sexta-feira, maio 20, 2005

Festival Eurovisão sucesso em Kyiv

Dos dez países apurados, seis pertencem a Europa Central e Oriental

Apresentado por Pavló Shilko (DJ Pásha) e Maria Ferosina(?), o semi – final do Festival Eurovisão começou na hora e data certa. Eram 21:00 (hora de Moçambique), dia 19 de Maio de 2005.
O Palácio de Desporto de Kyiv (que o apresentador português teimava de chamar de Kiév), estava repleto de 6 mil pessoas, outros centenas milhões de espectadores, podiam assistir o show pela TV em todo o Mundo.
Primeiros cinco minutos eram da pura descontracção: Maria e Pavló estavam discutir quem é que deve começar o show. Pavló era um tradicionalista, por isso optou por dançarinos de Hopak (dança tradicional ucraniana) e mini – coro militar, que cantou “Divchyna zaspivaye” (Moça cantará). Maria era uma liberal, por isso optou por umas raparigas lindas da companhia AB – Ballet e por grupo rock “Diesel Power”, que visualmente lembrava a “Sepultura”. Mas muito rapidamente, os apresentadores chegaram a um consenso: neste Festival, os músicos devem ficar em primeiro. E a festa começou...

1. Primeira concorrente era da Áustria. A rapariga, parecida com as moças dos anúncios da cerveja na TV, optou por cantar uma salsa em inglês e espanhol. Os dançarinos eram vestidos à cubana, mais, um deles imitava o gritinho dos gnomos, também dos anúncios, mas já do chocolate: aui-aui, bom eu não consigo imita-lo bem.
2. Segunda concorrente era da Lituânia. Jovem tinha um look muito escandinavo: loira, alta, pernas muuuito longas, cantava em inglês e junto com os dançarinos que a acompanharam, lembrava a ABBA. No final da canção, agradeceu o público em ucraniano. Bela rapariga!
3. A dupla de Portugal, Rui & Luciana, era terceira. Sua canção “2B.Amar” em português e inglês revelou-se bastante fraca. A parte portuguesa da letra não soava absolutamente nada bem, nem mesmo para me, pessoa que emociona-se SEMPRE, que ouve o hino de Portugal. Bailarinas eram todas estrangeiras, o coreógrafo também. Eles levaram o tipo que trabalhava para a “Operação Triunfo” (concurso de caça – talentos da TV estatal portuguesa, onde actuou o Rui). 2B tinha um refrão “Hey”, que me pareceu ser copiado da “Dança selvagem” da Ruslana.
4. Moldova era o número quatro. O seu representante, grupo Zdob si Zdub, liderado pelo Roman Yahupov, mostrou um drive fenomenal e energia completamente louca. Zdob si Sdub, a formação que mistura folk – rock com os elementos étnicos, cantou em inglês e encantou o público presente. Roman usava os vestes do traje nacional da Moldova, dançarinos voavam pelo palco e até uma avozinha tradicional, apareceu no palco para tocar o tambor. Foi uma actuação fenomenal. Canção da Moldova, é única que ficou na minha memória com seu refrão, eles são únicos, cujo disco eu gostaria de comprar e são, com certeza, candidatos sérios para ficar nos lugares cimeiros no final.
Recomendo: http://www.zdob-si-zdub.com/
5. Dois jovens da Letónia, Walters & Kazha cantaram em inglês “The war is not over”. Uma mistura de rock com country, sua música agradou a audiência e dupla letã foi apurada para o final do Festival.
Alunos do secundário, Walters & Kazha actuam juntos desde dois (!) anos de idade. Eles começaram no agrupamento juvenil Dzeguzite (Cuco), mas já editaram o seu próprio álbum, chamado "Putnu Balle" (Fuga das galinhas), onde cantam em letão, russo, sérvio e até japonês! Jovens cantam as músicas escritas pelo Martin Freiman, líder de um dos grupos mais conhecidos da Letónia: “Tumsa” (Escuridão) (participou na Eurovisão 2003). Em 1996, seu grupo, Dzeguzite, junto com outros artistas da Letónia: compositor Raymond Pauls e cantora Laima Waikule, actuou em concerto em Madison Square Garden, em Nova Iorque.
6. Representante do Mónaco, que cantou em francês, era parecida com Selin Dion e a música lembrava “My heart is go on”. Rapariga tinha o ar demasiadamente burguês, demasiadamente “a-lá Grimaldi”, nesta nova Europa em mudança revolucionária. Publicou não gostou, eu também não.
7. A representante do Israel, que treinou o seu talento em clubes nocturnos, bares e hotéis, cantou em hebraico e inglês. Talvez por causa do seu passado, a rapariga tinha um peito bastante sublinhado e um charme muito comercial. Não sei se essa versão mais natural de Dana International, resultará no final.
8. Belarus, que o nosso bom comentador português chamou de Bielorússia (temos que agradecer ainda, que não disse: a Rússia Branca), foi representada pela Anjelika, ex – miss beleza soviética. Anjelika, que cantou em inglês, ouviu muitos gritos de apoio vindos da plateia, tinha uma voz muito forte e bonita, que lembrava a Anastasiya e também era muito burguesa. Inacreditável, mas a última ditadura europeia, pelos vistos apostou na joalharia, roupas decadentes e um look muito fashion. Parece que os ditadores gostam mesmo de tudo que brilha. Por sua vez, só posso repetir um slogan, muito em voga em Belarus: “Lukashenka – beba weneno!”
9. A mulata, que representou a Holanda, evocou a figura de Martin L. King e parecia uma mistura entre Diana Ross e Tina Turner. Sua música em inglês, “My impossible dream”, não entusiasmou muito o público.
10. Canção da Islândia, também em inglês, foi bastante aplaudida. Música tinha uma bela batida, mas a interpretação foi apenas regular.
11. Representante da Bélgica, Nuno Resende, nascido em Portugal e filho de euroburocratas, era bastante morninho, nem bom, nem mal, embora talvez melhor do que Rui & Luciana. Nuno optou por um estilo latino: camisa vermelha e fato preto, perecia uma mistura de John Travolta em “Saturday night fever” com o Johny Deep em “Don Juan de Marco”. Foi eliminado.
12. Estónia foi representada por cinco moças: uma mulata, duas loiras (uma deles imitava Marilyn Monroe) e duas morenas (uma delas, a de camisa vermelha sabia cantar). Música chamava-se “Lets get loud”, julgo que serve perfeitamente para as discotecas, mas não agradou o público.
13. Noruega, foi representada pelo grupo, chamado, salvo erro, Wig Wam, com a canção “In my Dreams”. O solista tinha um look Marilyn Manson soft e abanava um pano cor de laranja, evocando a Revolução Laranja. O resto dos músicos também lembravam os rockers famosos, o baixista parecia Bono, com óculos tipo “gota” e chapéu do vaqueiro. Música também tinha alguns semelhanças com as do Marilyn e um pouco do “Europe”. Mas apesar do tudo, o conjunto tinha muita drive, era muito vivo e foi premiado pelo público europeu, que votou neles.
14. A canção da Roménia, cantada em inglês, era bastante bonita. A coreografia era bem complexa e os dançarinos andavam por entre tambores do óleo de 210 litros e tambores de cerveja à pressão de 50 litros, pintados de amarelo. Será que também queriam lembrar a Revolução ucraniana?
15. Mas a canção da Hungria era uma autentica belezura! Grupo Nok, cantou a “Spin world” em húngaro, mas encantou a plateia. Violino cigano chorava, a letra evocava a deusa da noite (aqui o nosso bom comentador português cometeu mias uma gaffe, chamando a deusa de eslava. Coitadito não sabe que os húngaros não são eslavos). A coreografia era muito simples, mas muito bonita. O refrão da canção húngara também era “Hey”, mas isso desculpa-se, pois somos vizinhos e as culturas são semelhantes em parte.
16. O representante da Finlândia nasceu na Noruega, cantou um soul, chamado “Why” em inglês e parecia Simple Red.
17. A Macedónia (quero dizer aqui o meu NÃO à ditadura dos gregos, que obrigam dizer F.Y.R. Macedónia), cantou “Make my day”, onde o inglês era misturado com alguns motivos étnicos da pátria do Alexandre, o Grande.
18. A representante da Andorra, Marian Van der Waal tinha a cara de uma ave de rapina e cantava em catalão. Parece que não convenceu muita gente.
19. Os representantes da Suíça, nasceram na Estónia. Pareciam – boa gente...
20. Os da Croácia, cantaram em croata e usavam um instrumento tradicional, que lembrava a gaita de foles portuguesa ou cornamusa escocesa. Canção chamava-se “Os lobos morrem sozinhos”, mas foi cantada de maneira muito “balcânica”, i.e. não tinha nenhum elemento novo ou inovador. Mas o público em casa gostou e votou neles.
21. O grupo “Kaffe” representava a Bulgária. Rapaziada cantou em inglês.
22. A Irlanda tinha uma coreografia muito bonita. A canção, “Love” interpretada por um casalinho bastante estiloso, é que não resultou muito bem.
23. Cantor da Eslovénia, Omar Naber, tem o pai jordano (espero que não é familiar do Al Zarcavi, se não, nunca entrará nos Estados Unidos), tinha cabelo quase punk e cantava bem. Também tinha no palco uma loira bem vistosa, que o acompanhava. Sua canção, “Stop”, era cantada em esloveno.
24. Dinamarca apostou num grupo de rapazes, que geralmente canta para as meninas – adolescentes. Por sua vez, os rapazes optaram por um estilo soul, na tentativa de provar que falam para aquela, única garrota (que compra os seus CD’s), na música “Talking to you”. Raparigas de toda Europa agradeceram em grande pelas chamadas telefónicas.
25. Representantes da Polónia, Ivan & Delfin, cantaram a sua “Menina negra” em polaco e russo. As seus dançarinas eram uma mistura de espanholas com ciganas, os dançarinos eram parecidos com os gangsters do Chicago dos anos trinta e o refrão “nas ne dagoniat” (not gonna get us), era uma citação directa dos T.A.T.U. Musicalmente, a canção lembrava ora romance cigano, ora a canção prisional russa & soviética, tão popular na Rússia nos últimos 15 – 20 anos. Enfim, tenho a maior certeza, que muita gente na Rússia achou que “afftar jjot” (uma expressão idiomática, não traduzível para o português). Agora, eu não sei o que esperava Ivan dos europeus, provavelmente o bom moço, depositou toda a sua confiança, exclusivamente na solidariedade dos telespectadores russos. Mas ou os russos não assistiam a Eurovisão (se calhar estavam de ressaca da vitoria do CSKA na Taça UEFA), ou os seus votos eram pouco numerosos, de qualquer maneira, rapaz não safou-se.

E prontos, pelo meio, ainda houve muitas imagens bonitas da Ucrânia, alguns lugares lindíssimos nem nos conhecemos (ficamos com vontade louca de os conhecer)! Passamos dez minutos de espera angustiante, e finalmente chegou o veredicto: a lista dos dez melhores, que transitarão para o final do Eurovisão. Eis ela:

Hungria (actuara com número 1);
Roménia (número 4);
Noruega (número 5);
Moldova (número 7);
Israel (número 11);
Dinamarca (número 13);
Macedónia (número 15);
Croácia (número 18);
Suíça (número 22);
Letónia (número 23).

Dos dez países apurados, seis pertencem a Europa Central e Oriental, mais os da Suíça, que nasceram em Tallinn. No sábado, dia 21 de Maio eles vão se juntar aos restantes 14 países, que entraram no final directamente. No final vamos torcer pela Ucrânia e pelos seus representantes, grupo GreenJolly.
Recomendo: http://www.greenjolly.net/

P.S. Não sei, se depois do “êxito estrondoso” (estou citar o mesmo comentador português), que Rui & Luciana tiveram no Eurovisão, Portugal será representada no Eurovisão 2006. Mas de qualquer maneira, já não é sem tempo, de os jornalistas portugueses aprenderem pronunciar correctamente os nomes geográficos e pessoáis ucranianos: KYIV e não Kiév, rio DNIPRÓ e não Dniepr, VOLODÝMYR e não Vladímir, etc.

Saudações revolucionários e até sábado!

APELAMOS À TODOS OS PORTUGUESES, BRASILEIROS E AFRICANOS EM PORTUGAL E EM TODA A EUROPA, PARA VOTAREM NA UCRÂNIA E NO GRUPO GREENJOLLY !!!

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