Recomendo ler o livro Contos de Kolima do escritor, poeta, pensador e dissidente russo Varlam Shalamov, editado em Portugal pelo Relógio D’ Água, ISBN 9789727081080, 10,10 €. A tradução para o português é do José Milhazes.
por: Daniel Zanella (ortografia do autor).
Encerro a página 101 de “A Paixão Pelos Livros”, compilação da editora Casa da Palavra sobre aficionados pela natureza da leitura. O autor russo pontua da seguinte forma sua relação carnal com os livros: “Lamento nunca ter tido minha própria biblioteca.”
Em pouco mais de vinte páginas, Chalámov narra sua saga noite adentro do urso feroz chamado Rússia, uma exposição seca – imersa em gravidade – e intensa do stalinismo, os anos de prisão na Sibéria, a rotina do cárcere, os parcos livros lidos entre algemas e trabalhos forçados nos campos de concentração. Comovente.
São palavras carregadas de dor, amargor e escuridão – letras capazes de apresentar as próprias esquinas sombrias do homem, a necessidade, a emergência de uma outra vida através dos escritores.
Ao contrário de Chalámov, não sei medir minha intensidade diante dos livros, mal sei de meus fantasmas. Sei de meu relicário particular de frustrações e anseios por caminhos que nem sei, os autores que me acompanham na jornada pagã das coisas cotidianas, a crônica que me persegue e me recria.
[Também sei medir minhas limitações literárias, apesar das ambições desmedidas. Tento ler e ser tudo.]
Ao decodificar esse russo de dentes escaldados também reflito sobre esse tempo presente tão escasso de lirismo e paixão pelos livros, as novas tecnologias à serviço de um tipo de leitor que desconheço, a celeridade e apego a tudo o que pode escoar por entre os dedos.
Chalámov queria uma biblioteca."
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Encerro a página 101 de “A Paixão Pelos Livros”, compilação da editora Casa da Palavra sobre aficionados pela natureza da leitura. O autor russo pontua da seguinte forma sua relação carnal com os livros: “Lamento nunca ter tido minha própria biblioteca.”
Em pouco mais de vinte páginas, Chalámov narra sua saga noite adentro do urso feroz chamado Rússia, uma exposição seca – imersa em gravidade – e intensa do stalinismo, os anos de prisão na Sibéria, a rotina do cárcere, os parcos livros lidos entre algemas e trabalhos forçados nos campos de concentração. Comovente.
São palavras carregadas de dor, amargor e escuridão – letras capazes de apresentar as próprias esquinas sombrias do homem, a necessidade, a emergência de uma outra vida através dos escritores.
Ao contrário de Chalámov, não sei medir minha intensidade diante dos livros, mal sei de meus fantasmas. Sei de meu relicário particular de frustrações e anseios por caminhos que nem sei, os autores que me acompanham na jornada pagã das coisas cotidianas, a crônica que me persegue e me recria.
[Também sei medir minhas limitações literárias, apesar das ambições desmedidas. Tento ler e ser tudo.]
Ao decodificar esse russo de dentes escaldados também reflito sobre esse tempo presente tão escasso de lirismo e paixão pelos livros, as novas tecnologias à serviço de um tipo de leitor que desconheço, a celeridade e apego a tudo o que pode escoar por entre os dedos.
Chalámov queria uma biblioteca."
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