Bar da Sociedade Ucraniana em Curitiba virou ponto disputado nos últimos três anos. Preço baixo e cardápio típico atrai quase 300 pessoas por dia.
Por: Cristiano Castilho (Gazeta do Povo)
É um portão vazado, espremido entre uma imobiliária e um salão de beleza. Um corredor comprido não sugere nada ao fundo, mas é uma porta à esquerda que conduz ao segredo: um amplo salão com assoalho de madeira e, sobre ele, mesas e cadeiras que em sua disposição lembram a naturalidade de algum clube do interior. Bem-vindo ao Barbaran (confira o serviço completo do estabelecimento), um bar que há três anos vem causando burburinho na Alameda Augusto Stellfeld e movimentando a sede da Sociedade Ucraniana, entidade histórica à qual está ligado.
Aos factos. Na última quinta-feira, 295 pessoas pisaram naquele chão encerado, comeram porções de varenyky – o delicioso pastel cozido ucraniano que nunca pode ser confundido com pierog, o polonês – e enxugaram 36 engradados de cerveja. Políticos, jornalistas, advogados, universitários e até os membros do clube, senhores que não dispensam um baralhinho, também estavam lá, ouvindo a MPB do Trio Lamara.
Hrin e pepino azedo
O varenyk e o pão com bolinho são especialidades do Barbaran. Veja as opções:
Pão com bolinho I – Pão francês, bolinho de carne e maionese / R$ 2,50
Pão com bolinho II – Pão francês, bolinho de carne, pepino azedo e hrin (raiz forte) / R$ 3
Pão com bolinho III – Pão francês, bolinho de carne, pepino azedo, hrin, queijo e apresuntado / R$ 4
Varenyk (Pastéis cozidos)
Recheios: batata com repolho e batata com requeijão.
Molhos: de carne, calabresa ou nata.
R$ 7 a porção com cinco unidades
Memória: Barbaran dedica grande espaço à cultura e à tradição ucraniana
A sede da Sociedade Ucraniana do Brasil no Paraná foi fundada em 1922. O bar foi aberto ao público em meados dos anos 1970 – antes era somente para sócios – mas nunca foi um ponto recomendado até que o curitibano Igor Mazepa Baran, 46 anos, assumiu o estabelecimento, há três anos. O bar funciona independentemente do clube, mas segue as tradições da casa.
Para justificar o grande movimento, de terça a domingo, detalhes. Na entrada, há um sofá e duas poltronas que cercam uma mesinha de mármore. É como se fosse a casa da vovó que faz pysankas. Sobre o grande balcão, uma coleção imensa de latinhas de cerveja – vazias – que dão ares de boemia àquele espaço. Os preços são uma atração à parte. E só dá os 10% quem quiser.
“O ambiente é descontraído, o pessoal se sente em casa aqui. Nossos serviços não são profissionais, no sentido do termo, e não tem nem placa lá fora para divulgar”, conta Baran, com sotaque já diluído.
Quintas, com o Trio Lamara, e terças, com um trio de jazz e choro que tem a presença ilustre de Saul Trumpet, são os dias em que a casa abre espaço para a música. Monta-se um palco ao lado do balcão e tudo começa com muita simplicidade. Aí varenyky, broa preta com raiz forte, cracóvia e a linguiça de Prudentópolis vendem a rodo.
Como diz Baran, o bar “respira cultura”. Isso porque a Sede da Sociedade Ucraniana tem três andares e abriga uma escolinha que ensina ucraniano, o coral, o grupo folclórico Barvinok – mais antigo do Paraná, de 1930 –, um salão de festas que faz Baraniuks, Turkewicz e Antoniuks dançarem até altas horas e um espetacular embora desconhecido museu, no último andar.
Dentro dele, roupas típicas, quadros, pinturas, livros de Helena Kolody, instrumentos, recortes e uma imensa mesa com pysankas de várias épocas. “Acho que essa fui eu que fiz”, diz Baran, apontando o indicador para uma delas. O museu permanece fechado a maior parte do tempo, mas visitas podem ser agendadas – veja serviço abaixo.
O Barbaran é um caso de sucesso por ser simples e, até certo ponto, previsível. Você sabe quem e o que encontrar. Já que não se mexe em time que está ganhando, Baran não prevê grandes mudanças no bar, propriamente falando, mas na ocupação do salão de festas para shows de grupos igualmente únicos. Uma vez por mês, o grupo curitibano Klezmorim irá se apresentar no espaço – a data de março ainda não está definida.
“Os ucranianos são assim, um povo que gosta de festa e que é muito religioso”, diz Baran, retirando um copo da janela, esquecido durante a movimentada noite anterior.
Serviço
Barbaran (R. Augusto Stelfeld, 795 - confira o serviço completo do local), + 55 (41) 3322-2912; + 55 (41)3322-2912; De terça à sexta-feira, das 16 à 1 hora (quarta até meia-noite). Sábados, das 11 às 20 horas. Domingos, das 16 às 21 horas. Entrada franca. Couvert (terças e quintas): R$ 6. Agendamento de visitas ao museu: + 55 (41) 3224-5597; + 55 (41) 3224-5597.
Conheca o Barbaran e seja bem vindo a Ykpaïna
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Bónus:
Gogol Bordello ao vivo no Coliseu do Porto 06/03/2011:
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