cidade de Dnipropetrovsk e representando os ucranianos que falam russo, mas que já não aceitam de ser tratados como tal, Timoshenko apenas vai absorver o voto daquela parte da nação, diminuindo os chances eleitorais de Yanukovich e K°. O resto do país, vai votar na União Popular Partido “Nossa Ucrânia” de Viktor Yuschenko. E Yanukovich e K° vão ser reduzidos aos números ridículos, lutando desesperadamente para serem o partido de dois dígitos. Mais que provavelmente.