terça-feira, outubro 27, 2009

As crónicas de inquisição soviética

Nos dias 27 de Outubro e 1, 2 e 3 de Novembro de 1937, na localidade de Sandarmokh (Carélia), o capitão do NKVD, Mikhail Matveev, fuzilou a inteira “Etapa de Solovki– 1111 prisioneiros da Cadeia Especial de Solovki, incluindo 290 ucranianos. O grupo de “nacionalistas ucranianos” – 134 pessoas foi fuzilado no dia 3 de Novembro.

As purgas mais numerosas da história da URSS, aprovadas pelo próprio Stalin, começaram no dia 5 de Setembro de 1937 e deveriam durar 4 meses (Diploma do NKVD da URSS № 00447). Na realidade, as purgas só terminaram no dia 15 de Novembro de 1938, após a deliberação do Bureão Político do Partido Comunista – VKP(b), ou seja, duraram mais de 15 meses.

Durante a campanha de terror, foram sentenciadas 681.692 pessoas, destas, 631.897 foram julgados pelas “troicas”, organismo repressivo extra judicial. Pelos dados da organização Memorial de Moscovo, foram presos 1.725.000 pessoas, fuzilados 815.000 pessoas. Na Ucrânia, segundo os dados oficiais, em 1936 foram presos 15.717 pessoas; em 1937 – 159.573; em 1938 – 108.006. Na totalidade, as repressões abateram-se sobre 2 milhões de pessoas.

Cada república, cada região, cada distrito recebia os limites de repressão de categorias I e II (I – fuzilamento, II – termo prisional, correlação 3 por 1). A acção das “troicas” perseguia todas as categorias dos inimigos: “kurkuli” (camponeses abastados), “insurgentes”, “elementos religiosos”, “espiões”, “trotskistas”, “diversionistas”, “nacionalistas”, etc. As purgas foram ordenadas até nos campos de concentração…

Nos dias 27 de Outubro e 1, 2 e 3 de Novembro de 1937, na localidade de Sandarmokh (Carélia), o capitão semi – analfabeto do NKVD, Mikhail Matveev, fuzilou a inteira “Etapa de Solovki” – 1111 prisioneiros da Cadeia Especial de Solovki, incluindo 290 ucranianos. O grupo de “nacionalistas ucranianos” – 134 pessoas foi fuzilado no dia 3 de Novembro.

Nas lista dos “nacionalistas ucranianos” estavam o poeta – neoclássico, o professor Mykola Zerov, o realizador teatral e criador do teatro “Berezil”, Les Kurbas, o dramaturgo Mykola Kulish, o historiador e académico Matviy Yavorskiy, os professores Volodymyr Chekhovskiy, Serhiy Hrushevskiy, os cientistas Stepan Rudnickiy, Mykola Pavlushkov, Vasyl Volkov, Petro Bovsunivskiy, o criador do serviço meteorológico da Ucrânia Soviética, holandês de origem, Oleksiy Vangengejm, o ministro das finanças da Ucrânia Soviética Mikhaylo Poloz, o ex-ministro da Educação da República Popular da Ucrânia (UNR) Anton Krushelnickiy e os seus filhos, Ostap e Bohdan (a filha Volodymyra foi fuzilada nas arredores de Leninegrado, os filhos Ivan e Taras em Dezembro de 1934 em Kyiv), os escritores Valerian Pidmohylny, Pavlo Filipovych, Valerian Polishuk, Hryhorii_Epik, Myroslav Irchan, Marco Voroniy, Mikhaylo Kozoris, Oleksa Slisarenko, Mikhaylo Yaloviy

Cada condenado era colocado de joelhos e o capitão Matveev disparava na nuca com o revolver. Os que sobreviviam eram assassinados com uma moca de ferro. Os ajudantes atiravam o corpo num buraco, cobriam com o ácido e o enterravam. De maneira que não podem ser identificados. Até agora…

No bosque de Sandarmokh está erguido o monumento com a frase: “Gente, não se matem uns aos outros”, foram colocados duas cruzes: ucraniano e polaco, um marco muçulmano. Foram identificados centenas de buracos, onde jazem cerca de 9.000 pessoas.

Em 2004 em Sandarmokh foi erguida uma grande cruz cossaca de granito, que dizia “Aos filhos assassinados da Ucrânia”. No dia 21 de Maio de 2007 Presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, assinou o decreto № 431/2007 sobre “As acções relacionadas com o 70º aniversário do Grande Terror – repressões políticas em massa de 1937 – 1938”. Apesar do decreto presidencial, o Gabinete dos Ministros não elaborou nenhum plano de acções. Mas o Instituto Ucraniano da Memória Nacional e Organização Memorial ucraniano, executaram um dos pontos do decreto, enviando em 2007 a expedição ucraniana aos locais de fuzilamentos em massa em Sandarmokh. Anteriormente, todo o trabalho era conduzido pelos cidadãos, nos últimos anos com o apoio financeiro do partido “Nossa Ucrânia” do Presidente Viktor Yushchenko.

A sociedade “Solovki Ucranianos” exorta os cidadãos da Ucrânia, todas as igrejas, aparecer no dia 2 de Novembro, Sexta – Feira, no cruzamento das ruas Prorizna e Pushkinska em Kyiv, junto ao monumento do Les Kurbas, para participar em um comício memorial e a cerimónia fúnebre em memória das vítimas das repressões soviéticas. Levem uma vela ou a coloquem na janela da sua casa.

por: Vasyl Ovsienko
http://memorial.kiev.ua/content/view/370

Ver a exposição virtual “Crónicas de inquisição soviética”:
http://memorial.kiev.ua/expo/eng/second.html

Aconselho também visitar a Enciclopédia de Solovki, reflectindo sobre o seguinte facto histórico: 316 pessoas passaram pela cadeia de Solovki nos séculos XVI – XIX, 300 pessoas foram fuzilados numa única noite de 28.10.1928:
http://www.solovki.ca/english/intro.php

Sem comentários: