Os ucranianos provenientes da Ucrânia Central, começaram emigrar para o Extremo Oriente siberiano em 1883, sensivelmente na mesma altura, quando os seus irmãos da Ucrânia Ocidental (Galiza Ucraniana) iniciaram a emigração para Brasil e Canada.
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Na sua nova pátria, os ucranianos formaram a famosa região de “Zeleniy Klyn” (Quinhão Verde), que como várias outras manifestações do espírito ucraniano, foi brutalmente exterminado pelo Moscovo nos anos 1920.
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A capital do Quinhão Verde é a cidade de Vladivostok, a actual base da armada russa do Pacífico. Hoje essa frota vai apodrecendo, as empresas fecham. Os moradores da região se consideram esquecidos por Moscovo, por isso emigram para as cidades da Rússia Central. A recente campanha de proibição de importação de automóveis com o volante à direita aprofundou o sentimento anti – moscovita na região. Cerca de 90% dos automobilistas locais escolhem os carros fabricados no Japão ou na Correia do Sul, muita gente dependia do comércio destes carros e dos seus acessórios.
Por isso quando os moradores do Vladivostok se manifestaram pacificamente contra as medidas adoptados pelo Kremlin, este mandou para a região a polícia de choque de Moscovo. O poder central já não confiava no zelo dos oficiais locais. Até os jornalistas sentiram a “garra” moscovita, OMON prendia os jornalistas para impossibilitar a propagação dos “maus exemplos” na imprensa:
http://www.youtube.com/watch?v=lu2KWbUXvOc
***
O Consulado Geral da Ucrânia fica no centro da cidade, o Cônsul, Olexander Danylchenko (na foto) tem imenso trabalho, a área da sua jurisdição representa cerca de 6% de todo o território do nosso planeta!
Em 2008 foi celebrada a data “redonda”, o 125º aniversário da chegada dos primeiros pioneiros ucranianos. Eles vieram de barco, saíram das províncias ucranianas de Poltava e Chernihiv, na Ucrânia estes camponeses sofriam da falta de terra. Enquanto na Ucrânia o camponês médio possuía 2,2 hectares de terra arável, no extremo oriente recebia cerca de 110 hectares, além do auxílio financeiro para a mudança e a colonização.
Primeiramente, os ucranianos assentavam na costa, mas com o aparecimento do caminho-de-ferro, as aldeias ucranianas foram “migrando” para o ocidente, contornando a China, numa espécie de quinhão. Dai o nome, “Quinhão Verde”.
No início do século XX, os ucranianos representavam cerca de 60% da população desta região. Mas os processos de assimilação (e nem sempre a assimilação natural), são imparáveis. Se em 1989 cerca de 185.000 cidadãos de região de Primorski se declararam ucranianos, em 2002, já eram apenas 94.000. Por comodismo as pessoas se declaram russos, apenas nas zonas rurais alguns entusiastas cuidam de tradições ucranianas.
Uma destas entusiastas é a chefe do Centro da Cultura Ucraniana de Vladivostok, “Horlytsya” (Sousa), Sra. Tetiana Tkachenko. Foi ela que organizou a poderosa feira popular ucraniana na cidade de Ussuriysk. No caminho entre Vladivostok e Ussuriysk, é possível encontrar várias aldeias com os nomes tipicamente ucranianos: Nova Poltava, Novo Myrgorod, Kyivka…
A situação parecida foi testemunhada pelo escritor ucraniano Mykola Trublaini, que visitou a região ao bordo de quebra-gelos, “Fyodor Litke” em 1929. Nas suas reportagens ele escrevia que em alguns distritos do Extremo Oriente, os ucranianos representavam entre 50 à 80 porcento da população local.
As actuais autoridades russas não fazem grande coisa para garantir os direitos sócio – culturais da minoria étnica ucraniana, mas também não dificultam em demasia, que já por si é uma grande ajuda. Os ucranianos falam a língua com um fortíssimo sotaque regional, preservam a sua memória colectiva.
O que mais une os ucranianos, é a canção popular, onde há três ucranianos, já existe um coro, toda a gente canta: jovens, velhos, mesmo aqueles que já perderam qualquer ligação a Ucrânia. Os melhores entre os melhores, participam no festival local “Canção de Rouxinol”, infelizmente, o festival é raramente visitado pelos seus congéneres da Ucrânia.
Mas não só de canção vivem os ucranianos, eles também editam uma revista literária, o historiador Vyacheslav Chornomaz estuda a história do “Quinhão verde”. Nos anos 1920 do século passado, no Extremo Oriente existiam “O Conselho Distrital Ucraniano de Vladivostok”, “O Conselho Regional Ucraniano do Extremo Oriente”, que se reuniam em “Congressos Ucranianos do Extremo Oriente”.
Neste contesto é muito característica a biografia do activista ucraniano Yuri Hlushko-Mova, um dos promotores da vida ucraniana no Extremo Oriente. Na primavera de 1919, Yuri Hlushko-Mova forma o batalhão dos cossacos livres ucranianos, mais tarde encabeça o Secretariado Ucraniano do Extremo Oriente.
O próprio Hlushko-Mova lembrava aqueles tempos com muito humor:
“De manha acordas, vestes o avental do varredor de rua e começas a varrer em redor do edifício do Secretariado. Chegam 8 horas, e tu, já totalmente aprumado estás sentado no gabinete governamental no alto posto do primeiro – ministro. Chega a hora das visitas às embaixadas diferentes, – vestes a casaca, o cilindro, colocas as luvas, entras na carruagem e se diriges à embaixada japonesa. Desta maneira, teve que ser o varredor, o primeiro – ministro e o embaixador”.
Hoje em dia os ucranianos assistem por satélite o canal ucraniano da TV “Inter”, única fonte de informação sobre a Ucrânia. Na cidade de Magadan, o líder da comunidade ucraniana local, Bohdan Pyrig, ergueu o monumento do Taras Shevtchenko, o primeiro na região.
Fonte:
http://mykolap.livejournal.com/221311.html
Ler o testo integral do artigo em ucraniano
p.s.
Algumas das fotografias usadas, são da autoria da chefe do Centro da Cultura Ucraniana de Vladivostok “Horlytsya”, Sra. Tetiana Tkachenko (na segunda foto).
Por isso quando os moradores do Vladivostok se manifestaram pacificamente contra as medidas adoptados pelo Kremlin, este mandou para a região a polícia de choque de Moscovo. O poder central já não confiava no zelo dos oficiais locais. Até os jornalistas sentiram a “garra” moscovita, OMON prendia os jornalistas para impossibilitar a propagação dos “maus exemplos” na imprensa:
http://www.youtube.com/watch?v=lu2KWbUXvOc
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O Consulado Geral da Ucrânia fica no centro da cidade, o Cônsul, Olexander Danylchenko (na foto) tem imenso trabalho, a área da sua jurisdição representa cerca de 6% de todo o território do nosso planeta!
Em 2008 foi celebrada a data “redonda”, o 125º aniversário da chegada dos primeiros pioneiros ucranianos. Eles vieram de barco, saíram das províncias ucranianas de Poltava e Chernihiv, na Ucrânia estes camponeses sofriam da falta de terra. Enquanto na Ucrânia o camponês médio possuía 2,2 hectares de terra arável, no extremo oriente recebia cerca de 110 hectares, além do auxílio financeiro para a mudança e a colonização.
Primeiramente, os ucranianos assentavam na costa, mas com o aparecimento do caminho-de-ferro, as aldeias ucranianas foram “migrando” para o ocidente, contornando a China, numa espécie de quinhão. Dai o nome, “Quinhão Verde”.
No início do século XX, os ucranianos representavam cerca de 60% da população desta região. Mas os processos de assimilação (e nem sempre a assimilação natural), são imparáveis. Se em 1989 cerca de 185.000 cidadãos de região de Primorski se declararam ucranianos, em 2002, já eram apenas 94.000. Por comodismo as pessoas se declaram russos, apenas nas zonas rurais alguns entusiastas cuidam de tradições ucranianas.
Uma destas entusiastas é a chefe do Centro da Cultura Ucraniana de Vladivostok, “Horlytsya” (Sousa), Sra. Tetiana Tkachenko. Foi ela que organizou a poderosa feira popular ucraniana na cidade de Ussuriysk. No caminho entre Vladivostok e Ussuriysk, é possível encontrar várias aldeias com os nomes tipicamente ucranianos: Nova Poltava, Novo Myrgorod, Kyivka…
A situação parecida foi testemunhada pelo escritor ucraniano Mykola Trublaini, que visitou a região ao bordo de quebra-gelos, “Fyodor Litke” em 1929. Nas suas reportagens ele escrevia que em alguns distritos do Extremo Oriente, os ucranianos representavam entre 50 à 80 porcento da população local.
As actuais autoridades russas não fazem grande coisa para garantir os direitos sócio – culturais da minoria étnica ucraniana, mas também não dificultam em demasia, que já por si é uma grande ajuda. Os ucranianos falam a língua com um fortíssimo sotaque regional, preservam a sua memória colectiva.
O que mais une os ucranianos, é a canção popular, onde há três ucranianos, já existe um coro, toda a gente canta: jovens, velhos, mesmo aqueles que já perderam qualquer ligação a Ucrânia. Os melhores entre os melhores, participam no festival local “Canção de Rouxinol”, infelizmente, o festival é raramente visitado pelos seus congéneres da Ucrânia.
Mas não só de canção vivem os ucranianos, eles também editam uma revista literária, o historiador Vyacheslav Chornomaz estuda a história do “Quinhão verde”. Nos anos 1920 do século passado, no Extremo Oriente existiam “O Conselho Distrital Ucraniano de Vladivostok”, “O Conselho Regional Ucraniano do Extremo Oriente”, que se reuniam em “Congressos Ucranianos do Extremo Oriente”.
Neste contesto é muito característica a biografia do activista ucraniano Yuri Hlushko-Mova, um dos promotores da vida ucraniana no Extremo Oriente. Na primavera de 1919, Yuri Hlushko-Mova forma o batalhão dos cossacos livres ucranianos, mais tarde encabeça o Secretariado Ucraniano do Extremo Oriente.
O próprio Hlushko-Mova lembrava aqueles tempos com muito humor:
“De manha acordas, vestes o avental do varredor de rua e começas a varrer em redor do edifício do Secretariado. Chegam 8 horas, e tu, já totalmente aprumado estás sentado no gabinete governamental no alto posto do primeiro – ministro. Chega a hora das visitas às embaixadas diferentes, – vestes a casaca, o cilindro, colocas as luvas, entras na carruagem e se diriges à embaixada japonesa. Desta maneira, teve que ser o varredor, o primeiro – ministro e o embaixador”.
Hoje em dia os ucranianos assistem por satélite o canal ucraniano da TV “Inter”, única fonte de informação sobre a Ucrânia. Na cidade de Magadan, o líder da comunidade ucraniana local, Bohdan Pyrig, ergueu o monumento do Taras Shevtchenko, o primeiro na região.
Fonte:
http://mykolap.livejournal.com/221311.html
Ler o testo integral do artigo em ucraniano
p.s.
Algumas das fotografias usadas, são da autoria da chefe do Centro da Cultura Ucraniana de Vladivostok “Horlytsya”, Sra. Tetiana Tkachenko (na segunda foto).
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